Alane Dias e Isabelle Nogueira representam culturas do Norte como Rainha das Rainhas e Cunhã-poranga
Participantes do reality exaltam a beleza e a força feminina nos festivais tradicionais de seus estados Pará e Amazonas
Duas participantes de grandes festivais do Norte do Brasil integram simultaneamente o Big Brother Brasil deste ano. Alane Dias, de Belém, e Isabelle Nogueira, de Manaus (AM), são dançarinas e representam a força feminina e a cultura da região dentro do programa. A paraense é campeã do concurso Rainha das Rainhas, da edição de 2018. Já a amazonense retrata a cunhã-poranga do boi Garantido, desde 2018, no Festival de Parintins.
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O concurso que Alane venceu, o Rainha das Rainhas, surgiu em 1947 e ganhou visibilidade nacional no ano de 1973. Na disputa, as representantes dos clubes participantes da capital utilizam fantasias que retratam a crença e a beleza da mulher paraense, além de evidenciar o empoderamento feminino. As candidatas são julgadas por vários quesitos, como beleza, fantasia e performance, que juntos transformam a campeã na rainha do carnaval do Pará.
Por conhecer o potencial da bailarina e modelo, o estilista Karlos Amilcar acreditou desde sempre que Alane poderia vencer o concurso. Para ele, a paraense pode ser classificada como uma pessoa focada, extremamente determinada e alegre. Karlos vê no Brasil um país com muita diversidade, especialmente nas culturas de uma mesma região.
Ele comemorou ao saber que mulheres importantes para duas grandes manifestações artísticas estavam no mesmo programa e acredita que as jovens retratam a pluralidade do Norte para o resto do país.
“Mesmo sendo eventos culturais diferentes, elas fazem a performance conforme a fantasia ou traje e vestem o personagem. Além de serem segmentos artísticos diversos, eu acho que a mulher amazônica tem uma energia que transcende tudo”, diz.
O Festival Folclórico de Parintins foi criado, em 1965, para angariar recursos para a conclusão da obra Catedral de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade. A festa popular possui o título de Patrimônio Cultural do Brasil e acontece anualmente na última semana de junho, no bumbódromo de Parintins.
Em Parintins, disputam os bois Garantido e Caprichoso. A personagem indígena representada por Isabelle é um item oficial do festejo. A definição de cunhã-poranga, no regulamento do Festival Folclórico de Parintins, é de “moça bonita, guerreira e guardiã que expressa força através da beleza”. Durante o desfile, a cunhã é avaliada pelo júri, que leva em consideração a beleza, movimentos, simpatia e indumentária para dar a nota final.
A jornalista Doris Rios, natural de Manaus, torce para o boi Caprichoso e relembra a união das duas torcidas para comemorar a entrada da participante do Amazonas no time Pipoca. Ela conta que, nesse momento, a rivalidade foi deixada de lado e a felicidade em ver alguém do estado no reality show sobressaiu.
“Foi muito linda a mobilização que nós amazonenses fizemos. Nos unimos para a Isabelle realizar o sonho dele a e dar visibilidade à nossa cultura e, principalmente, ao festival. Estamos todos felizes e orgulhosos dela lá dentro, em como ela fala com amor e com propriedade sobre nosso festival, eu como torcedora contrária me emocionei vendo ela. É tão significativos para nós, torcedores e apaixonados pelo nosso festival, ver algo tão nosso, sendo conhecido por outros estados e admirados”, conta.
As manifestações representadas por Alane e Isabelle são diferentes, com particularidades da cultura de cada estado. Mesmo assim, Doris acredita que ter duas mulheres da região Norte dentro da casa é de grande importância por acreditar que, desta forma, quem desconhece a cultura dos estados e a importância da Rainha e da Cunhã-Poranga, acaba informado sobre a diversidade entre cada local do Norte do Brasil.
“Eu como nortista só posso sentir orgulho de ter duas culturas da nossa região sendo representadas nacionalmente em uma grande emissora. É de extrema importância, tanto cultural quanto economicamente, que nossas manifestações culturais tão ricas e belas sejam conhecidas para além do nosso eixo”, ressalta.
(*Juliana Maia, estagiária sob supervisão do coordenador do Núcleo de Cultura de Oliberal.com, Abílio Dantas)
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