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COP 30: cerca de 22 mil empreendedores devem receber capacitação para o evento

A expectativa do governo do Estado é de que o encontro movimente a economia paraense. Ao menos 5 mil trabalhadores devem ser contratados de forma direta.

Elisa Vaz

A realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP 30) em Belém deve movimentar a economia da capital paraense. O evento está marcado para novembro do ano que vem, mas, desde já, os empreendedores se preparam para faturar no período. Por meio do governo do Pará, cerca de 22 mil pessoas serão capacitadas até a realização da conferência.

Em nota enviada ao Grupo Liberal, a administração estadual informou que, para receber os visitantes que chegarão em Belém para o encontro sobre mudanças climáticas, o governo do Estado criou o programa “Capacita COP 30”, realizado por meio de parceria com 25 entidades da iniciativa privada, órgãos de classe e instituições de ensino, com o objetivo de suprir as demandas de mão de obra do mercado, com a oferta de cursos gratuitos em quatro pólos estaduais distribuídos na Região Metropolitana, Região do Salgado, Marajó e Santarém.

“Os cursos ofertados pelo programa Capacita COP 30 são nas áreas de turismo, gastronomia, infraestrutura e segurança do trabalho. A expectativa é formar 22 mil pessoas até a realização da COP, dos quais 1.600 já foram certificados. A formação destes alunos contribuirá para a qualificação da mão de obra do Estado, deixando um legado imaterial que permitirá o desenvolvimento de uma nova vocação econômica baseada no turismo receptivo em todo o Pará”, informou o governo.

Um dos órgãos que atuam como parceiros no programa é o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Pará (Sebrae-PA). No site do programa, por exemplo, há a oferta de 67 cursos envolvendo todos esses segmentos.


Geração de empregos

A partir desse aperfeiçoamento por meio das capacitações, e também por causa das grandes intervenções pelas quais Belém passa, muitos empregos devem ser gerados na capital. A estimativa do poder público é de que sejam criados em torno de 22.400 postos de trabalho entre diretos e indiretos. Apenas os diretos devem somar 5 mil, sendo que a expectativa é de que o evento aqueça o mercado e crie oportunidades em diversos setores da economia ligados ao turismo e prestação de serviços.

O governo do Estado e a Prefeitura de Belém haviam informado à reportagem em junho que, entre as obras para a COP 30, a que mais vai gerar emprego é o Programa de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Igarapé Mata Fome (Prommaf), que tem investimentos de R$ 401,8 milhões e deve gerar mais de 7,6 mil postos de trabalho diretos e indiretos. Confira no infográfico mais dados.


Outras intervenções com grande número de empregos previstos são a requalificação do Mercado de São Brás (R$ 118,3 milhões e 3,5 mil postos); o Parque Urbano Igarapé São Joaquim (investimento de R$ 150 milhões e previsão de 2,8 mil empregos gerados); as intervenções da Nova Doca, Tamandaré e Canais (que devem gerar 2 mil postos de trabalho); a revitalização da avenida Júlio César (R$ 136,6 milhões e quase 2 mil empregos); o Porto Futuro II, com investimento de R$ 568 milhões, e o Parque da Cidade, de R$ 400 milhões, (que devem gerar 1,6 mil postos); e a duplicação da avenida Bernardo Sayão (com valor de R$ 246,7 milhões e quase 1,5 mil empregos).

Setor de hotelaria

Como o Grupo Liberal já havia adiantado em julho, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Pará (ABIH) estima receber entre 40 mil e 50 mil pessoas durante a COP 30 em Belém. E, segundo a entidade, a rede hoteleira local tem se preparado intensamente para receber os visitantes da COP 30, desde os investimentos em infraestrutura até os treinamentos.


