Um ano para COP 30 em Belém: 4 bi investidos, 50 mil pessoas esperadas e 5 mil empregos gerados
Segundo a vice-governadora Hana Ghassan, a primeira etapa de preparação envolveu captar recursos, aprovar projetos e iniciar obras; segunda etapa envolve preparar Belém na estrutura, na logística e na recepção de turistas
Belém tem 30 obras em andamento, R$ 4 bilhões em recursos captados, espera receber 50 mil pessoas e gerou 5 mil empregos diretos e indiretos até o momento em meio à preparação para sediar a COP 30. Todos esses números foram revelados pela vice-governadora do Pará, Hana Ghassan, na quarta (6/11), no Palácio dos Despachos, sede do governo estadual. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas ocorrerá em novembro de 2025 na capital paraense.
Segundo Hana, a gestão do estado se prepara há quase um ano e meio para o evento. Foram feitos estudos sobre COPs anteriores, quantidade de participantes, público-alvo e categorias de hospedagem. O governo, conforme a vice, conseguiu captar todos os recursos necessários para obras de infraestrutura urbana de Belém, com o objetivo de também deixar legado no período pós-COP.
“Desde o primeiro momento, o nosso objetivo não era apenas os 15 dias de evento. Sabemos da importância da magnitude desse evento para que a gente possa mostrar internacionalmente e nacionalmente também a nossa capital, que é uma metrópole, a gente possa mostrar para o mundo isso”, declarou a vice-governadora de Helder Barbalho (MDB).
Etapas da preparação
O governo já passou pela primeira etapa para a realização do evento, que envolveu a captação de recursos, aprovação de projetos e o início das obras. Segundo Hana, todas as obras estão com recursos garantidos. A segunda etapa, pela qual o governo passa hoje, envolve a preparação do evento em si, como transporte, logística e recepção de turistas. Como exemplo, a vice-governadora citou mudanças no calendário escolar durante os dias do evento, como a possibilidade de férias escolares para ajudar no fluxo do trânsito.
Os números da COP 30
Hana Ghassan revelou que já foram capacitadas 22 mil pessoas por meio de um programa de formação e estudo que conta com 25 parcerias da iniciativa privada. “Desses 22 mil inscritos, 4.500 já foram certificados. Portanto, já participaram do curso. Estamos criando um grande banco de dados dessas pessoas para que possam nos ajudar no momento da grande realização deste evento”, explicou.
Presidente do comitê organizador da COP 30, a vice-governadora disse que o governo conseguiu captar R$ 4 bilhões em recursos e gerar 5 mil empregos diretos e indiretos até o momento com as 30 obras que estão em andamento na capital paraense. As obras estão sendo acompanhadas por um escritório de projetos contratado pelo governo estadual. O objetivo é assegurar o ritmo necessário e a entrega antes da data prevista do evento. Dos 4 bilhões de reais, 1 bilhão é voltado para obras de saneamento na capital.
Legado na educação
Hana contou que um dos legados da COP 30 é a presença da disciplina Educação Ambiental na grade curricular das escolas do estado. “É uma iniciativa pioneira no mundo. Nós abraçamos essa causa e estamos fazendo todas as ações necessárias para que a gente possa de fato deixar benefícios pra nossa população do estado do Pará, da região amazônica e do Brasil”, afirmou.
Onde será COP em Belém?
A vice-governadora explicou que o governo prepara em Belém um complexo estrutural destinado para a realização do evento. Esse espaço será chamado de ‘Cidade da COP’.
“Nós temos o Hangar, que é o nosso centro de convenções, e essa área toda do Parque da Cidade, onde o governo do estado está realizando na área a chamada 'green zone' (zona verde) e a 'blue zone' (zona azul); será a área onde se juntando ao Hangar irão acontecer a reunião dos líderes nesse espaço”, destacou.
Segundo ela, o Parque da Cidade está 70% concluído e vai integrar o complexo Cidade da COP. A obra será um parque urbano na área do antigo Aeroporto Brigadeiro Protásio, localizado entre as Av. Brigadeiro Protásio, Av. Júlio Cézar Ribeiro, Av. Senador Lemos e o Complexo Viário Daniel Berg.
