Cantora e compositora Karimme Silva lança EP 'Karibé' e defende a cultura do Norte
O lançamento marca 10 anos de carreira da artista, que une teatro e música no palco.
A música e o teatro são irmãos e companheiros de longa data. No Pará, a produção musical conta com vários nomes que mesclaram as duas linguagens em suas formações, como Walter Bandeira, Fafá de Belém e Nilson Chaves. A artista Karimme Silva, atriz, cantora, compositora e pesquisadora, faz parte dessa linhagem, e lança nesta sexta-feira (22) seu primeiro EP solo, “Karibé”. O trabalho marca os dez anos de carreira de Karimme e reúne cinco canções que passeiam pelas temáticas de pajelança, dança, ancestralidade, celebração.
"O estilo de ‘Karibé’ é a Música Popular Nortista Brasileira. Acho importante demarcar o Norte nesse lugar que muitas vezes foi - e é - esquecido na MPB. Para mim, a MPB tá no brega, no samba, na batucada, no carimbó, no maracatu, no coco, no forró pé-de-serra, em tudo aquilo que é sonoramente popular e alcança uma coletividade. A ideia de MPB ficou muito centrada no Sudeste que não está sozinho no Brasil. Nós somos o Brasil e a nossa música é popular, pois vem das relações e conexões do povo brasileiro", diefine Karimme.
Cria das artes cênicas, Karimme conta que foi o teatro que a levou até a canção. Com uma proposta de trabalho envolvendo performance sonora, Karimme, que é doutoranda em Artes pela Universidade Federal do Pará, é também uma das fundadoras do projeto musical Manto, no qual atua como compositora e intérprete desde 2017.O projeto nasceu de uma parceria com o multiartista paraense Mateus Moura. O encontro da dupla gerou frutos, como diversos shows e um disco lançado em 2021, que entrou na lista dos 25 melhores álbuns independentes daquele ano, segundo o site Hominis Canidae, especializado em música.
“Nesses anos de trabalho com o Manto, entendi que esse meu estado performático vem de uma trajetória como atriz há mais de 10 anos. O teatro é minha primeira raiz e é o que pretendo seguir levando para o futuro no que desenvolvo: essa presença cênica viva do corpo-voz”, destaca a artista.
Como elemento fundamental do EP, o nome, “Karibé”, é o apelido de infância de Karimme. Em suas cinco canções, o trabalho saúda os antepassados da autora, dialoga com seus guias, e abre caminhos a partir da narração da própria história - que se conecta com as memórias de todo amazônida.
“Este trabalho surge da necessidade de recontar diversas histórias ligadas às minhas raízes familiares, à relação com minha mãe e meu avô. Aqui no Norte existe um tipo de memória que é individual e, ao mesmo tempo, muito coletiva: essa relação com avós, essa coisas de ouvir ‘causos’ e outras histórias, a coisa de ter família que veio do interior do Pará, as viagens de barco nos nossos rios, o significado de tomar bença dos mais velhos. Acredito que, em tudo isso, as nossas memórias se encontram, partindo de uma perspectiva amazônida”, afirma.
O EP traz a participação da artista Carol Magno, parceira de composição na canção Gira/Gyra, lançada como single em junho de 2024 e repaginada para o lançamento do disco. No trabalho, a voz de Karimme é acompanhada pelos violões de Thales Branche (que também é diretor vocal); o baixo de Helênio Cézar; e as percussões de Kléber Benigno (Paturi). Contemplado pelo Edital Multilinguagens da Lei Paulo Gustavo (2023) na Categoria Música, o disco tem a produção musical de Karimme Silva e Thiago Albuquerque, que também assina a gravação, mix e master, no Studio Z.
O pocket show de lançamento que apresenta o EP Karibé para o público será no dia 29 de novembro, no Teatro Universitário Cláudio Barradas, na programação do Sonoracena - 1º Encontro de Técnicas e Poéticas do Som em Cena.
Serviço:
Lançamento do disco Karibé nas plataformas digitais, dia 22 de novembro.
Pocket show de lançamento será dia 29 de novembro, às 19h, no Teatro Universitário Cláudio Barradas, localizado na Rua Cônego Jerônimo Pimentel, nº 546 - Umarizal. Entrada franca.
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