Por exemplo, uma das medidas é que o antigo prédio da Receita Federal, localizado na rua Gaspar Viana, esquina com a avenida Presidente Vargas, em Belém, será transformado em um hotel de luxo. O empreendimento terá a chancela da rede hoteleira portuguesa Tivoli e será construído pela Roma Incorporadora. O local foi cedido ao governo do Pará pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos para que o espaço fosse transformado em hotel. A assinatura do contrato de cessão do prédio foi realizada no dia 10 de julho pelo governador do Pará, Helder Barbalho, e pela vice-governadora, Hana Ghassan.

Situado próximo à Estação das Docas, o edifício estava desativado desde 2012 após um incêndio, e agora passará por uma requalificação completa. Com 18 andares e uma área de 2.709 m², o hotel terá 255 apartamentos, incluindo uma suíte presidencial de 230 m² e seis suítes executivas de 70 m². Além disso, contará com três restaurantes, sendo um especializado em culinária paraense, um terraço, um café-bar, áreas de piscinas e um SPA. O governador informou que o empreendimento deve ser entregue no segundo semestre de 2025.

Além desse empreendimento, o ministro do Turismo, Celso Sabino, anunciou um investimento para a construção de um grande hotel no município de Castanhal. A verba destinada para o novo espaço hoteleiro no Pará ultrapassa os R$ 27 milhões, do Fundo Geral de Turismo (Fungetur). O projeto visa preparar a região para receber a COP 30, garantindo infraestrutura adequada para os visitantes.

A ABIH ainda informou que diversos hotéis estão reformando suas instalações, e mais de 60 tipos de treinamentos foram implementados na cidade e no interior, como na ilha de Marajó e Santarém. Os treinamentos incluem desde técnicas de serviço até o ensino de idiomas como inglês, considerados essenciais para atender o público internacional.

No fim de 2023, o Governo do Pará publicou um decreto que altera a tributação para hotéis, pousadas, albergues e motéis na compra de ativos imobilizados. A medida, que terá validade até 30 de novembro de 2025, permitirá que os estabelecimentos adquiram os ativos com ICMS nas operações internas, dispensando a cobrança do diferencial de alíquota nas compras interestaduais incidentes nas aquisições de bens destinados ao ativo imobilizado da rede hoteleira paraense.

Outra medida implementada pela gestão estadual para estruturar o segmento para atendimento à Conferência da ONU foi a parceria firmada com a plataforma de hospedagem Airbnb, com o objetivo de tornar o serviço mais conhecido no Estado e ampliar o número de leitos. Quem atua junto com o site, por exemplo, é o Sebrae-PA, que oferece o curso “Noções básicas de como hospedar no Airbnb – Gestão de reservas”, voltado para proprietários de imóveis que já são anfitriões na plataforma e pessoas interessadas em iniciar a receber hóspedes.

As aulas seguem até o dia 11 de dezembro, com um total de 20 turmas. Na primeira classe, 37 pessoas se formaram. A iniciativa, que é fruto da parceria Airbnb e Sebrae, tem como objetivo qualificar empreendedores para contribuir com o turismo local antes, durante e após a realização da conferência na capital paraense. O conteúdo inclui desde noções básicas de como hospedar no Airbnb até a precificação de hospedagem.

“Sobre a hospedagem, o governo do Pará trabalha junto ao governo federal para proporcionar alternativas de hospedagem que comportem visitantes de diversos perfis na capital paraense. Entre as soluções para a demanda por leitos em Belém está a contratação de navios de cruzeiro que funcionarão como hotéis flutuantes, a construção de novos hotéis de luxo, a reforma e ampliação da rede hoteleira existente na Região Metropolitana de Belém por meio de linhas de crédito disponibilizados pelo Banpará, a construção da Vila Líderes para receber representantes de outras nações, o uso de vilas militares e a reforma de escolas que funcionarão durante a COP como alojamentos, além do uso de tendas climatizadas como hospedagem temporária e também a oferta de leitos via plataformas de aluguel de curta duração”, informou o governo do Pará à reportagem.

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