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Campanha busca recursos para tratamento de Mestre Sabá, um dos ícones do carimbó

Aos 69 anos, esse mestre da cultura popular de Santarém Novo, no nordeste paraense, enfrenta problemas de saúde e tem a ajuda de familiares, amigos, de uma rede de mestres e admiradores de seu trabalho pela cultura amazônida

Eduardo Rocha

No último dia 11 de setembro completaram-se dez anos do registro oficial do carimbó como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, pelo governo federal, reforçando a declaração já existente como Patrimônio Cultural e Artístico do Pará. Seria lógico e justo que os mestres ainda em atividade que lutam para manter viva a tradição dessa manifestação genuinamente paraense pudessem contar com a mesma deferência e respeito, além de terem a sua arte valorizada. Todavia, não é o que se vê quando se busca informações acerca desses artistas. Muitos deles enfrentam sérias dificuldades para se manter, assim como o seu ofício.

Esse é o caso de Sebastião Almeida da Silva, 69 anos, o Mestre Sabá, que confecciona instrumentos usados nas rodas de carimbó. Com ajuda de familiares, amigos e admiradores de seu trabalho, que se uniram em torno de uma campanha nas redes sociais, ele busca atendimento médico e tratamento na rede de saúde da capital, por conta de complicações cardíacas que o deixam com falta de ar e dores no peito.

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Ainda na tarde desta quinta-feira (19/9), Mestre Sabá se encontrava em observação em um hospital no município de São Miguel do Guamá, onde conseguiu ser atendido após percorrer várias unidades de saúde. O diagnóstico médico indica que o músico e artesão apresenta problema pulmonar e renal.

Após ter sido medicado, ele foi liberado e permanece agora na casa de familiares recebendo a prescrição feita em caráter paliativo e emergencial. Nos próximos dias ele será submetido a novas consultas e exames.

O produtor cultural Isaac Loureiro, integrante da Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, é um dos que acompanha com atenção a situação de Mestre Sabá, que nasceu e vive no município de Santarém Novo, no nordeste do Pará. Pescador, agricultor, artesão, carpinteiro e mestre confeccionador de instrumentos musicais como o curimbó (tambor característico do carimbó), maracas e reco-reco, entre outros, Sebastião é um dos precursores do ritmo na sua região.

Além dos instrumentos tradicionais de carimbó, ele ainda produz pássaros, peixes e bichos de madeira. "A arte de Mestre Sabá tem uma profunda dimensão simbólica e ecológica, em sintonia com a natureza, que ele considera sua grande fonte de inspiração e sabedoria", destaca Isaac Loureiro. 

Também integra a Irmandade de São Benedito, de Santarém Novo, que tem mais de 200 anos de história e cuja festividade em homenagem ao santo acontece no mês de dezembro. Mestre Sabá é o guardião dos saberes dos instrumentos dessa Irmandade.

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"A técnica do Mestre Sabá de confecção dos instrumentos é singular, porque eles não têm metal, não têm tarracha. É uma técnica que utiliza madeira, corda e couro, de origem africana", ressalta Isaac. "Ocorre que o mestre está doente, tem água nos pulmões e existe a suspeita de problema cardíaco. Ele vinha se queixando nos últimos dias, então os filhos o levaram para um hospital em Salinas, no domingo (15). Mas, lá não tinha equipamento para ser fazer o ecocardiograma. Então, eles voltaram para Santarém Novo, e depois foram para Castanhal, para fazer um exame médico pago. Agora ele está em São Miguel do Guamá, onde foi consultado e está em observação para se saber o que ele tem", relata o produtor.

Por conta da falta de ar e das dores no peito, Mestre Sabá precisou parar de trabalhar, pois se cansa ao menor esforço. "Pelo fato da família dele ser de baixa renda e como ele está encontrando dificuldade para receber atendimento na rede pública, iniciamos uma campanha para arrecadar recursos a fim de viabilizar o atendimento que ele necessita, incluindo despesas com exames, consultas e deslocamentos", explica Isaac.

Mestre Sabá é aposentado e integra o grupo "Os Quentes da Madrugada", grupo da Irmandade de São Benedito, de Santarém Novo, com o qual já viajou o Brasil todo. Quem quiser contribuir com a campanha pode fazer sua doação por meio da chave PIX (91) 988533972 (celular), em nome de Lucivana Alves Carrera, esposa de Léo, filho do mestre.

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