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'Batuque Feira do Açaí': Ocupação Cultural no Centro Histórico de Belém celebra 4 anos com samba

Evento financiado por ambulantes que atuam em eventos culturais no Centro Histórico de Belém em parceria com a Roda de Samba Fé no Batuque será neste sábado (7), na Praça das Mercês, com entrada franca

Eduardo Rocha
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Um movimento espontâneo, tendo como protagonistas trabalhadores ambulantes que garantem à custo próprio um evento cultural, em um local público e histórico, a Feira do Açaí, ganha corpo em Belém. É a Ocupação Cultural Samba Batuque Feira do Açaí que acontece na primeira sexta-feira de cada mês à noite, mediante a parceria de ambulantes e o grupo Roda de Samba Fé no Batuque. Como a Feira encontra-se em obras, a comemoração dos quatro anos da Ocupação terá lugar na Praça das Mercês neste sábado, dia 7, a partir das 20h, com atrações variadas ao público e entrada franca.

À frente da Ocupação Cultural, junto de Adriana Nunes, como representante de um grupo de 12 ambulantes envolvidos na inciativa, a vendedora Selma Sousa celebra os quatro anos do evento. "A gente chega naquele local e faz a Ocupação, como no caso, aqui, da Praça Visconde de Rio Branco, conhecida como Praça das Mercês, em que nós já estamos há três meses. Isso porque a Feira está em reforma", declara. Ela informa que a parceria com a Roda de Samba Fé no Batuque tem quatro anos, mas o grupo, com dez anos de estrada e mais tempo na Feira do Açaí.

A Ocupação Cultural tem gerado bons frutos para os vendedores, porque por meio do evento eles obtêm a melhor renda do mês. "É o melhor evento que a gente tem no ano, começou com um formato muito pequeno, mas hoje ocupa todo esse espaço (nas Mercês). É bem requisitado, a galera espera um mês por esse evento e até agora para nós está tudo muito bom. O que falta é apoio que nós não temos", enfatiza Selma.

Ocupação Cultural Samba Batuque Feira do Açaí

Resistência

O evento acontecerá excepcionalmente neste sábado, por causa de um imprevisto que afetou a banda. A Ocupação Cultural surgiu a partir de saída da pandemia da Covid-19, quando chegou até Selma Sousa a informação de que o grupo musical se apresentava na primeira sexta-feira no quiosque na Feira do Açaí. "Então, a gente se chegou. Quando o dono do quiosque viu a gente, ele cancelou. Falou que não ia fazer mais. Aí eu tive a ideia de chamar o vocalista do samba, o Geraldo Nogueira, e o convidei para fazer. Ele disse que não tinha estrutura, mas eu disse que tinha uma caixa de som lá em casa, e a gente foi organizando tudo e lá aconteceu", diz a vendedora.

"Tudo que está envolvido com a cultura é bom negócio", pontua Selma Sousa. Além de muita música, o público vai poder desfrutar, no evento, de uma praça de alimentação bem sortida e outras atrações.

Integração

Geraldo Nogueira, da Fé no Batuque, conta que na primeira sexta-feira de cada mês o samba acontecia no quiosque do Cacique, na Feira do Açaí, como parte do "Som da Madrugada”, evento comandado por Layse, que atuava na produção e discotecagem, Francisco Sidou (Chico) na projeção e discotecagem e também DJ Me Gusta, há quatro anos. "Num determinado momento, mudou de administração, o quisque não foi mais do Cacique, foi para outra pessoa. A gente continuou até o momento em que o novo administrador do quiosque não quis mais fazer, porque estava dando muito ambulante. A partir de então, a gente se uniu com os ambulantes e se iniciou a Ocupação Cultural Samba Batuque Feira do Açaí", ressaltou.

Os músicos estão muito felizes em participar da Ocupação, como diz Geraldo, porque a cada edição são de 1 mil a 2 mil pessoas no evento. "E como diz o ditado, 'a voz do povo é a voz de Deus'. Então se o povo está presente, com a gente fazendo e acontecendo, o projeto está tendo visibilidade e o retorno que o povo quer, que é o da cultura, do lazer, do entretenimento", pontua. A banda Fé no Batuque valoriza a cultura negra em seus aspectos religiosos, históricos e culturais. A maioria dos integrantes do grupo são de religiões afro-descendentes.

Na festa dos quatro anos da Ocupação Cultural, o público vai contar com o "samba onde nosso povo ancestral era proibido de fazer, isso em uma praça como essa aqui". Ainda como atrações, vai ter a presença da DJ Izan (a DJ Jack Sainha participa desde o começo do evento), depois, a Roda de Samba Fé no Batuque com os convidados Rally do Samba, Odara do Axé e Marta e Mariana. Em homenagem à data, também será lançado e projetado um filme sobre as vivências dos ambulantes na ocupação cultural e de um DOC sobre o Samba Batuque da Feira do Açaí.

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