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Artistas falam da importância da Amazônia para suas inspirações

Márcia Kambeba e Manoel Cordeiro são os convidados para a segunda live Amazônia Viva

Bruna Lima

A floresta, os rios e os demais elementos naturais da Amazônia são fontes de inspiração para muitos artistas. E pensando neste contexto, a segunda edição da live Amazônia Viva, do Grupo Liberal, convida a multi-artista Márcia Kambeba e o músico paraense Manoel Cordeiro para um bate-papo e falar de que forma a Amazônia influencia em suas obras. A live será nesta quinta-feira (28), às 19h.

Tanto Marcia Kambeba como Manoel Cordeiro são artistas que conseguem imprimir por meio de suas artes a identidade da Amazônia. Seja no modo de vestir, nas falas, nas causas que defendem e entre outros aspectos que compõem os artistas. Marcia Kambeba, que é escritora, fotógrafa, atriz e cantora, conta que desde criança, quando ainda morava na aldeia Ticuna, em Belém de Solimões, no Amazonas, era envolvida com a arte em diversos âmbitos.

Lá ela recebia influência direta da avó, que cantava e produzia as próprias letras. "Minha avó era poetisa e quando eu ainda era criança escutava os poemas dela e transformava em música", recorda Kambeba. Aos nove anos de idade, por motivos de doença, a artista precisou sair da Aldeia para se recuperar. A partir deste momento ela seguiu com a avó para o centro urbano e começou a estudar.

"O meu primeiro contato com a educação formal foi em uma escola bem simples e pobre. Depois que terminei o ensino fundamental, fui para uma escola maior. Mas desde o início o contato com a arte foi incentivado e trabalhado em mim", destacou a indígena. 

Para Kambeba, a produção de trabalhos em diferentes ramos artísticos é uma forma de transformar os anseios e o ativismo em obras artísticas. Os poemas de Kambeba mostram as lutas, as conquistas e a resistência da escritora, como é possível conferir no poema "Índio eu não sou".

"Não me chame de “índio porque esse nome nunca me pertenceu. Nem como apelido quero levar. Um erro que Colombo cometeu.", diz a primeira estrofe.

Muitas das letras compostas por Marcia Kambeba se transformam em músicas, mesmo sem tocar nenhum instrumento de corda ela diz que consegue chegar a um resultado com linha melódica. E ela explica que de forma independente tenta chegar ao maior número de pessoas com a divulgação de sua arte.

“Eu uso as redes sociais, eu vou até as escolas, universidades e o maior número de espaços com o propósito de divulgar as minhas obras, pois em pleno 2021 ainda escutamos falas preconceituosas e discriminatórias”, diz a artista e ativista.

Escritora, poeta, compositora, fotógrafa e ativista, Márcia percorre todo o Brasil e a América Latina com seu trabalho autoral, discutindo a importância da cultura dos povos indígenas, em uma luta descolonizadora que chama para um pensar crítico-reflexivo sobre o lugar atual dos povos originários sul-americanos.

O guitarrista Manoel Cordeiro, fundador do grupo Warilou, trilha um caminho cheio de personalidade no universo musical. Para ele, a música da Amazônia é classificada como música brasileira feita na Amazônia.


E sobre o papel do artista com relação ao cuidado com o maior bioma do mundo, ele explica que na medida que o artista dá visibilidade para a Amazônia de forma sincera e denuncia as questões ambientais, sociais e culturais é uma forma de contribuir com a história e preservação da Amazônia e da humanidade. "É muito importante que a classe artística possa falar disso por meio da arte", destaca.

O artista começou a tocar ainda criança, já que tinha influência direta de familiares. Ele começou em banda baile e em determinado momento dividiu a carreira da música com a de bancário. Na década de 1980, trabalhou na criação do estúdio Gravasom, de Carlos Santos, que tinha selo, rádio e loja de discos. Em 1987, Manoel Cordeiro foi contratado como músico e arranjador de Beto Barbosa e, logo depois, começou a produzir o artista, que chegou a vender 1,5 milhão de cópias por álbum, um sucesso estrondoso que acabou atraindo quem não era do ramo. 

O projeto Amazônia Viva busca valorizar a Amazônia a partir da perspectiva artística produzida na região. E desde o ano passado o evento live vem convidando artistas do Pará e de outros estados que tenham a Amazônia como inspiração.

No dia 14 de novembro o projeto terá edição impressa que vai abordar a Amazônia em diferentes aspectos: econômico, natural, social e cultural, como forma de fazer reflexão de forma mais completa.

 

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