Artista visual Mauricio Igor lança exposição sobre ventiladores com 'gambiarras'

A plataforma/ exposição está dividida por palavras chaves que indicam o processo de construção do trabalho.

Bruna Dias
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Bons ventos trazem uma novidade para a produção artística paraense: será aberta neste sábado (30), a exposição virtual do projeto “Ventos do Norte”, do artista visual Mauricio Igor, premiado no XVI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia em 2021. Apenas Mauricio, de Belém, e Julia Dolce, de Santarém, foram os contemplados do Estado.

A exposição será aberta às 17h no perfil de Mauricio Igor no Instagram (@mauricioigor) e estará disponível no site do artista. Neste horário será realizada uma live com a curadora do projeto, Heldilene Reale, artista, professora e doutora em Artes pela UFMG.

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 “Ventos do Norte parte da pesquisa sobre gambiarras feitas em ventiladores. Tal prática é comum na região amazônica, já que, devido ao forte calor, o ventilador acaba sendo um item muito importante para o nosso dia a dia. Por isso, quando eles quebram, procuramos ‘dar um jeito’ de consertá-los”, explica Mauricio. E o artista complementa: “Vejo as gambiarras como estratégias de sobrevivência, dos objetos e de nós mesmos, o que me leva a ver os objetos como metáforas para questões históricas e sociopolíticas que envolvem a Amazônia e a construção do Brasil”.

Como se nota, não se trata apenas de utilizar os ventiladores, mas também ouvir as histórias que envolvem suas (re)construções. “Fiquei pensando quando iniciei este projeto sobre que histórias narrar. Acho muito importante termos narrativas que a gente se identifique. Esse projeto teve início com o meu próprio ventilador, que quebrou e eu o consertei com gambiarras. Assim, acho importante falar e apresentar sobre práticas cotidianas presentes na região amazônica”, sintetiza.

A partir de então, Mauricio conseguiu ter acesso a inúmeras histórias peculiares e suas relações com os eletrodomésticos. “Recebi várias histórias, mas tive que selecionar e, ao todo, foram comprados 10 ventiladores, tendo um total de 11 juntando o meu próprio, o que deu início ao projeto. Entre os adquiridos, cinco foram comprados a partir do XVI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia”, explica.

As pessoas, suas narrativas e os ventiladores passaram a chegar de forma ampla e, em alguns casos, inesperada. “Tive encontros e trocas bem espontâneas, como durante panfletagem na feira do Guamá, em que um senhor para quem falei do projeto me parou e fez várias perguntas sobre o porquê de eu estar fazendo tal ação e quem estava financiando. Depois de explicar que se tratava de um trabalho artístico ele sorriu, me elogiou, pegou um panfleto e disse conhecer um amigo que tinha vários ventiladores da forma como eu procurava. Um outro encontro foi quando uma pessoa estava indo de Uber me entregar o ventilador. Minutos após deixar o passageiro, Dennyson, o motorista que dirigia o carro, me mandou mensagem, pois tinha visto o anúncio e também ficou interessado”, relata brevemente Mauricio, sem dar muito “spoilers” acerca das histórias que serão apresentadas na exposição virtual.

A plataforma/ exposição que será lançada é dividida por palavras chaves que indicam o processo de construção do trabalho. São elas:

- “Ventilar Norteando”, texto escrito por Heldilene Reale, curadora do projeto;

- “Brea”: que mostra a relação com a cidade, quando Mauricio iniciou o processo de ir de bicicleta pelas ruas de Belém colando lambes com o anúncio de que estava à procura de ventiladores com gambiarras; 

- “Vi seu anúncio” destaca quando o artista colocou a imagem do cartaz que foi colado nas ruas junto a mensagens que recebeu via redes sociais de pessoas apresentando seus objetos;

- “Ventiladores-gambiarras”: que reúne fotografias e vídeos feitos acerca dos objetos que foram comprados e

- “Continua”: “um relato que escrevi sobre a construção e desenvolvimento do projeto”, explica Mauricio.

 

 

 

 

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