Espetáculo de Ana Marceliano estreia em comunidades ribeirinhas de Belém com entrada gratuita

A peça estreia na sexta-feira (21), no Mercado Ver-o-Peso e em Outeiro, e sábado, (22) na Ilha do Combu. Veja quais são os horários

Amanda Martins

Inspirado na sabedoria ancestral das ervas e rezas da Amazônia, o espetáculo Quem Procura Cura”, estreia em temporada ribeirinha, levando a história cômica da curandeira Darcy para as comunidades próximas a Belém, com entradas gratuitas. A peça começa sexta-feira  (21), no Mercado Ver-o-Peso e em Outeiro, e sábado (22),  na Ilha do Combu, respectivamente, às 16h, 20h e 10h. 

O espetáculo, escrito e interpretado pela atriz e pesquisadora Ana Marceliano, mergulha na Amazônia, um lugar com maneira única de cuidar da saúde, combinando a potência da flora e fauna com tradições caboclas. Nesse universo, Ana dá vida a personagem Dacy, uma curandeira que mistura humor ácido e práticas ancestrais em seu "consultório de psicologia popular de rua".

“A personagem é uma mulher curandeira atrapalhada, ela tem boas intenções, mas se atrapalha em passar o remédio, até porque o saber dela não é muito valorizado e ela acaba  esquecendo. O espetáculo trata desse conflito, o apagamento desses saberes e, ao mesmo tempo, essa resistência em praticá-los apesar do descrédito que se cria sobre estas práticas”, diz Ana, que há quase dez anos desenvolve trabalhos a partir da linguagem da bufonaria.

Ao longo da peça, o público acompanha Darcy realizando consultas espirituais, psíquicas, materiais e motivacionais de forma cômica, prometendo curas para todos os males. Quando um atendimento requer magia mais poderosa, ela recorre à sua mãe, uma anciã curandeira, e à sua avó, uma cobra-coral chamada Honorata. Ambas são personagens que a atriz traz à vida com máscaras e adereços, revelando suas sabedorias antigas e métodos atabalhoados.

Marceliano explicou que o espetáculo aborda a cura por meio dos remédios caseiros e das propriedades das plantas, enfatizando a conexão íntima entre as comunidades amazônicas e a natureza. "A gente escolheu as ilhas porque é um ambiente onde o cotidiano das pessoas continua entrelaçado à natureza, muito forte," afirmou Ana, frisando que o objetivo da peça  é ouvir das comunidades sobre suas práticas de cura e promover uma troca de experiências.

O espetáculo também inclui rodas de conversa e interações com as erveiras do Ver-o-Peso, que possuem vasto conhecimento sobre plantas medicinais. "Queremos trocar experiências e conhecimentos com elas, que são mestras desse saber," complementou a atriz.

A peça explora as tradições de cura matriarcais, passadas de geração em geração por mulheres da família. "O espetáculo fala muito dessa maternidade, dessa ancestralidade matriarcal," destacou  Ana, expressando o desejo de que o público se identifique com as figuras familiares representadas.

Para a atriz, a peça mostra a  importância de preservar esses bens culturais intangíveis da Amazônia e faz um alerta contra o apagamento dessas tradições pela indústria farmacêutica. "Essas curas têm dado manutenção para as populações amazônicas durante todos esses anos," explicou Ana, defendendo a valorização e preservação dessas práticas.

O espetáculo, um solo da personagem Darcy, usa a bufonaria, uma linguagem teatral que mistura comicidade e grotesco. "É um espetáculo de bufonaria, que trabalha com comicidade e o grotesco também dentro da comicidade," explicou Marceliano.

Inspirada por suas memórias de infância,  Ana contou que o espetáculo reflete suas próprias experiências com as práticas de cura. "Ele é inspirado nas figuras maternas das mulheres que conheci e que trabalhavam com essas curas," disse ela, relembrando as práticas de cura em Belém e Alenquer.

O objetivo do espetáculo é proporcionar diversão e risadas ao público, visto que o riso também é uma forma de cura. "A expectativa é que as pessoas consigam se divertir, que possam dar boas gargalhadas," concluiu a atriz,  destacando que o riso e a leveza são essenciais para uma vida melhor.

Além de ser selecionado pelo Edital Lei Paulo Gustavo, o espetáculo faz parte da pesquisa de mestrado de Ana Marceliano na Universidade Federal do Pará, intitulada "Atos Performativos de Cura - Memória, Riso e Subjetivações Cabocla em Belém do Pará". A peça também conta com a colaboração de Wlad Lima, Ivone Amorim, Aníbal Pacha, Tainah Fagundes e Ruber Sarmento.


Serviço:

Temporada ribeirinha do espetáculo "Quem procura Cura":


Dia 21 de junho (sexta)

  • Local : Mercado do Ver-o-Peso;
  • Hora : 16h;
  • Gratuito.


Dia 21 de junho (sexta)

  • Local : Outeiro - Fundação Escola Bosque;
  • Hora : 20h;
  • Gratuito.


Dia 22 de junho (sábado)

  • Local : Combu - Centro Comunitário de Piriquitaquara;
  • Hora : 10h;
  • Gratuito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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