Mari além de Fafá: Mariana Belém relembra infância em Belém e revela planos de expandir a Varanda

Em entrevista exclusiva ao O Liberal, Mari Belém fala sobre a infância em Belém, a relação com Fafá e o sonho de expandir a Varanda para o Arraial do Pavulagem

Matheus Viggo

Nascida em São Paulo, mas criada em Belém do Pará, a artista Mariana Belém carrega no sobrenome a capital paraense, onde passou sua infância e adolescência. Filha da cantora Fafá de Belém, que completa 50 anos de carreira, Mari, como é chamada carinhosamente por familiares, amigos e admiradores, fala em entrevista exclusiva a O Liberal sobre sua relação com a mãe, as curiosidades de sua vida e os projetos atuais e futuros.

A INFÂNCIA

“Eu falo que eu nasci em São Paulo só por uma questão de… Eu falava que minha mãe errou, né? Minha mãe deu uma errada e eu nasci em São Paulo. Mas eu não tenho memória afetiva de infância, memórias de crescer em São Paulo ou no Rio, que eu fui pro Rio com 20 dias. Todas as minhas memórias de infância são em Belém ou em Benfica, onde meu avô tinha um sítio. Então, as minhas memórias de aroma, de sabor, todas são Belém. Eu brincava na Praça da República, brincava na escadaria do Theatro da Paz. No fim da tarde, o meu avô trazia a tapioca, trazia um caracolzinho, que era muito característico na época, com um cremezinho dentro. Então, a minha infância mesmo, de subir em árvore, de ficar com a unha laranja, de descascar a pupunha, é Belém”, disse Mariana.

Filha de Fafá de Belém, uma das maiores cantoras da música brasileira, Mariana conta que demorou para entender que Fafá e Maria de Fátima, nome de batismo da cantora, eram a mesma pessoa. “Eu ia pra show, por exemplo, ela tinha músicas que ela cantava como ‘Bilhete’, que eram músicas que ela chorava muito, eu me enfiava embaixo da mesa e ficava assim, ‘quem tá fazendo mal pra minha mãe, o que tá acontecendo?’ Eu lembro nas Diretas Já, também, de ficar agarrada com a perna dela, pensando, que que essa galera toda aqui gritando pra minha mãe, que que ela tá soltando uma pomba? Eu não conseguia muito identificar. Eu acho que foi quando tinha uns, acho que uns 10 anos, assim, que eu comecei a entender que, ‘nossa, aquelas pessoas gritam pra minha mãe’ e que existe a Fafá e a Maria de Fátima, né? Uma é a extensão da outra, mas a minha mãe é a Maria de Fátima”, contou.

VEJA MAIS

image Fafá de Belém celebra 50 anos de carreira e revela disco de rock’n roll e projeto para Belém
Artista comemora cinco décadas de carreira com espetáculo no Theatro da Paz e planos inéditos para o futuro.

image Mariana Belém desabafa sobre ameaças sofridas por Fafá de Belém
Artista denuncia hostilidade e ofensas durante a passagem da Imagem Peregrina

image Círio 2024: Na Varanda, Fafá de Belém e artistas paraenses fazem homenagem à Nossa Senhora de Nazaré
Cantora e outros artistas locais celebraram a "Padroeira dos Paraenses" em um momento que já virou tradição da procissão

image Fafá de Belém e Mariana Belém (Imagem: Arquivo Pessoal)

 

 

