Obras para a COP 30 em Belém devem gerar mais de 22 mil empregos até o evento

A capital paraense receberá encontro internacional sobre mudanças climáticas e governos estadual e municipal preparam a cidade

Elisa Vaz
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A realização da 30ª edição da Conferência do Clima sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em Belém tem movimentado a cidade com diversas obras e melhorias na infraestrutura programadas para serem entregues a tempo do encontro, marcado para novembro do ano que vem. Com isso, a estimativa do poder público é de que sejam gerados em torno de 22.400 empregos, entre diretos e indiretos. O evento, que é o maior sobre esse tema e é promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), deve reunir dezenas de milhares de pessoas na capital paraense.

Os governos federal, estadual e municipal se unem para preparar Belém e, especialmente, concluir todas as obras antes da Conferência. Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, o governador Helder Barbalho (MDB) conta que, primeiro, o Executivo fez um diagnóstico das obras necessárias e estratégicas que ficariam como legado para a cidade e que seriam priorizadas pelo governo. Depois, os recursos foram viabilizados a partir do próprio Estado, captados por financiamento ou por meio de parcerias diretas com o governo federal. No total, são cerca de R$ 4 bilhões em investimentos.

Neste momento, já foi iniciada a terceira etapa: da execução plena das obras. “Algumas delas, inclusive, já atingiram mais de 30%, como o Porto Futuro II e o Parque da Cidade. Além disso, nós estamos com as obras do Parque Linear da Doca, as obras do Parque Linear da Tamandaré, estamos na fase de contratação de um amplo investimento em pavimentação de ruas que ultrapassam R$ 300 milhões, e também a duplicação da Estrada da Marinha, que será um novo acesso, facilitando a mobilidade urbana e desafogando o trânsito em importantes rodovias e vias estratégicas da Região Metropolitana de Belém”, pontua.

Obras que serão entregues até a COP 30 em Belém

Este conjunto de obras, segundo Barbalho, é o maior volume de investimentos já feito na capital paraense. Isso vai permitir, quando as obras estiverem prontas, que Belém esteja em uma condição melhor de cidade. “Há uma preocupação do Estado de aproveitar o grande evento para posicionar Belém e o Pará como líderes ambientais e da Amazônia, mas queremos aproveitar este momento para deixar um legado de uma melhor cidade para quem vive na nossa capital”. A promessa do governo é de concluir as intervenções até agosto de 2025.

Geração de emprego

Segundo o governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop), os trabalhos na Nova Doca, Tamandaré e Canais, que já estão em andamento e fazem parte do pacote de obras voltadas para a COP 30, têm 500 trabalhadores em atividade, mas, no pico das obras, a quantidade deve chegar a, aproximadamente, dois mil.

Já a Secretaria de Estado de Cultura (Secult), que divide a responsabilidade desses investimentos com a Seop, afirmou que as obras do Porto Futuro II e do Parque da Cidade, que sediará a COP 30, têm 785 trabalhadores em atividade, número que pode chegar a 1.600 no pico dos trabalhos.

Obras prioritárias

De todos os investimentos que estão previstos, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (Psol), destaca, com exclusividade ao Grupo Liberal, algumas obras como principais. Em primeiro lugar, a reforma total da Feira do Açaí e do Ver-o-Peso, Mercado de Ferro e Mercado de Carne, incluindo a Ladeira do Castelo. Só esses locais somam R$ 64 milhões em aportes, com a entrega prevista para “muito antes” da COP 30. Serão gerados quase 300 empregos, entre diretos e indiretos.

image Prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (Wagner Santana / O Liberal)

Outra obra que ele afirma ser importante e que já está quase 60% concluída é o complexo turístico e gastronômico de São Brás, que inclui o Mercado. O investimento é de R$ 118,39 milhões e devem ser gerados, até o final da obra, um total de 3.500 empregos, contando diretos e indiretos, de acordo com a Prefeitura de Belém.

