COP 30 fará Portugal e Amazônia se conectarem ainda mais
Empreendimentos e eventos em parcerias pautadas em sustentabilidade envolvem as duas nações em 2025
Quatro séculos após a chegada dos portugueses à Amazônia, os laços construídos entre o país europeu e a região da floresta amazônica ganham novas conexões com a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em Belém. Dessa vez, os conflitos do passado, por ocasião da ocupação portuguesa e da resistência dos povos indígenas Tupinambás que habitavam a região, dão lugar ao entendimento em torno das atividades turísticas entre Portugal e a Amazônia.
Belém, considerada a porta de entrada da maior floresta tropical do planeta, está mais próxima de Lisboa, capital portuguesa, do que do Rio de Janeiro ou São Paulo. Companhias aéreas como a TAP começam a despertar para uma rota turística luso-amazônica impulsionada pela realização da conferência.
Por conta das proximidades da COP 30, neste ano Belém entrou na rota do Roadshow Portugal Trade Meeting. O evento está programado para ocorrer em várias cidades do Brasil, no período de 7 a 11 de abril, incluindo a capital paraense, onde será realizado no próximo dia 8, em um hotel da cidade. O Roadshow ocorrerá em formato de workshop, reunindo 16 empresas portuguesas que apresentarão seus produtos e novidades sobre o destino.
Entre as empresas está a Vila Galé, rede hoteleira portuguesa pioneira em investimentos em Belém, com foco na COP 30. Pedro Ribeiro, diretor de marketing e vendas do grupo hoteleiro irá apresentar a rede hoteleira, que inclui o hotel Vila Galé Collection Amazônia, que abrirá as portas no próximo mês de outubro para o Círio, na região portuária de Belém.
Em conversa com o Grupo Liberal, Pedro Ribeiro, disse que a Vila Galé, como rede hoteleira de origem portuguesa, possui uma oferta bastante diversificada em Portugal, com 33 unidades que cobrem praticamente toda a geografia do país.
O grupo português tem hotéis em cidades como Lisboa, Porto, Coimbra, Évora e Braga, além de empreendimentos no interior, com destaque para as regiões do Alentejo e do Douro. Também tem forte presença no Algarve, com nove unidades, e nas ilhas da Madeira e dos Açores. No Brasil, são 13 unidades em operação e mais duas serão inauguradas neste ano, a de Belém e a de Ouro Preto, em Minas Gerais.
Segundo o executivo do Vila Galé, este é um momento estratégico para o Pará. Ele diz que a partir da chegada a Belém do grupo hoteleiro português, aliado a realização da COP 30, haverá maior visibilidade para o estado do Pará, quer como destino ou como mercado emissivo, o que é muito importante no desenvolvimento dos fluxos turísticos. “O Vila Galé Collection Amazônia vai ser um hotel no qual temos muita expectativa e confiança e com o qual esperamos captar novos tipos e segmentos de turismo para o Pará”, afirma.
O Vila Galé e outras empresas portuguesas vêm investindo no turismo sustentável e em ações para mitigar as mudanças climáticas. Em uma iniciativa inédita, a rede hoteleira começou a apoiar ações de reflorestamento da Serra da Estrela, um dos maiores pontos turísticos de Portugal, que foi castigada pelos incêndios nos últimos anos.
Floresta é um elemento essencial nos negócios
O secretário de Estado das Florestas de Portugal, Rui Ladeira, disse que o setor empresarial, especialmente o hoteleiro presente na região, reconhece que a floresta é um elemento essencial, não apenas para a biodiversidade, mas também como um fator fundamental para o desenvolvimento do território.
“Não se trata apenas de plantar árvores, mas também de criar uma cultura voltada para a preservação, especialmente entre os cidadãos e, em particular, os jovens", declarou o secretário.
Rui Ladeira entende que o caminho é plantar, gerir e criar economia. "Precisamos garantir que a floresta, como elemento essencial para a descarbonização, a biodiversidade e a resposta às alterações climáticas, seja preservada e utilizada de forma sustentável", afirma.
A sustentabilidade no turismo é um dos pilares do Plano de Ação 2025-2027, assinado por Brasil e Portugal. A cerimónia de renovação dos eixos estratégicos do Acordo Bilateral, que gerou o plano conjunto, ocorreu em fevereiro deste ano, em Brasília, e contou com a assinatura da Embratur e do Turismo de Portugal, com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do primeiro-ministro português, Luís Montenegro.
No documento, Brasil e Portugal se comprometeram a desenvolver ações voltadas ao turismo responsável, com foco em destinos de ecoturismo no Brasil e áreas protegidas em Portugal. Os projetos conjuntos buscarão mitigar os impactos ambientais e sociais em regiões sujeitas à pressão turística, promovendo boas práticas e preservação dos patrimônios naturais e culturais.
Turismo deve ser cada vez mais sustentável
Pedro Machado, secretário de Estado de Turismo de Portugal, diz que é cada vez mais necessário que o turismo seja sustentável, tanto no uso dos recursos naturais e bens materiais, quanto na forma como é percebido pelos consumidores. “Hoje, os viajantes estão mais conscientes e querem contribuir com práticas que ajudem na descarbonização do planeta”, afirma o secretário.
A expectativa é de que em 2030, 2,3 bilhões de pessoas estarão viajando. Em 2009, foram registrados 500 milhões de viajantes no mundo. Entre Brasil e Portugal foram registrados 11.823 voos, com 3,31 milhões de assentos disponíveis em 14 rotas operadas pelas companhias TAP, Azul e Latam.
O fluxo de turistas portugueses no Brasil também tem aumentado. Entre 2023 e 2024, houve um crescimento de 19,67% nas chegadas ao Brasil, passando de 182.463 para 218.354 visitantes. Em 2019, antes da pandemia, o número registrado havia sido de 176.229.
Portugueses estão desembarcando em maior número
O presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo, lembra que são 200 anos de relação diplomática Brasil/Portugal. “Só em janeiro e fevereiro de 2025, cinquenta mil portugueses entraram no Brasil”, revela o presidente da Embratur.
Com a reinauguração do escritório da Embratur em Lisboa, Marcelo Freixo afirma que o Brasil terá presença permanente na Europa. Ele vê a COP 30 como uma grande oportunidade de alavancar o turismo na Amazônia. “Como grande resultado da COP, para além dos acordos climáticos, a gente quer que a Amazônia se consolide como um destino turístico", afirma o presidente da Embratur.