“Eu não lidava bem com a risada da minha mãe, quando eu era pequena, obviamente eu morria de vergonha, porque qualquer criança tem vergonha da mãe, coisas aleatórias, e eu lembro que a gente foi assistir muitas vezes Irma Vap, que era o Nanine e o Ney Latorraca, e era muito engraçado, e a gente ia aqui no teatro em São Paulo, a gente foi umas sei lá quantas vezes, eu amava, e ela sentava, e ela dava aquelas gargalhadas altas, e eu queria morrer, e eu ia afundando assim, e as pessoas olhavam bravas pra trás, e não sei o que, mudavam de lugar no teatro, aí quando viam que era ela, voltavam pro lugar, porque o Nanine fazia uma piada. Cinema, eu queria morrer, e aí tem uma pessoa que fala, sua mãe tem uma risada tão maravilhosa, e eu ficava assim, gente, mas vocês já foram no cinema com ela? Aquela risada ecoa, naquela sala escura, e aí também, em apresentações da escola, sabe, eu já sabia onde ela estava sentada, porque ela gargalhava, e todo mundo olhava pra mim e ria, então, umas coisas que eu não sabia muito lidar com aquela risada tão expansiva, e graças a Deus que ela é desse jeito, né, porque eu já fui chamada de inadequada por uma pessoa que eu me relacionava, e eu olhei pra pessoa e falei, ‘graças a Deus, porque o meu berço foi esse, o inadequado, o pra fora, o expansivo, o que fala demais’, aí falam, ’mas você ri muito alto, você fala com a taça na mão', e eu falava, você conhece a minha mãe? Quer dizer, minha mãe, ela ri muito alto, minha mãe, ela é estabanada, e eu acho que eu herdei isso dela, a minha risada não é tão alta quanto a dela, mas se ser inadequada é carregar esse excesso, que seja, eu sou inadequada, então”, relatou Mariana Belém.

CANTORA X JORNALISTA

Mariana Belém começou a cursar faculdade de jornalismo aos 18 anos, mas acabou não concluindo, pois queria escrever e estava tendo aula de “História da Arte”, o que não teve paciência, segundo ela. E foi durante uma viagem à Suíça, presente de sua mãe, que passou dois anos morando na cidade, que Mariana começou a se conectar com a música. “Quando eu estava morando em Peru, na Itália, eu cantava para os meus amigos, a gente fazia noites, eu ganhava dinheiro, eles faziam, tipo, passavam chapéu para os meus amigos, eu fazia aula de canto lírico, depois fui para os Estados Unidos, aí eu voltei, eu entrei numa banda country, quando eu tinha 21 anos, eu entrei numa banda country por teste mesmo, porque eu só vivia em lugar country, passei e comecei a cantar num nicho que não tinha tanta imprensa em cima, não tinha tanta mídia, então eu conseguia errar, acertar, aprender naquele palco, né? E isso foi crescendo, foi quando eu fiquei longe daqui, longe dela (da mãe), que eu entendi a minha paixão por música mesmo, o quanto eu queria aquilo”, comentou.

image Mariana Belém como jurada do Canta Comigo, da Record (Imagem: rede social)

“Eu engravidei da Laura em 2010, não, 2011, ela nasceu em 2011, e eu ali fiquei muito dividida, porque eu comecei a escrever um blog, o blog começou a dar muito certo, ou seja, no final das contas, eu comecei a escrever como eu queria lá atrás de jornalismo, e aí, quando ela tinha meses, o blog tava voando, e eu tava assim, com uma credibilidade enorme nesse meio de blogs, eu tava financeiramente indo muito bem, e a música tava como um anexo, e aí eu fui entender que eu amava música, mas não necessariamente eu amava a carreira”, contou a artista, que chegou a gravar um álbum em Belém quando tinha 29 anos, mas que nunca foi lançado. “O sonho da minha mãe é lançar esse álbum, nem que seja pelas minhas costas, ela já falou isso, porque é um álbum lindo, que tem músicas de vários compositores paraenses, muito bonito”, revelou.

CARREIRA NA TELEVISÃO

Mariana Belém tem uma forte relação com a televisão. Atualmente, é apresentadora do QG MasterChef, onde recebe os eliminados do reality gastronômico da Band, além de ter sido jurada nas temporadas do reality musical “Canta Comigo”, da Record. A artista participou da terceira temporada do extinto reality “Fama”, apresentado por Angélica na TV Globo, em 2004. Aos 24 anos, ela foi a quinta eliminada do programa. “Televisão é uma coisa que eu tenho paixão, eu fiz o Fama em 2004, morava naquela casa que era a casa do Big Brother, com pay-per-view, mas essa parte do reality, para mim, na minha opinião, é uma por vida, sabe? Já está bom para mim, na minha época não tinha Twitter, não tinha Instagram, não tinha TikTok, então a gente podia errar mais sem ser muito crucificado”, contou. “E eu queria entrar como eu, eu entrei como Mariana Pereira, então óbvio que com o tempo iam saber que eu era filha da minha mãe, mas eu não queria essa exposição dentro da casa onde eu estava, para que isso não contasse contra mim. No final das contas, a casa me defendeu logo no primeiro paredão que teve, que o público me julgou como filha da Fafá e já me colocou, e isso me deu um respiro dentro da casa, quando eu acho que o público viu que a casa me defendia e que eu não estava lá com nenhum privilégio, eu ganhei um respiro. Eu saí na sexta semana, 6 de 10, mas em termos de aprendizado foi inacreditável”, comentou.