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“O objetivo dessas obras é gerar emprego, esse é um problema a ser enfrentado em Belém. Já que não temos indústria, literalmente falando, a indústria do turismo cultural e gastronômico, que Belém é forte nessa identidade, vai ser o mote, de modo que em todos os nossos projetos a preocupação central é com as pessoas. É bem verdade que, como arquiteto, eu valorizo o belo, e o Mercado de São Brás vai ser um espetáculo da arquitetura mundial, não estou exagerando, mas ele não valeria nada para mim se não fosse para gerar centenas de empregos para garçons, cozinheiros, chefs, gerentes, empresários e feirantes”, declara.

Já a terceira obra destacada por Rodrigues é a implantação do Parque Urbano Igarapé São Joaquim, que soma um aporte de R$ 150 milhões e deve gerar quase 2.900 empregos, entre diretos e indiretos. Atualmente, a licitação está em fase de conclusão e há previsão para que o início da obra seja até julho. Com uma área contemplada de 83 hectares, este será o primeiro parque ambiental do gênero na América Latina e alcança os bairros de Val-de-Cans, Sacramenta, Barreiro e Telégrafo.

“Imagina o que é uma obra que inicia na avenida Júlio César e segue o rio em direção à Baía do Guajará por 4,8 km, favorecendo populações carentes que sofrem alagamentos. É uma mudança paisagística, a mata ciliar será recomposta dentro do possível, não queremos expulsar pessoas e plantar florestas, mas onde tiver possibilidade teremos o aumento da massa florística. Teremos o parque e também brinquedos para as crianças. A ideia é concluir a primeira etapa logo no próximo semestre e até a COP já estar avançando na segunda etapa”, adianta o prefeito.

Outras intervenções

Fora esses destaques, há outras melhorias previstas para Belém. Por exemplo, uma obra complementar à do São Joaquim é o Parque Gunnar Vingren. “No Dia do Meio Ambiente, apresentaremos o projeto à sociedade e eu assinei a ordem de serviço para o início da obra. Imagina o Bosque Rodrigues Alves com 10 hectares, agora pensa multiplicado por mais de quatro. Decidi que usaremos recursos da operação de crédito do Banco do Brasil, o projeto está orçado em R$ 30 e poucos milhões, então já vamos dar início à obra para fazer o muramento, como no Utinga, em todo o Gunnar Vingren, desde a Júlio César até a Marambaia e Médici”.

Dentro do parque, Edmilson afirma que haverá equipamentos como mirante, atividades científicas e de lazer. Como o parque já está pronto, em termos de natureza, falta apenas cercar para dar segurança e estabelecer as trilhas ecológicas, formas de visitação e fazer a construção de algumas arquiteturas. A estimativa é de gerar quase 500 empregos com essa obra, que corresponde a 38 hectares de floresta nativa.

A modernização da avenida Júlio César, que leva ao aeroporto, também está no radar do Executivo. Com investimentos na casa dos R$ 136,6 milhões e uma geração de empregos de cerca de 2 mil empregos, será contemplada toda a extensão da avenida Júlio César, desde a avenida Almirante Barroso até o Aeroporto Internacional de Belém. Os serviços serão de terraplenagem, pavimentação, drenagem, sinalização, paisagismo, obras de artes especiais, estações de passageiros e obras de reurbanização.

E há recursos garantidos para a compra de 30 ônibus elétricos, segundo o prefeito da capital paraense. No total, a aquisição será de 113 veículos, sendo 20 ônibus elétricos e 93 movidos a diesel, incluindo 18 micro-ônibus. “Estão prontos, são totalmente não poluentes, eles têm uma tecnologia moderna que reduz em até 80% os gases de efeito estufa. Todos são ônibus com possibilidade de saída dos dois lados, têm maior flexibilidade de uso, com ar condicionado e sistema de wi-fi. A partir de agora, todos os ônibus oferecerão conforto térmico”, garante. A estimativa é de gerar 30 empregos.

Além disso, 300 ônibus vão chegar a partir de junho, diz Edmilson. Também equipados com ar-condicionado e wi-fi, eles já estão em fase final de fabricação em São Paulo e devem chegar a Belém até o fim de junho para inclusão na frota do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel). A aquisição é fruto de parceria da Prefeitura de Belém que isentou os empresários do pagamento de impostos municipais e estaduais. Veja no infográfico a geração de emprego e os investimentos de cada obra com participação da Prefeitura.

