Lula cobra promessas de US$ 1,3 tri de países ricos para financiamento ambiental na Amazônia
No ano da COP 30 em Belém, Lula vem à Amazônia e cobra compromisso das nações industrializadas com a proteção da floresta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou, nesta quarta-feira (12), o cumprimento de promessas de financiamento ambiental feitas por países mais ricos para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A declaração foi dada em entrevista à Rádio Diário FM, de Macapá (AP), no início de um giro do presidente da República pela Amazônia. Nesta quinta-feira, 13, Lula chega a Belém para vistoriar obras para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), que será realizada na capital paraense de 10 a 21 de novembro deste ano, além de entregar outras obras federais e ações do governo.
De acordo com o presidente, hoje, os países ricos teriam que desembolsar US$ 1,3 trilhão para que os países pobres possam custear a redução da emissão de gases do efeito estufa.
“Queremos discutir seriamente o financiamento. Vão financiar ou não? Na COP de 2009, eu era presidente da República e lá os países ricos prometeram dar 100 bilhões de dólares para que os países com florestas em pé mantivessem as florestas. Não deram. Depois prometeram 300 bilhões (de dólares), não deram. Agora, a necessidade fez chegar a 1,3 trilhão (de dólares). Vai ficar cada vez mais difícil. E pelo comportamento do presidente dos EUA, vai ficar cada vez mais difícil os países ricos se comprometerem a ajudar na salvação do planeta”, declarou o presidente.
Lula se referiu ao acordo firmado na COP 29, em Baku, no Azerbaijão, no ano passado, que estabeleceu com muita dificuldade um acordo de financiamento climático de US$ 300 bilhões por ano até 2035. O acordo substitui o objetivo anterior de US$ 100 bilhões anuais de 2020 a 2025. Na última COP, ficou decidido que os países devem trabalhar por um acordo de escalonamento do financiamento climático até a COP 30, este ano, em Belém. Outro resultado da COP 29 foi um acordo entre os países participantes sobre o estabelecimento de um mercado global de carbono.
Com isso, aumentou a expectativa e a importância do acordo que deverá ser firmado em Belém. Para o presidente, a COP 30 em pleno coração da floresta Amazônica será fundamental para que o planeta discuta profundamente a importância do financiamento para a preservação das florestas e o combate aos efeitos da mudança do clima.
Trump
Entre as dificuldades em fazer com que os países ricos cumpram as promessas de financiar a preservação ambiental, Lula citou a eleição do presidente norte-americano, Donald Trump, que tomou posse na presidência dos EUA há menos de um mês e, neste período, já tomou medidas que vão na direção contrária à proteção ambiental – o país iniciou as tratativas para deixar o Acordo de Paris e voltou a incentivar a exploração de petrólo e o uso de canudos de plástico, por exemplo.
"Pelo comportamento do presidente americano, eu acho que vai ficar cada vez mais difícil os países ricos quererem se comprometer a ajudar a salvação do planeta", afirmou Lula à Rádio Diário de Macapá.
Amazônia
Para o presidente, a discussão deve levar em conta não somente a preservação do meio ambiente, mas ter atenção às populações que dependem e atuam do ecossistema das florestas. “Estamos cobrando do mundo desenvolvido, que já desmatou toda a sua terra, que eles financiem para que os países que ainda têm floresta, mantenham elas em pé. Para mantê-las em pé, precisamos garantir comida na boca de quem mora lá, de quem trabalha, de quem pesca, de quem atua nos seringais”, prosseguiu.
Segundo Lula, a COP30 vai permitir que a comunidade internacional tenha noção mais precisa de como vivem os moradores na região amazônica. “Todo mundo dá palpite na Amazônia, mas pouca gente conhece. Então, quando decidimos fazer a COP no Pará era porque a gente queria que parem de falar na Amazônia e venham conhecer. Não ache que lá só tem mato. Embaixo de cada copa de árvore tem um trabalhador, um seringueiro, um pescador, um pequeno proprietário de terra, um trabalhador rural. E essa gente precisa ser respeitada”, concluiu.
A COP 30 será entre 10 e 21 de novembro. A estimativa é que mobilize um fluxo de mais de 40 mil visitantes e delegações dos 193 países da ONU durante os principais dias de debate. O Governo Federal está investindo, via Novo PAC, mais de R$ 4,7 bilhões na preparação de Belém e do estado para o evento de 2025, em áreas como infraestrutura, saneamento, turismo e hotelaria e melhorias na região portuária.