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Arte Pará 2024 abre as portas da Casa das Onze Janelas para sua 41ª Edição

O maior projeto de arte do Norte do país apresenta 20 artistas paraenses e homenageia Luiz Braga, além de premiar a vencedora do Prêmio Residência Artística, Rafaela Moreira, na noite de abertura

Matheus Viggo

Jurados e coordenação do Arte Pará reunidos no salão do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas (imagem: Ivan Duarte/O Liberal)O Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, no bairro da Cidade Velha, em Belém, recebe, a partir desta quinta-feira (03), a 41ª edição do Arte Pará, o maior projeto de arte do Norte do país, com alcance nacional, que tem como tema este ano "Um Norte [transcursos – caminhos]". Além da abertura do salão, marcada para as 19h, o público conhecerá a artista vencedora do Prêmio Residência Artística, a paraense Rafaela Moreira.

A escolha da obra vencedora, entre os 20 artistas convidados da edição deste ano do Arte Pará, ocorreu na manhã de quarta-feira (02), em reunião dos jurados Elieni Tenório, Emanuel Franco, Jair Jr., Karla Gama e Marcelo Lobato. A premiação inédita envolve um intercâmbio no Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes, em Goiânia (GO), espaço artístico criado em abril de 2021 e que iniciou suas atividades na capital goiana em 2022. "É uma proposta de intercâmbio cultural entre o Arte Pará e o Ateliê Escola Sertão Negro, que fica em Goiânia. O artista selecionado, premiado, participará dessa residência, que conta com acompanhamento curatorial, imersão no ateliê e troca de experiências entre um artista da Amazônia e outros residentes", disse Nina Matos, curadora do Arte Pará 2024.

A artista plástica Rafaela Moreira, de 27 anos, de Ananindeua, foi a vencedora do prêmio com a obra Quebras - Natureza Viva. Ela assina seus trabalhos como Rafael Matheus Moreira por uma questão poética e política. "Foi muito emocionante. Eu não esperava, não sabia que este ano teria premiação, então foi uma grande surpresa. Fico muito feliz com a residência artística, porque certamente será uma experiência muito enriquecedora para a minha produção", disse Rafaela.

A obra vencedora do Prêmio Residência Artística é uma série de pinturas que reimagina os gêneros clássicos da pintura a partir da emancipação da imagem de mulheres trans e travestis do olhar cisgênero. A série adota a visualidade do movimento modernista “Raio que o Parta”, onde a criação só é possível a partir da quebra, da destruição de uma forma anterior. "A obra Natureza Viva é um trocadilho com o termo Natureza Morta, que significa uma composição de objetos ou seres inanimados, incapazes de movimento, com a vida em suspenso. No país que mais mata mulheres trans e travestis no mundo, e que mais consome pornografia do gênero, objetificando esses corpos, o que interessa na obra é a celebração da vida", afirmou Rafaela.3

"Essa obra foi unânime entre os jurados. Todos reconheceram que ela estava totalmente alinhada com a proposta do prêmio de residência. É uma forma do artista sair de seu local e entrar em outra realidade, outra órbita", relatou a artista plástica Elieni Tenório, uma das juradas. Para Jair Tagore, artista plástico, professor e jurado, a temática e as cores chamaram a atenção do júri. "Ficamos bastante à vontade na escolha. Antes da premiação, discutimos sobre os artistas e, em seguida, cada jurado fez sua seleção. No final, apuramos os votos, e o Rafael foi o vencedor. Merecido, o trabalho é muito bom", comentou Jair. Segundo Karla Gama, crítica e historiadora da arte, também jurada, a obra foi escolhida com base em critérios de representatividade, estética, visualidade e diálogo com a contemporaneidade. "O que me chamou atenção no trabalho da Rafa foram as cores e a modernidade expressa na tela", afirmou Karla.

image Jurados, coordenação e curadoria do Arte Pará (imagem: Ivan Duarte/O Liberal)

A edição de 2024 reúne uma mostra com 20 artistas paraenses convidados: Bárbara Savannah, Dias Júnior, Dumas Seixas, Éder Oliveira, Elza Lima, EvNa, GC, Guy Veloso, Igor Oliveira, Keyla Sobral, Lúcia Gomes, Marcone Moreira, Margalho Açú, Maria José Batista, Melissa Barbery, Nay Jinknns, Nio Dias, Paulo Santos, Rafael Matheus Moreira e Roberta Carvalho. A exposição também terá, em caráter especial, obras dos artistas indígenas Feliciano Lana Desana e Emanuel Franco, além do recorte "Luiz Braga – O Percurso do Olhar", em homenagem ao artista paraense que, em 2025, completará 50 anos de carreira.

Idealizado no início da década de 1980 pelo jornalista Romulo Maiorana (1922-1986), o Arte Pará foi criado com o objetivo de apoiar os artistas paraenses e promover o diálogo entre a região Norte e o restante do país. O projeto Arte Pará 2024 é apresentado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet, e realizado pela Fundação Romulo Maiorana (FRM). A abertura da 41ª edição, além da entrega do Prêmio Residência Artística, será hoje (03), às 19h, no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas. O horário de funcionamento do Arte Pará segue o do Sistema Integrado de Museus da Secult: de terça a quinta-feira, das 9h às 14h, e de sexta a domingo, das 9h às 17h.

 

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