Recuperação de áreas transforma a Flona de Carajás
Para preservar essa imensidão verde, mais de 5 mil hectares se encontram em estágio de restauração pela Vale e mais de um milhão de mudas já foram plantadas na região
A Floresta Nacional de Carajás (Flona), uma das maiores áreas de vegetação nativa do sudeste do Pará, comemora, neste mês de fevereiro, 24 anos de sua criação oficial. Administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Vale, possui mais de 411 mil hectares. Para preservar essa imensidão verde, a empresa possui várias iniciativas, entre elas, o programa de restabelecimento da conectividade florestal. Por meio dele, mais de 5 mil hectares já se encontram em estágio de restauração, uma área equivalente a 5 mil campos de futebol, e mais de um milhão de mudas já foram plantadas na região. A formação do corredor ecológico contribui para o retorno da fauna silvestre e a regeneração natural das espécies nativas da Amazônia.
Mário Oliveira, Engenheiro Florestal da Vale, explica que uma das propriedades adquiridas pela empresa, que compõe os 4 mil hectares do programa de restabelecimento da conectividade florestal, está localizada ao sul da Floresta Nacional de Carajás, no interior e na zona de amortecimento – ou seja, no entorno da unidade de conservação. “O objetivo é unir os fragmentos florestais para redução dos passivos ambientais na bacia hidrográfica do rio Itacaiúnas”, diz.
O trabalho é feito a partir de sementes coletadas pela Cooperativa dos Extrativistas da Flona de Carajás (Coex) – a única autorizada pelo ICMBio, e que são adquiridas pela Vale, diz Jenaldo Carvalho, analista de Meio Ambiente da empresa. São 200 mil mudas produzidas por ano, com mais de 120 espécies nativas cultivadas. O objetivo principal é a restauração florestal e também a doação das espécies para escolas e comunidades em geral.
Os cooperados da Coex são da própria comunidade local, que já utilizavam a Flona Carajás para colher jaborandi. Além da preservação, a coleta de sementes proporciona uma nova fonte de renda para os moradores.
De acordo com Ricardo Campelo, analista de Meio Ambiente da Vale, para transformar pastagens em futuras florestas, o grande desafio é combater as espécies invasoras, principalmente o capim, para que as espécies nativas florestais possam crescer e se estabelecer. “Onde antes era pasto, ou uma área degradada, hoje há uma floresta em formação, com matrizes florestais atrativas para a fauna silvestre da região. Esse é o fruto do nosso trabalho de conectividade florestal”, garante Mário Oliveira.
Desde 2016, um dos projetos da Vale, realiza a recuperação de área degradada, incluindo várias espécies arbóreas ameaçadas de extinção, entre elas, a Castanha do Pará. Nas últimas décadas, com o aumento do desmatamento, a Castanha do Pará entrou na lista de espécies ameaçadas de extinção. Segundo Arnaldo Silva, Técnico de Meio Ambiente da empresa, a Castanha do Pará é um ícone da Amazônia e garante recursos naturais, tanto para a vida animal quanto para as comunidades tradicionais, como alimento e comércio.
A Engenheira Florestal Schweyka Holanda diz que a iniciativa busca repor os castanhais que foram sendo reduzidos à medida do tempo, devido à formação das pastagens e das fazendas na região. Ela menciona que algumas fazendas com predomínio de pastagem para a criação extensiva de gado, após a aquisição da área pela Vale, foi incluída nos programas de recuperação de áreas degradadas, com o início do plantio no local. “Hoje é possível perceber um microclima diferenciado, tem um sombreamento, que inclusive é responsável por uma frequência menor de gramíneas, que predominavam na área anteriormente”, diz. Segundo ela, há ainda a presença de fauna, atraída por outras espécies frutíferas, como murici e ingá. “A gente percebe a presença de aves e outros animais nos plantios, em uma castanheira plantada em 2016, vemos indícios de animais tentando se alimentar das folhas. É um indicador positivo”, afirma.
Segundo Schweyka Holanda, a Castanha do Pará depende de polinizadores, principalmente de abelhas nativas, ou seja, a formação desses novos castanhais também garante que outras espécies continuem existindo na região, que são extremamente importantes para manter não somente a árvore, a castanheira, mas toda fauna que depende dela para sobreviver. “Quando a gente fala do projeto de Castanha do Pará, a gente está falando de um legado para as gerações futuras. Não serei eu que vou coletar essas castanhas, mas podem ser meus filhos, netos, enfim. São gerações futuras que vão usufruir do que essa árvore pode oferecer”, completa.
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