Hospedagem
Hana revelou também a expectativa do governo de que Belém receba 50 mil pessoas para a COP 30, considerando o número de eventos anteriores de outros países. Para isso, segundo ela, a gestão estadual trabalha desde maio de 2023 para ampliar os leitos de hospedagem para as diversas categorias de público.
“As ações estão todas em andamento, como a construção de hotéis, a dragagem do porto de Belém já foi licitada e também a contratação dos navios de cruzeiro que servirão como hospedagem. Cerca de 5 mil leitos estão sendo contratados pelo governo federal através da Embratur”, explicou.
A vice-governadora revelou ainda que o governo tem um termo de cooperação com duas empresas internacionais para estadias em casas de famílias e acomodações de curto e médio prazo, o que, conforme ela, aumentou o número de imóveis disponíveis para aluguel de temporada. “Nós saímos de 750 imóveis e hoje já estamos com 5 mil imóveis cadastrados na plataforma”, contou.
Rota internacional de turismo
A presidente do comitê organizacional da COP 30 citou uma obra que será rota internacional de cruzeiros no Pará e na capital: a dragagem do Porto de Belém, localizado no bairro do Reduto à margem direita da baía de Guajará. A dragagem é um procedimento de escavação que remove sedimentos do fundo de portos, rios, lagos, oceano e lagoas industriais. A técnica envolve a remoção de cerca de 6,5 milhões de metros cúbicos de material.
Hana disse que o movimento internacional de turistas já ocorre, mas de maneira tímida. O governo deseja o turismo do estado e da capital. Para isso, há o desenvolvimento do Parque da Doca e do Porto Futuro 2.
“Portanto, ali se transformará com esses recursos captados um grande setor receptivo de turistas. Nada mais adequado que os cruzeiros possam desembarcar já dentro desse setor preparado na nossa cidade pra receber esses turistas”, declarou.
A vice-governadora contou que, durante as Olimpíadas de Paris foram usados navios como hospedagem, assim como na Copa do Mundo do Catar. Para o governo, os cruzeiros em Belém vão ter cerca de 5 mil leitos de hospedagem para os turistas.
“A gente deixa um legado, que é uma rota turística pra que novos cruzeiros aportem em Belém e sejam recepcionados de forma adequada. E, com isso, a gente fortaleça a economia do estado e uma nova economia que queremos ter uma fatia porque sabemos que o turismo será um dos maiores geradores de emprego na próxima década”, disse.
Belém: palco de eventos em 2024
Desde o anúncio da COP 30, Belém tem sido palco de grandes eventos, tanto nacionais como internacionais. A capital ganhou protagonismo ao receber em março a Conferência Desenvolvimento Sustentável da Amazônia. O evento contou com autoridades internacionais e integrantes de organizações defensores do meio ambiente que participaram dos debates. Os desafios da indústria da mineração para adotar tecnologias sustentáveis e inclusivas foi uma das pautas.
Em outubro, Belém recebeu o G20 para debater sobre a redução de riscos de desastres ambientais. Coordenado pelo ministro das Cidades, Jader Filho e pelo ministro do Desenvolvimento Regional Waldez Góes, o evento teve como resultado a assinatura da 1ª declaração ministerial para redução de riscos do G20, grupo de países com as maiores economias do mundo.
No início de novembro, a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias pautou as discussões sobre a COP de 2025 na capital. O objetivo do evento foi identificar e avaliar as pontes possíveis entre o setor mineral e as novas economias, além de evidenciar novas oportunidades de cooperação e investimento.
Em dezembro, Belém vai receber a 33ª Assembleia Geral do Fórum de Ministros e Altas Autoridades de Habitação e Urbanismo da América Latina e do Caribe (MINURVI). O ministro das Cidades do governo Lula, Jader Filho, será o primeiro brasileiro a assumir a liderança da entidade internacional.