Pesquisadores da UFPA avançam na criação de medicamentos com plantas da Amazônia e focam na COP 30
O estudo é desenvolvido por integrantes do Laboratório de Controle de Qualidade Microbiológico e busca testar e aprovar pelo menos um desses produtos até o evento
Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) estão avançando no desenvolvimento de novos medicamentos produzidos a partir de plantas da Amazônia, com foco na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30). O estudo é desenvolvido por integrantes do Laboratório de Controle de Qualidade Microbiológico, vinculado à Faculdade de Farmácia (FACFAR), e busca testar e aprovar pelo menos um desses produtos até o evento, promovendo tecnologias sustentáveis e fortalecendo negócios ligados à biodiversidade regional. O espaço foi inaugurado ainda em agosto deste ano.
Alguns dos compostos que já apresentaram ação medicinal durante as pesquisas e estão sendo testados por pesquisadores da UFPA e de outras universidades federais são os óleos da pupunha e do uxi, como explica a professora Marta Chagas Monteiro, que é coordenadora do Marta Chagas Monteiro. “Trabalhamos com extratos vegetais, com óleos vegetais e bio-óleos. Estamos trabalhando muito com os óleos de uxi, pupunha, além do óleo de inajá. Eles têm diferentes atividades, não só com doenças infecciosas”, detalha a pesquisadora. Esses produtos são analisados e passam por um controle de qualidade no laboratório recém-inaugurado.
Para a COP 30, o objetivo é apresentar pelo menos 10 novas formulações: “Esperamos apresentar uma série de produtos. Esses, falado anteriormente, são só alguns que já apresentaram resultados. Temos mais de 71 produtos que estão sendo estudados. Até a COP, teremos, no mínimo, resultados com 10 produtos, que estão sendo desenvolvidos para infecção por Trichomonas, para tratar Leishmaniose, para tratar doença de Chagas. Todos esses produtos que já estão sendo formulados serão expostos para toda a comunidade nacional e internacional”.
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“Dos 71 produtos, alguns já estão tendo efeito com infecção. Temos a pupunha e o uxi que tem efeito contra infecções. Outros são extratos de plantas, que já estão, de certa forma, estão sendo estudadas, como a justicia, que apresentam atividades seja anti-protozoário ou anti-Trichomonas. Cada grupo [de pesquisadores], seleciona três plantas que apresentam melhores atividades. Destas, três formulações estão sendo produzidas. As formulações estão sendo elaboradas na Universidade Federal de Pernambuco”, pontua.
Testes
De acordo com a professora, atualmente, testes já estão sendo feitos com o óleo de pupunha, e já vem apresentando resultados promissores na cicatrização de lesões na pele. “Um dos produtos que já estamos [testando], em um convênio com a USP [Universidade do Estado de São Paulo], é uma nanoemulsão, que está num estado avançado. Temos tanto ensaios com atividades antimicrobianas quanto o modelo em que temos a pele e fazemos a nanoemulsão e vemos se funciona antes que se chegue no ensaio pré-clínico com animais”, frisa Marta.
“Depois, já seguimos para a fase um, que seria com pacientes ou voluntários que se disponibilizaram para participar da pesquisa. Esses produtos seriam aplicados para a melhoria de cicatrização ou de algum tipo de infecção. Estamos com projetos para tratar úlceras em pacientes diabéticos com o pé-diabético. No entanto, neste caso, ainda não seriam pacientes na fase clínicas, mas voluntários”, completa a pesquisadora.
Para o futuro, a expectativa, segundo Marta, é que esses produtos cheguem em forma de medicamento para a indústria farmacêutica e para o sistema público de saúde - e com baixo custo para que não chegue a valores elevados. “ As perspectivas são as melhores possíveis, mas precisamos de recursos. Estamos elaborando a parte inicial e buscando financiamentos. Inclusive, projeto para que haja financiamento com o SUS. A meta é que no final de 2025 já tenhamos o produto. E para a COP, que tenhamos os protótipos”, observa a professora.
Laboratório
O recém-inaugurado Laboratório de Controle de Qualidade Microbiológico, parte integrante do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), concentra os estudos no controle de qualidade microbiológica de óleos vegetais e essenciais, frações ricas em antioxidantes, extratos de plantas e resíduos vegetais. O objetivo é avaliar o potencial biológico e farmacológico desses materiais contra microrganismos resistentes e emergentes, como vírus, fungos e bactérias. Além disso, o laboratório visa desenvolver formulações farmacêuticas, incluindo cremes, pomadas, tinturas e fitofármacos.
Para o pós-doutorando Rafael Cabral, que atua no processo de adequação do laboratório às adequações técnicas do espaço, para que futuramente se tenha uma certificação e licenciamento dos laboratórios, explica a importância dessa fase para a segurança das pesquisas: “Tudo isso para que se possa chegar no objetivo que é a população, os centros de Vigilância do município e do estado. Essa etapa ultrapassa a missão do ensino e da pesquisa. Isso é acontece para a segurança desse paciente e usuário”, destaca.
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