Motéis belenenses viram alternativa de estadia durante a COP 30

Empresários do setor veem a conferência como oportunidade de negócio, oferecendo quartos amplos, boa localização e serviço de quarto

Paula Almeida / Especial para O Liberal

Belém está se preparando para receber a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que acontecerá em novembro deste ano na cidade. Líderes mundiais de diversos países, empresários, jornalistas e outros profissionais devem vir e se hospedar na capital. No entanto, a grande demanda de pessoas e a baixa disponibilidade de quartos estão fazendo com que as estadias para o evento fujam do tradicional. Donos de casas, vilas, estúdios e até mesmo de motéis pretendem oferecer quartos para os visitantes da COP e lucrar com o período de grande movimentação.

Segundo o assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará, Fernando Soares, delegações de países estrangeiros já estão entrando em contato com donos de motéis belenenses à procura de reservas para suas equipes. “Diversas delegações estão fechando com esse tipo de hospedagem: motéis, pousadas... A intenção é que eles fiquem instalados nesses locais durante o evento”, conta.

Com esse novo tipo de acomodação, Belém e a região metropolitana já contam com cerca de 24 mil leitos disponíveis para os visitantes da conferência, número que deve aumentar à medida que o evento se aproxima.

Yorann Costa, proprietário de um motel localizado na avenida Perimetral, em Belém, é um dos empresários que estão se preparando para lucrar com a COP. Ele conta que já iniciou o contato com interessados por meio da intermediação de corretores. “Nós procuramos os corretores, pessoas que estão à frente da COP 30. Elas têm oferecido o motel para algumas delegações, das quais já tivemos 12 interessadas”, afirma.

Acomodações luxuosas e confortáveis

Quem optar por se hospedar em um motel poderá aproveitar regalias que esses estabelecimentos geralmente oferecem, como hidromassagem, sauna e cozinha, tudo em um único quarto privativo.

image Yorann Costa, proprietário de um motel da capital (Thiago Gomes / O Liberal)

O motel de Yorann conta com três tipos de acomodações: premium, intermediária e loft. A diferença entre elas está nos serviços oferecidos: a primeira possui hidro e sauna; a segunda, apenas hidro; e a terceira é similar a um apartamento convencional.

Durante a conferência, o empresário pretende adicionar beliches e triliches aos quartos e afirma que, nas acomodações premium, cabem confortavelmente até quatro pessoas.

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A decoração pode causar constrangimento?

Em outros países, especialmente nos Estados Unidos, os motéis são conhecidos como hotéis de estrada, usados principalmente por pessoas em trânsito ou viajando de carro. No Brasil, porém, esses estabelecimentos ganharam outra conotação, voltada ao público que busca privacidade para encontros íntimos.

Apesar de comuns para os brasileiros, muitas pessoas ainda se sentem constrangidas em frequentar esse tipo de ambiente. Então, como será para os estrangeiros se hospedarem neles?

Yorann conta que pretende retirar certos elementos que remetem ao apelo sexual do local, como cadeiras eróticas, mas relata que os pole dancers permanecerão, já que estão fixados no teto.

Marcos Santos, também proprietário de um motel em Belém, diz que é difícil retirar toda a decoração e admite que algum objeto pode gerar certo constrangimento nos hóspedes. Ainda assim, aposta no conforto como diferencial. “É possível que algo intimide o hóspede, mas acredito que não a ponto de ele desistir da estadia. O conforto vale a pena — e aqui temos de sobra”, afirma.

image Acomodações confortáveis e amplas são um diferencial no ramo da hospedagem (Thiago Gomes / O Liberal)

Segundo Fernando Soares, alguns estabelecimentos estão negociando diretamente com as delegações. As equipes devem chegar com antecedência e adaptar a decoração dos quartos com as cores de seus países. “Eles planejam reformar os espaços com os temas das nações que irão hospedar. A ideia é transformar o ambiente em uma extensão do país”, relata.

Dificuldades na precificação

Devido à inflação, à alta do dólar e à escassez de acomodações em Belém, alguns empresários estão enfrentando dificuldades para definir os preços das hospedagens. Yorann afirma que ainda não sabe quanto irá cobrar, já que a negociação com os interessados pode influenciar na definição final dos valores.

Além disso, seu motel está localizado a poucos quilômetros dos principais pontos que receberão eventos durante a COP, como o Hangar Centro de Convenções, a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

“Temos uma excelente localização. Estamos a três quilômetros do Hangar, a sete do aeroporto, a pouco mais de quatro do Parque da Cidade, além das universidades, que também terão agendas. Pretendo considerar tudo isso e a qualidade das nossas acomodações na hora de definir os preços”, relata.

Treinamento das equipes e curso de inglês

Ambos os empresários pretendem treinar suas equipes para melhor atender os hóspedes estrangeiros. Marcos conta que oferecerá aulas de inglês para ao menos dez funcionários.

“Os responsáveis por cada setor do meu estabelecimento vão receber o treinamento. Também faremos uso de ferramentas virtuais de tradução, já que o inglês pode não ser a língua nativa de alguns dos nossos clientes”, explica.

Yorann afirma que dará férias coletivas à equipe durante o evento. Aqueles que decidirem trabalhar serão remunerados e também receberão aulas básicas de inglês. “Vou perguntar quem tem interesse em aprender o idioma. Vou disponibilizar professores para ensinar o básico, mas acredito que vamos usar bastante a inteligência artificial e os tradutores automáticos”, conclui.

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