“Do lado de dentro”: livro fotográfico apresenta Festival do Çairé e outros festejos brasileiros
Produzido pela fotógrafa Andrea Goldschmidt, a obra reúne mais de 200 fotografias de 40 festas populares do Brasil.
O Festival do Çairé, uma das mais antigas manifestações culturais da Amazônia, é parte do livro da fotógrafa Andrea Goldschmidt. A obra “Do lado de dentro” reúne mais de 200 fotografias de 40 festas populares brasileiras. Andrea, nos últimos 10 anos, participou de cada celebração, mergulhando em diferentes tradições culturais.
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O Çairé ocorre há mais de 300 anos em Alter do Chão, distrito de Santarém, no Pará. A festa dura cinco dias, sempre no mês de setembro, e utiliza elementos religiosos e profanos, provenientes da cultura indígena e lusitana. Durante a celebração, são feitas homenagens ao Divino Espírito Santo e espetáculo de disputa entre os botos Cor-de-Rosa e Tucuxi.
Andrea passou por 14 estados brasileiros e destaca que, apesar da diversidade, todas as festas têm algo em comum: a busca pelo sentido de comunidade e pertencimento. Alegria, fé e união fazem parte das celebrações.
“Ouvi um relato instigante sobre o Çairé de um senhor que se sentou ao meu lado em um voo de Juazeiro do Norte para São Paulo. O fato da festa acontecer em Alter do Chão, um paraíso natural que eu sempre tive vontade de conhecer, foi mais um fator decisivo na inclusão da festa na minha lista de eventos para conhecer”, diz Andrea.
A fotógrafa fala que as expectativas para o festival foram superadas e que o espírito de união dá tom ao evento. A encenação dos botos Cor-de-Rosa e Tucuxi deixou Andrea admirada. “Fiquei absolutamente encantada com esse espetáculo de cores, luzes, música e dança que reúne numa só festa o esplendor da floresta amazônica e a alegria do povo paraense”, afirma.
Andrea se sentiu bem-vinda e acolhida no Çairé. A fotógrafa conta que sempre era convidada para participar de maneira ativa das atividades de homenagem ao Divino Espírito Santo, com rezas, cantigas e brincadeiras. A gastronomia também deixou Andrea maravilhada, que classificou como “super saborosa”.
A apresentação de relato da lenda do boto também fascinou a fotógrafa. “Eles encenam a lenda amazônica de uma maneira tão encantadora que é até difícil de traduzir em palavras: a riqueza impressionante das fantasias, a imponência das alegorias, a alegria contagiante dos brincantes, o charme da Cunhatã-Iborari, a sensualidade da dança do boto-homem, a energia do carimbó paraense”, relembra.
Em nove capítulos, Andrea apresenta palavras-chave e sinônimos para representar o eixo de cada festa, como Alegria - onde fala do Çairé (Alter do Chão/Pará), Ternos de Reis (Salvador/Bahia) e Mascarados de Poconé (Poconé/Mato Grosso) - e Medo - quando apresenta a Procissão do Fogaréu (Goiás Velho/Goiás) e a Romaria de Finados (Juazeiro do Norte/Ceará).
O início do Çairé é em uma quinta-feira. O levantamento dos mastros é o ponto de partida do festival. Colocados na Praça do Çairé, os troncos são enfeitados com frutas regionais. Durante a celebração, são realizadas rezas e rituais religiosos, com comidas comunitárias. Na segunda-feira, o último dia de festejo, os mastros são derrubados e realiza-se a festa dos barraqueiros.
(*Lívia Ximenes, estagiária sob supervisão do Coordenador de Cultura, Abílio Dantas)
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