Este ano, a TV Globo estreou o “Estrelas da Casa”, uma mistura de Big Brother Brasil com o Fama, reality que Mariana participou. “Talvez o Estrelas da Casa tenha ido um pouco contra o que as pessoas esperavam, por colocar artistas que viviam sua arte em provas como as do Big Brother, porque eu acho que não tinha muito isso, e o Fama não tinha. No Fama, a gente só aprendia, cantava, tinha uma academia, a gente ficava o dia inteiro tocando violão e fazendo tipo sarau, era uma coisa da música mesmo, que obviamente tinha seus enredos”, afirmou. “Eram artistas convivendo, como pessoas, mas em prol da arte que a gente tinha ali, então eu tenho muita saudade, eu acho que deveria repetir o Fama no formato que era, e não tentar inventar uma coisa nova, porque o Fama deu muito certo”, completou.

image Mariana Belém no Fama, em 2004 (Imagem: TV Globo)

“Para mim, a Ana Clara é das maiores da televisão, hoje eu acho ela fantástica, eu acho que ela tinha que ser apresentadora de Big Brother, eu acho que ela tinha que ser tudo, e ela ficou numa situação muito estranha, num programa novo, e ela para mim foi a melhor coisa do programa. Mas um programa tão rico, você tinha a Glória Groove entrando, você teve a Katy Perry entrando, e mesmo assim foi um programa que não vingou, porque eu acho que você não quer ver uma pessoa que está ali pela arte andar de hot dog tomando ketchup na cara. Você não vê a Ivete passando por isso, você não vê a Marisa Monte passando por isso, você não vê, entendeu? As pessoas que a gente de repente se espelha, você não vê a Glória Groove passando por isso, em qualquer tipo de geração de artistas, você não vê as pessoas se humilhando por conta da música, você vê as pessoas querendo criar, e eu acho que isso foi uma coisa que não ornou, vamos dizer assim. Deixa isso para Big Brother, dá certo lá, mas arredondar mais, eu acho que o programa tem um potencial incrível, justamente porque parece muito com o Fama que eu fiz”, opinou.

Para Mariana, participar do Fama foi o suficiente, e ela não participaria de outro reality de confinamento, como o Big Brother. “Eu acho que hoje em dia, ainda mais com duas filhas, eu não ia aguentar ficar longe delas, mas eu acho que hoje em dia, tem os cortes que as pessoas às vezes tiram de contexto, isso acontecia em qualquer edição do Fama também, mas isso não viralizava. Às vezes você fala uma coisa sem a menor intenção, e num contexto X, aquilo é mostrado num outro contexto, e aí gera uma agressividade gratuita de uma galera, um hate, uma coisa que eu estou de boa para passar por essa vida. A gente já sabe tanto o hate de uma minoria, por exemplo, durante a varanda de Nazaré, que é tão desnecessário, e se eu fizer isso nacionalmente, eu acho que não é muito para mim, não. Eu vou continuar na minha vida de televisão, mas sem a parte reality, e olha que eu sou uma louca por reality”, disse.

