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Presidente da COP 30 nega contradição entre exploração de petróleo e agenda ambiental do governo

André Corrêa do Lago afirmou não ver conflito entre a busca do Brasil por liderança climática e a defesa da exploração de petróleo na Foz do Amazonas

O Liberal

A menos de um ano da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), o Brasil se prepara para sediar o evento em meio a desafios internos e externos. O agravamento dos eventos climáticos e a relutância dos países ricos em financiar medidas contra as mudanças climáticas complicam o cenário. Além disso, a recente saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris adiciona mais incertezas ao debate global.

Internamente, o país enfrenta críticas pela tentativa de expandir a exploração petrolífera em áreas sensíveis, como a Foz do Amazonas. Ambientalistas alertam para os riscos ambientais e questionam a coerência do governo ao defender tanto a preservação ambiental quanto a ampliação da produção de combustíveis fósseis.

Corrêa do Lago, no entanto, argumenta que a exploração de petróleo faz parte da transição energética. Segundo ele, "todos os países estão adotando estratégias para alcançar a neutralidade de emissões". A Petrobras aguarda a aprovação do Ibama para iniciar as perfurações exploratórias na região, que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá. A decisão do órgão ambiental deve sair ainda neste semestre. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, se posicionou contra o projeto, mas destacou que a análise será técnica, sem interferência política.

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Sobre a saída dos EUA do Acordo de Paris, Corrêa do Lago reconhece que a decisão pode dificultar a captação de recursos para o combate às mudanças climáticas, que é de US$ 1,3 trilhão por ano até 2035. Quanto à escolha de Belém como sede da conferência, ele defende que a realização do evento na Amazônia simboliza a transparência do Brasil e o compromisso em enfrentar os desafios ambientais de frente, já que o Pará lidera, por nove anos consecutivos, o ranking brasileiro do desmatamento. "Estamos trazendo o mundo para o centro do nosso maior problema climático", disse. 

Côrrea do Lago contou que medidas estão sendo adotadas para que a COP 30 não fracasse após a saída do EUA do Acordo de Paris. "Temos uma situação muito similar ao que aconteceu com o Protocolo de Kyoto. Ele foi negociado com os americanos, mas no momento em que acabou a negociação, o Senado dos Estados Unidos disse que não ia ratificá-lo. A partir de então, trabalhamos no Protocolo de Kyoto durante anos sem os Estados Unidos. Depois, constatamos que era importantíssimo que eles voltassem às negociações sobre clima. Por isso foi criado o Acordo de Paris, com as condições necessárias para que os Estados Unidos pudessem voltar. [...] A grande diferença entre o que aconteceu em Kyoto e agora é a urgência climática. A necessidade de acelerarmos a ação contra a mudança climática é o nosso grande desafio ao mesmo tempo em que temos um ator tão relevante se desengajando".

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