Por último, o prefeito da cidade destacou a implantação do Distrito de Inovação e Bioeconomia, que funcionará no bairro da Campina, com uma arquitetura adaptada para salas de aula, laboratórios, auditórios, terraço com café e eventos na parte superior e onde vai haver a formação de jovens como programadores. “Já estamos com 180 alunos em parcerias com universidades, e o objetivo é que jovens de 14 a 19 anos aprendam com seis doutores do curso de computação da UFPA, na base Python, usada no mundo todo pelos programadores. Queremos que eles ajudem a criar startups para bioeconomia”.

Garantia de entrega

Para garantir que todas as obras sejam entregues a tempo do evento, o governo do Estado tem uma Central de Monitoramento, segundo o governador Helder Barbalho. “Nós temos um escritório específico da COP para garantir que os prazos se cumpram. Temos um escritório contratado especificamente para isso, porque nós temos a preocupação do calendário, nós temos a preocupação da geração de emprego. Estas obras todas mobilizam milhares de empregos, o que é fundamental para a construção civil do nosso Estado”, avalia.

image Legenda (Raphael Luz / Agência Pará)

De acordo com o chefe do Executivo paraense, o governo está “absolutamente seguro” de que os cronogramas estão dentro do previsto para que as melhorias sejam entregues no início do segundo semestre do ano que vem. “Esperamos que, em agosto de 2025, estejamos com essas obras prontas para entregar à cidade de Belém nesse momento preparatório da COP. O evento significa uma virada de chave e um novo paradigma para o Brasil, um novo ambiente para que Belém possa reacender, revigorar-se e poder se reencontrar como metrópole da Amazônia”.

Já o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, lembra que também há um Comitê Municipal para a COP 30, liderado por Cláudio Puty e envolvendo várias secretarias. O objetivo é viabilizar as obras de infraestrutura e as políticas sociais e ambientais. “A nossa preocupação é com a cidade, com a paisagem mais bonita, mas a paisagem humana também. Tudo o que fizermos tem que ser para melhorar a vida da população”. Segundo ele, é preciso mudar o cenário de empregabilidade em Belém e as obras da COP cumprem esse papel.

Obras para a COP 30

Intervenções da Nova Doca, Tamandaré e Canais

  • Empregos: Cerca de 2 mil

Porto Futuro II e Parque da Cidade

  • Empregos: 1.600

Reforma do Complexo Ver-O-Peso

  • Investimento: R$ 64 milhões
  • Empregos: 298 (165 diretos e 133 indiretos)

Revitalização das ruas João Alfredo e Santo Antônio

  • Investimento: R$ 5 milhões
  • Empregos: 51 (23 diretos e 38 indiretos)

Duplicação da avenida Bernardo Sayão

  • Investimento: R$ 246,7 milhões
  • Empregos: 1.460 (576 diretos e 874 indiretos)

Requalificação do Mercado de São Brás

  • Investimento: R$ 118,3 milhões
  • Empregos: 3.500 (500 diretos e 3 mil indiretos)

Parque Urbano Igarapé São Joaquim

  • Investimento: R$ 150 milhões
  • Empregos: 2.856 (1.146 diretos e 1.710 indiretos)

Revitalização da avenida Júlio César

  • Investimento: R$ 136,6 milhões
  • Empregos: 1.996 (751 diretos e 1.245 indiretos)

Programa de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Igarapé Mata Fome (Prommaf)

  • Investimento: R$ 401,8 milhões
  • Empregos: 7.634 (3.063 diretos e 4.571 indiretos)

Reforma do Parque Ambiental Gunnar Vingren

  • Investimento: R$ 32 milhões
  • Empregos: 481 (244 diretos e 237 indiretos)

Distrito de Inovação e Bioeconomia

  • Investimento: R$ 7 milhões
  • Empregos: 131 (51 diretos e 80 indiretos)

Transporte Público e Frota de Ônibus

  • Investimento: R$ 133,6 milhões
  • Empregos: 30 (20 diretos e 10 indiretos)

Nova Rômulo Maiorana

  • Investimento: R$ 27 milhões
  • Empregos: 384 (124 diretos e 206 indiretos)

Fonte: Governo do Pará e Prefeitura de Belém

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