Arte que vai da rua à galeria: conheça o trabalho de Tsssrex

Artistas se inspiram direta e indiretamente na capital amazônica para criar

Vito Gemaque
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Seja na tela ou na parede o mais importante para os artistas de Belém é se expressar de maneira única e particular tendo a cidade como inspiração direta ou como espaço de vivência para a construção das suas obras. Os artistas belenenses vão da rua à galeria na busca de mostrar suas obras para os públicos. Ao completar 404 anos, a capital paraense vive uma profusão de artistas em todos os gêneros e segmentos.

O grafiteiro Tsssrex, nome artístico de Rubnilson Mota, começou com a grafitar aos 17 anos. Com a marca registrada de utilizar um pequeno rei dos dinossauros customizado, Tsssrex espalha pela cidade o seu desenho. Ainda sem viver exclusivamente da arte, Rubnilson vive com os ensinamentos da rua para chegar a outro patamar como artista. Ele já criou uma grife de roupas com desenhos e estampas exclusivas.

“O grafite para mim é a arte para muitos que não podem ir numa galeria. Virou uma arte acessível ao público em geral, o grafite para mim é uma mudança de vida, de muito aprendizado na rua, convivência com o público em geral. Sobre isso não tenho do que reclamar, até hoje é uma experiência. Através do grafite criei minha marca de camisetas, só tenho a agradecer”, declarou.

O grafite não apenas representa a cidade como a reinvente e transforma ao utilizar os espaços público de maneira integrante à obra artística. Este entendimento é compartilhado entre os artistas. “Pelo que converso com os meus amigos, Belém é um eterno papel para galera que gosta de fazer arte de rua. Qualquer espaço e local será um papel em branco para que seja pintado para mostrar na rua a arte”, afirma.

Artista dialoga com o seu ambiente

Mesmo aqueles artistas que não tem intervenções urbanas diretas, a cidade encontra maneira de influenciá-los. Para o pesquisador e curador do Arte Pará do Núcleo Deslendário Amazônico, Orlando Maneschy, os artistas sempre estão dialogando com seu entorno, com o ambiente em que habita. “Podemos ver essa relação que perpassa pelos espaços, luminosidade, cor e história”, esclarece. Na avaliação dele a arte produzida em Belém ainda tem o diferencial de não ter as amarras do mercado.

“A arte produzida em Belém tem o diferencial da liberdade de criação. Uma vez que, distante dos grandes centros, os artistas não tem o peso contínuo do mercado sobre suas produções, sendo um pouco mais livres. A liberdade e o olhar crítico sobre o seu entorno, talvez seja uma característica marcante”, destaca.

A artista visual Nina Matos, curadora do Núcleo do Arte Pará – As Amazonas do Pará, considera que o olhar específico sobre a região amazônica daqueles que vivem e sentem a cidade seja talvez a característica mais marcante dos artistas daqui. “Uma característica que talvez una, reside em um olhar voltado para a região, presente na fotografia paraense e por outro lado, em trabalhos de caráter político e social de determinados artistas visuais, onde este lugar, a Amazônia, é perscrutado, mas cada artista, naturalmente, exercendo a sua chave própria”, detalha.

A relação entre o erudito e o popular é outro aspecto local. “A contaminação do que se pode ainda chamar de erudito com o popular, entre o urbano e o ribeirinho nos molda em várias expressões como a música, a gastronomia e demais, nas artes visuais não poderia ser diferente. Essas características são produtivas e fecundas, no passado por exemplo, surgiu o Pássaro Junino”, afirma.

Para ela, a tradição das gerações anteriores pode ser mais bem percebida na fotografia local, quando volta seu olhar para a Amazônia. O ambiente de Belém na Região Amazônica será o futuro da produção artística. “Penso que o futuro é falar cada vez mais deste lugar, de diferentes formas, acessando seus distintos códigos. Pensar esta região, seus conflitos, sempre é um caminho”, declara.

Ambos consideram impossível destacar apenas alguns artistas diante da quantidade da produção local. O Arte Pará reúne parte destes artistas em duas exposições Museu do Estado do Pará (MEP) e no Museu da Universidade Federal do Pará (UFPA), cada um com obras singulares em relação àobra de João de Jesus Paes Loureiro. A exposição do Arte Pará 2019 foiestendida até o final de janeiro deste ano.

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