VARANDA DE NAZARÉ

Segundo Mariana, a Varanda de Nazaré, realizada por Fafá de Belém, nasceu após a mãe questionar o porquê de os telejornais cobrirem somente a festa de Nossa Senhora de Aparecida, em São Paulo, que reúne cerca de 100 mil pessoas, e não também o Círio de Nazaré, que reúne mais de 2 milhões de pessoas nas ruas de Belém. “Eu sei que a Aparecida é a padroeira do Brasil, está tudo certo, não é um espaço ou outro, mas vamos mostrar também o Círio, então há 14 anos, ela decidiu fazer isso, e literalmente começou numa varanda de um amigo dela, que juntou-se pessoas e cada ano foi crescendo”, comentou.

“Sinceramente, minha mãe não tinha que fazer nada disso, porque para ela, ela trabalha para caramba, ela já podia estar em casa, quieta, com a perna para cima, mas ela tem nisso uma missão, de, como ela mesma diz, devolver à terra aquilo que o nome da terra deu para ela, e tudo que a terra deu para ela, porque ela só é quem ela é, pela maneira como ela foi criada, e por tudo que ela é culturalmente rica, por ter nascido no Pará. Então, esse sempre foi o objetivo, e aí cada ano a gente tinha uma verba maior para trazer mais gente, e aí você vê que são passagens aéreas, é hotel, são os passeios, é aquela estrutura com comida, a questão não é só mostrar o Círio”, comentou Mariana, se referindo aos eventos que a Varanda de Nazaré realiza, como a visita às ilhas, o Sarau e o Fórum da Amazônia, realizado pelo segundo ano consecutivo em 2024, proporcionando aos convidados uma experiência e vivência na cultura paraense.

image Mariana Belém na Varanda de Nazaré (Imagem: Arquivo Pessoal)

A cada ano, a Varanda de Nazaré, que começa a ser planejada em março, traz artistas e personalidades para conhecer e participar do Círio de Nazaré. Um dos nomes que Fafá de Belém sempre tenta trazer é a jornalista Maria Beltrão, apresentadora do É De Casa, da Globo, além do apresentador Marcos Mion, da cantora Preta Gil e do ator Tony Ramos. Um dos projetos da Varanda é não acontecer somente em outubro, mas também em outras épocas do ano, como durante o período do Arraial do Pavulagem, realizado em junho. “A gente quer muito fazer isso, a gente fala disso há uns dois anos, é que como a varanda toma muito da gente, no sentido de muito trabalho envolvido ali, a gente tem que ter uma maneira de não perder todo o empenho para o Círio e fazer outra coisa sem tirar esse trabalho todo que a gente tem, mas a gente vai chegar nesse formato, com certeza, que a gente quer muito fazer”, revelou.

FUTURO

Para o futuro, Mariana Belém planeja seguir apresentando seus projetos na Band, quer participar do Canta Comigo, da Record, e gostaria de ter um game show. “Eu gosto muito de fazer matéria na rua, porque eu gosto muito de conhecer pessoas e entender como as coisas acontecem, os bastidores das coisas, mas eu acho que na TV mesmo, acho que um game, eu ia adorar apresentar um game com música de repente”, contou. Um dos lugares preferidos de Mari em Belém é a Estação das Docas, e um desejo da artista é passar um mês no Pará junto com as suas filhas e visitar Alter do Chão, o Marajó, além de Bragança, na Festa de São Benedito.

Sobre como se vê daqui a 10 anos, Mariana fala sobre viajar pelo país e, quem sabe, acompanhada de um amor. “Eu me vejo muito ainda trabalhando, obviamente, sou filha da minha mãe, minha mãe só vai parar de trabalhar o dia que ela realmente não estiver mais aqui, porque não tem como, mas eu acho que eu me vejo viajando bastante por esse país nosso, assim, que as pessoas às vezes privilegiam, ou por questão de grana é mais barato ir para fora daqui, mas eu almejo, daqui a 10 anos, ter conhecido muito mais do nosso país e ter mostrado muito mais do nosso país para minhas filhas, estar estabelecida, né, de repente, um namorado, alguém, então ainda, não, agora não posso falar sobre o meu status, mas se Deus quiser, agora vai, agora vai, Brasil”, contou Mariana.

image Mariana Belém e família (Imagem: Arquivo Pessoal)

ASSISTA A ENTREVISTA COMPLETA:

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Celebridades
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM CULTURA

MAIS LIDAS EM CULTURA