Renovação no mercado: aprendizado ganha força na formação de novos profissionais
Empresas juniores se tornam cada vez mais ambientes de pesquisa e experiência produtiva na criação de mão de obra qualificada no Pará
Com o objetivo de fomentar o aprendizado prático de jovens universitários nas áreas em que escolheram atuar, as empresas juniores são um caminho de renovação e fortalecimento do setor produtivo brasileiro. São associações civis sem fins lucrativos, formadas e geridas por alunos de um curso superior, como informa o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com o intuito de aproximar o mercado de trabalho das universidades e da trajetória dos acadêmicos.
No Pará, a modalidade possui a Federação Paraense de Empresas Juniores (Pará Júnior) e iniciativas de sucesso em diversas regiões.
“É um ambiente de aprendizado para o empreendedorismo”, demarca o pesquisador e engenheiro aeronáutico e mecânico Franco Jefferds dos Santos Silva, professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).
De acordo com ele, a relação entre iniciativa privada e academia deve ser vista como um encontro de expansão de conhecimentos. “A cooperação com a universidade constitui uma oportunidade de extensão junto à sociedade, principalmente, junto às empresas da região onde futuramente estes alunos poderão atuar como profissionais ou mesmo como novos empresários”, ressalta.
A empresa júnior deve funcionar com os mesmos desafios das outras empresas que estão no mercado prestando serviços em projetos e desenvolvimento de produtos, explica o professor. A diferença é a ligação do modelo de empreendimento com a universidade e a participação de um professor ou professora como orientador dos graduandos. O fato das empresas estarem ligadas aos cursos permite que haja a extensão tecnológica e social com suporte científico.
“Também é um ambiente com enormes oportunidades para a inovação. Por estarem diretamente atuando no mercado, os alunos, ainda durante seus cursos de graduação, já têm contato com profissionais que estão no mercado de trabalho e estabelecem as chamadas networks e cooperações. A partir daí desenvolvem competências que irão facilitar a entrada nesse mercado depois que se formarem”, demarca o professor Franco.
Para o pesquisador, a criação de modelos de negócios inovadores parece ser uma vocação natural do Pará, o que explica o surgimento de oportunidades características da região amazônica, que podem ser aproveitadas pelas empresas juniores.
“É difícil dizer onde devem investir nesse momento, mas penso que a chamada Economia do Conhecimento deve ser o norte. Nessa direção as empresas que estão trabalhando com energias renováveis estão tendo bons resultados, também as atuações que trazem aplicação de novas tecnologias para questões como saneamento, saúde pública e educação oferecem oportunidades interessantes”, alerta o especialista.
INOVAÇÃO
Em Marabá, onde leciona na Unifesspa, o professor Franco aponta que as empresas na cadeia da mineração estão se modernizando rapidamente e trazem muitas oportunidades para as empresas juniores. “É muito importante olhar para a inovação, sobretudo aquela que se associa às enormes oportunidades nas áreas ambiental e cultural da região amazônica. Por exemplo, uma bioeconomia que se beneficie do interesse na preservação e no desenvolvimento da região deve resultar na criação de novas e importantes empresas”, defende.
A principal dica para os jovens que pretendem se engajar em uma empresa júnior, para Franco, é ter perseverança. “Ter disposição, muita disposição, sempre encarar os desafios como oportunidades de aprendizados. É importante também conhecer as normas relacionadas a abertura de uma empresa júnior (EJ). A parte administrativa das EJs é sempre um desafio. Ser criativo e buscar novos métodos para alcançar os resultados desejados é importante. O Movimento das Empresas Juniores ajuda bastante nesse quesito no início das EJs”, aconselha.
No Brasil, o Movimento das Empresas Júniores (MJE) é representado pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores, a Brasil Júnior. De acordo com a entidade, em 2018, os jovens empreendedores foram responsáveis por faturamento de quase R$ 30 milhões em todo o país.
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