Carla Maués confirma agressão de Ximbinha: 'Me chamou de vagabunda, que eu não queria trabalhar'
Ex-vocalista do Cabaré do Brega disse que antes da agressão verbal já estava sofrendo assédio moral e sendo perseguida, e que vai processá-lo
"Foi verbal. Não precisa bater para agredir uma pessoa", declarou a cantora e compositora Carla Maués sobre a denúncia do ex-deputado e amigo pessoal Wladimir Costa, que afirmou que o músico Ximbinha agrediu a cantora em dezembro de 2019.
Em entrevista exclusiva para O Liberal, Carla confirmou ter sido agredida por Ximbinha, dono do projeto "Cabaré do Brega", no qual ela foi vocalista por quase dois anos.
A agressão ocorreu no dia 11 de dezembro, em um estúdio de Belém, conta Carla. "Me chamou de vagabunda, filha da..., disse que eu não queria trabalhar, mas isso aos berros, num surto (...) Eu só tremia e chorava. Fiquei em estado de choque".
Segundo a cantora, a cena foi presenciada pelo dono do estúdio Dedê Borges e pelo cantor Edilson Moreno, além da filha dela, de seis anos, que ficou abalada. Após o ocorrido, Carla cumpriu os shows com Ximbinha que já estavam pré-agendados e, logo após isso, deixou o projeto, no qual estava sem contrato assinado. "Eu precisava trabalhar".
"Eu só tremia e chorava", diz Carla Maués
No dia da agressão, a cantora disse que havia sido dispensada de comparecer ao estúdio, por meio de mensagem enviada pela atual esposa de Ximbinha e responsável pela produção da banda. No entanto, recebeu um chamado do músico para comparecer às pressas ao estúdio e acabou levando a filha, pois estava na rua cuidando de assuntos pessoais. Lá chegando, foi avisada que o grupo gravaria um DVD, mesmo sem ensaiar, e Ximbinha mandou que a criança fosse levada do local, mas não foi atendido. Dos vocalistas do projeto, apenas Carla Maúes e Edilson Moreno compareceu ao estúdio.
Carla disse ter sido agredida quando falou que não poderia gravar e, quando a agressão teve início, pediu para que Edilson Moreno retirasse a criança da sala, enquanto ela própria foi retirada por Dedê Borges, que tentava acalmá-la enquanto Ximbinha seguia gritando sozinho e socando as paredes do estúdio. "Eu só tremia e chorava. Fiquei em estado de choque".
Carla Maués disse que foi a primeira vez que Ximbinha "surtou" com ela, mas que ele costuma ter problemas similares com outros integrantes do grupo, o que motivou a saída de alguns músicos, e se apresentava de forma mais grave em relação às mulheres, no caso, ela própria e as dançarinas.
Assédio moral em público
Carla revelou que já estava sofrendo assédio moral por parte do guitarrista, que chegou a xingá-la de "feia" e "gorda", em público, além de dizer que a voz dela é "ruim", que "não presta" e que "não é comercial".
"Era muita humilhação. No palco, (Ximbinha) me apontava e ria. Falava que eu tava feia, que tinha bunda enorme, parecia uma tacacazeira. Horrível. Fui muito humilhada. Perdi a alegria. Eu voltava para casa chorando", descreve Carla.
A cantora disse ainda que, quando estava em casa, não queria sair da cama e que os últimos oito meses de 2019 foram os mais difíceis, pois não conseguia se cuidar e fazer dieta, e que acabou engordando oito quilos devido à autoestima abalada. "Tô emocionalmente destruída".
Carla encontrava amparo nos demais integrantes da banda: "Todo mundo me acolhia, músicos, cantores e bailarinos (...) diziam que eu não merecia isso". Ela afirma que os outros integrantes não escapavam do assédio, inclusive os vocalistas, que ouviam estarem "gordos" e "velhos", que estavam "em fim de carreira" e que deveriam agradecer ao próprio Ximbinha pela oportunidade de estarem trabalhando.
Processo e perseguição
Carla anunciou que está analisando com um advogado as providências jurídicas que tomará contra Ximbinha, especialmente por conta da agressão, e que também está buscando tratamento psicológico.
No primeiro contato telefônico com a reportagem de O Liberal, nesta quarta-feira (15), Carla disse que iria à uma delegacia, pois, conforme detalhou posteriormente, recebeu o telefonema de um delegado de Ananindeua para comparecer à unidade policial ainda hoje às 15 horas. No entanto, o advogado a orientou a comparecer somente quando for intimada oficialmente. Ela ainda não registrou queixa contra Ximbinha.
A cantora também acusa Ximbinha de ter procurado dois pretensos empresários interessados em administrar a carreira solo dela, após a saída do Cabaré do Brega. Ximbinha teria dito a eles que a cantora teria um contrato com a banda, cuja cláusula rescisória estabelece multa elevada a ser paga. No entanto, Carla nega que tenha assinado a proposta de contrato.
A reportagem de O Liberal entrou em contato com a assessoria de Ximbinha para comentar sobre o assunto e aguarda o posicionamento.
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