Belém e Marajó são destinos de turismo gastronômico

Programação reúne chefs, professores e estudantes que vêm conhecer os ingredientes amazônicos

Enize Vidigal
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Belém recebeu o título de Cidade Criativa da Gastronomia, concedido pela Unesco, em 2015, mas muito antes disso já era destino de turismo gastronômico. Os atrativos são os ingredientes inusitados, como o jambu, tucupi, maniva cozida, queijo do Marajó, peixes de água doce e as frutas regionais, usados em pratos e sobremesas exclusivos com receitas herdadas de antepassados negros e indígenas, que são reproduzidas pelas famílias há muitas gerações.

Nesta terça-feira, 24, um grupo de 15 chefs de cozinha, professores e estudantes de gastronomia e cozinheiros amadores de várias partes do Brasil, incluindo um dos Estados Unidos, desembarca em Belém, para uma visita de seis dias pela região Metropolitana e o Marajó.

Eles vêm conhecer o processo de fabricação do chocolate da Dona Nena, na Ilha do Combu; o processamento do açaí em Belém; a fabricação de farinha em Santa Isabel do Pará; a produção de carne e queijo de búfalo, bem como a extração e o preparo do turu, no Marajó.

Os visitantes terão aulas práticas de cozinha e de técnicas artesanais de produção de alimentos, degustação, passeios na natureza e contato com moradores locais. O grupo é conduzido pelo Food Safari, que realiza expedições de gastronomia pelo Brasil, sob a curadoria do chef Paulo Machado, sul matrogossense radicado em São Paulo.

A chef Célia Alves, do Mato Grosso, vem pela primeira primeira vez a Belém. "Estou animadíssima porque é uma oportunidade de conhecer a gastronomia paraense. Já tinha sido convidada por amigos e conheci (a comida do Pará) na aula da pós-graduação em Chef de Cozinha Brasileira. A gastronomia paraense é riquíssima, é a cara do Brasil. É um lugar onde pretendo aproveitar o máximo", conta, entusiasmada.

image Os visitantes vêm conhecer pratos típicos do Pará, como o tacacá, estão na programação da expedição Food Safari (Divulgação)

Ela já provou o tacacá e bolos feitos com frutas regionais. Célia viaja acompanhada de dois amigos, sendo um outro chef e uma professora de gastronomia. "Estamos todos muito animados. Tenho certeza que vai ser gratificante. Sei que vou gostar. Já planejei a volta para o Círio do ano que vem", afirma.

Na abertura da programação, nesta terça-feira, os turistas têm um bate-papo com a chef Daniela Martins, no restaurante Lá em Casa, na Estação das Docas, durante jantar para a degustação de espécies de peixes. Na quarta-feira, eles seguem para a comunidade Espírito Santo do Itá, em Santa Isabel do Pará, onde irão conhecer todas as fases da produção da farinha, desde a mandioca sendo descascada, posta de molho, ralada, espremida no tipiti e, em seguida, torrada. Os visitantes também poderão ver de perto a produção da goma, da tapioca e do tucupi, além de degustar chibé, farinha torrada, beiju, tapioquinha e cuscuz.

No mesmo dia, o grupo segue para o almoço na ilha do Combu, onde experimenta uma caldeirada de filhote em um restaurante do lugar. Ainda no Combu, visita a casa de Izete Costa, conhecida como Dona Nena, onde conhecerá o quintal dela com as árvores frutíferas da Amazônia, incluindo os pés de cupuaçu e de pupunha, e a plantação de cacau da qual é extraída a matéria-prima dos chocolates orgânicos que ela fabrica artesanalmente no local. Os turistas também irão aprender o processo de fabricação do chocolate e degustarão os diferentes produtos derivados do cacau que ela confecciona.

Na quinta-feira, a expedição visita a Feira do Açaí e o Mercado Ver-o-Peso para conhecer o processamento do açaí e os principais ingredientes amazônicos. O almoço será no Point do Açaí, onde irão degustar o açaí com peixe frito. O grupo segue na mesma data para Soure, onde vai haver uma aula-degustação conduzida pela banqueteira conhecida do lugar, Dona Rosa. Ela vai ensinar o preparo do pato no tucupi, do tacacá e do arroz com jambu, além de orientar sobre a manipulação desses ingredientes.

À noite, o chef Bola, do restaurante Sola do Bola, promove outra aula-degustação dos pratos filé à marajoara (com produtos de búfalo), peixe ao molho de pupunha, bolinho de pirarucu e caranguejo. Na sexta-feira, ainda no Marajó, o grupo visita um frigorífico e curtume de couro de búfalo para conhecer os derivados desse animal e, logo depois, conhece uma queijaria para aprender o processo de manipulação do leite, coalho e confecção do queijo do Marajó feito com leite de búfala. Na sequência, os turistas irão dar uma pausa para um banho na Praia do Pesqueiro, para, na sequência, visitar uma comunidade que vai apresentar a técnica de extração do turu. A iguaria será preparada pela associação de mulheres para a degustação.

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