Empresários de Belém apostam nos cafés especiais para a COP30
Assunto foi debatido em rodada de conversa e palestra, promovida pela Associação Comercial do Pará (ACP)
O mercado de café especial já pode considerado um segmento em plena expansão e, em Belém, empresários apostam nesse ramo para a 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas - COP 30, programada para novembro de 2025. Pensando nisso, o assunto foi tema da Rodada de Conversa e Palestra, promovida nesta semana pela Associação Comercial do Pará (ACP) através da Câmara Setorial do Café Especial da ACP.
Reunindo proprietários de cafeterias, restaurantes, bares, padarias, empórios, baristas (profissional porta voz dos cafés nas cafeterias), agrônomos e produtores de café, além da palestrante, que é analista-técnico do Sebrae Nacional Café, o evento debateu o cenário do mercado nacional dos cafeicultores e desafios que os profissionais de cafés especiais de Belém enfrentam para desenvolver seu próprio negócio, já que o Pará não é contemplado como produtor de café, segundo o mapa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O encontro ocorreu na ACP e falou sobre "Preparação COP30: oportunidades para o mercado de cafés especiais em Belém", com o objetivo de fortalecer as conexões com o comércio, ofertar diversidade no cardápio, treinar equipe, oportunizar café nos eventos e valorizar produtos com sustentabilidade.
A comercialização do café especial em vem conquistando espaço desde 2008, ano em que o empresário Bruno Wariss, que também é coordenador da Câmara Setorial de Cafés Especiais da ACP, começou a comprar no sul de Minas Gerais o produto e passou a oferecer nos restaurantes e padarias. Em 2022, depois de muito treinamento e conhecimento, ele começou a comprar grãos e montou sua torrefação utilizando café de origem arábica. Hoje, 80% das vendas são nas cafeterias, confeitarias e docerias.
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“Depois de muito conhecimento, a gente começou a desenvolver em Belém. A gente treina hoje 2 mil pessoas por ano entre baristas, coffee lovers e donos de cafeterias”, disse o empresário. “Tivemos que começar do zero a cultura do café especial. Existem outras pessoas também que desenvolvem este trabalho, como a Liane Dias, que é curadora de café especial”, acrescentou.
A analista-técnico e gestora de projetos de café do Sebrae Nacional, Carmen Souza explica que o Brasil tem 17 regiões produtivas e produz mais de 60 milhões de sacas de café anualmente. O objetivo do Sebrae é capacitar todos os elos da cadeia produtiva e propor políticas públicas para fortalecer a cafeicultura e assim, avançar muito mais. O Sebrae atua na qualificação de toda a cadeia produtiva, com cursos que abrangem desde a plantação até o comércio.
Engenheiro agrônomo da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária da Pesca (Sedap), Thiago Leão destaca o desafio de reativar a cafeicultura no Pará através de projetos e estudos para. Segundo ele, a Secretaria busca apresentar uma proposta de projeto para reativação da cafeicultura no estado envolvendo o máximo de parceiros possíveis, juntamente com a Sedap. “Desta forma, apresentar como uma alternativa de renda e de recuperação ambiental para os produtores do estado. Solo e clima nós temos adaptados para a cultura. O robusta amazônico, da espécie canéfora, é mais adaptado ao clima da Região Norte. Então, temos condições plena para cultivar. Temos áreas aptas para isso e produtores interessados”, afirmou.
Para criadora de conteúdo cultural, gastronômico e turístico, Danielle Filgueiras, a programação ajudou a esclarecer como o café é importante não só para a economia do Brasil, mas também para a economia do Pará. “Eu por exemplo, que não trabalho com café, mas tenho curiosidade, gosto de café, consegui participar, entender a palestra e consegui trazer informações que no meu dia a dia vão ser bacanas. Ao mesmo tempo como paraense e produtora de conteúdo desta área, é bacana também ver essa preocupação do desenvolvimento no mercado local, que busca a melhoria dos produtos e pega exemplos do mercado nacional pra gente poder se inspirar e entender este processo no Brasil. Acho que o café está dentro da nossa cultura paraense. Temos formas peculiares de tomar café”, disse Danielle.
Cafés especiais
Os cafés especiais são grãos isentos de impurezas e defeitos, segundo a Associação dos Cafés Especiais do Brasil (BSCA). Se enquadram nessa condição cafés acima de 80 pontos, após a análise dos atributos, que seguem o protocolo de prova da associação. Além da qualidade, esses produtos têm rastreabilidade certificada e os critérios de sustentabilidade ambiental, econômica e social, devem ser respeitados, assim como todas as etapas de produção.
O coordenador Bruno Wariss explica que a diferença no paladar consiste em trabalhar com os grãos de café no máximo da maturação e no máximo da doçura natural, o que se torna estranho à maioria das pessoas, porque o café tradicional não leva grãos maduros. “Talvez seja provado o café sem açúcar, porém, doce naturalmente. Diferente de um doce industrial. Você acaba tendo um resultado muito melhor no paladar e muito mais saudável”, concluiu.
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