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Artista visual Nio Dias abre a exposição 'Plúvias'

Na Galeria Theodoro Braga, as formas geométricas dialogam com a chuva.

Enize Vidigal O Liberal

As formas geométricas dialogam com o banho de chuva na nova exposição do artista visual e designer paraense Nio Dias, intitulada “Plúvia”. Nio, que já trabalhou com vários materiais na confecção de obras tridimensionais, experimenta o aço fundido a partir de recursos gráficos, que fundem o processo criativo à precisão matemática, sob a curadoria de Nina Matos. A mostra será inaugurada nesta quarta-feira, 14, na Galeria Benedicto Nunes, do Centur, às 12 horas, e ficará aberta à visitação até o próximo dia 30, sempre de segunda a sexta-feiras, de 9 às 15 horas.

“Nio Dias constrói sutilezas a partir da observação atenta das coisas mais prosaicas do cotidiano, fragmentos que fogem à atenção dos que passam apressados. O artista contém em si e transborda em suas obras artísticas, como nas criações na área do design, onde também incursiona, a apreensão dos movimentos, das nuances da natureza que muitas vezes, deixamos escapar”, descreve Nina Matos.

“A geometria é muito presente no meu trabalho. Tenho formação em Design de Produtos com vertente mais voltada para design de móveis, talvez por influência do pai marceneiro, cresci nesse meio”, recorda Nio Dias.

“É a primeira mostra que faço com aço. Já experimentei outros materiais industriais, como plástico, alumínio e, principalmente, madeira. Tanto que comecei pela xilogravura e adotou a tridimensionalidade dos objetos com a evolução do meu trabalho”, conta.

Em “Plúvia”, Nio Dias apresenta três obras grandes, com alturas entre entre 1,50 metro e 1,60 metro, pintadas com cores fortes que atraem o olhar para a delicadeza de semi-cones encerrados em cubos para receber e dar vazão à chuva.

Não à toa, as peças foram inspiradas em uma encomenda para uma obra a ser instalada em um jardim. “Pensei em algo que tivesse diálogo com a chuva, cones inseridos em cubos, na base no trabalho. Tem aspecto aramado, vaso, e apesar dessa altura, o peso não é grande”.

“Plúvia, substantivo feminino relativo à chuva, resume a nova mensagem de geometria amazônica do artista, que também apresenta formas com alusão a flora. “Uma escultura modular/fractal”, define a curadora.

“Plúvia é mais um feito de um pensador criativo de formas com as quais lida e deixa se envolver por elas, em simbiose com as mesmas, transita livremente entre territórios e linguagens, fazendo surgir tanto em seu trabalho conceitual plástico, como no design, o orgânico, o lúdico, o científico e o espiritual das alquimias de diversidades matéricas, e onde a natureza é fonte de inspiração constante, tanto em forma, como em conteúdo”, avalia ela.

A exposição foi selecionada no Edital Arte Livre - Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria de Cultura do Estado do Pará (Secult), Secretaria Especial de Cultura e Ministério do Turismo.

Trajetória

“Plúvia” é a quarta exposição individual de Nio Dias em 33 anos da carreira, sempre marcada pela sedução das formas geométricas. Natural do município de Abaetetuba, no Nordeste Paraense, o artista de 58 anos de idade iniciou nas artes plásticas junto ao coletivo “RaioqueoParta”, em 1988, que realizou uma mostra coletiva.

A estreia na mostra individual ocorreu em 1990, na Galeria Theodoro Braga, com “NIOIN”.  A exposição reuniu seis totens ocos, medindo 2,20m de altura, e elaborados em compensado recurvado. A segunda individual foi “Com quantos paus se faz uma canoa”, em 1992, na qual apresentou a xilogravura de topo, a partir de sessões transversais de um casco de madeira. E a terceira foi “Artifial”, em 2002, na extinta Galeria Municipal, com uma série de trabalhos referendados na fisiologia humana com o emprego de bacias, formas e artefatos industrializados de alumínio, aros de rodas de bicicleta, tubo flexível de pvc, tecidos, espuma sintética, etc.

Nio Dias também participou de mostras coletivas em várias galerias e museus e participou de salões de arte, como o Arte Pará, da Fundação Romulo Maiorana, nas edições dos anos de 1988, 1990, 1991, 2003, 2008 - na qual foi premiado - e 2011 - como convidado. O artista também foi premiado pela 2ª Mostra de Artes Visuais do Comando do 4º Distrito Naval, pelo Projeto Universidarte, da extinta Faculdade do Pará, em 2004; Salão de Arte da FCAP; e ganhou bolsas de Arte do Instituto de Artes do Pará (IAP), em 2002 e 2005, e bolsa de Design na mesma instituição em 2015.

“Nio Dias, opera um imbricado universo e suas tessituras de arte e vida, na ordenação de ideias que transitam na ressignificação e no trato com materiais do dia a dia, manufaturados, industriais, como nas chapas em alumínio, recipientes plásticos... ou materiais naturais, como peças em madeira carregadas de marcas dos manuseios impostos à elas, de elementos da natureza, das formas orgânicas, do espiritual, da ciência, da matemática, do construtivismo, de uma poética gerada pela alquimia das coisas e seus significados”, classifica Nina Matos. 

 

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