O amanhã deve ser mantido de pé

Dilson Pimentel
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O presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), Deryck Martins avalia que a manutenção da floresta viva como geradora de novos negócios é o presente e o futuro da Amazônia.

“Através dos produtos e serviços que ela permite, temos a possibilidade de uma infinidade de oportunidades que deverão ser ampliados nos próximos anos”, diz Martins. “Destaco aqui o mercado de carbono, após COP26, que deverá ganhar bastante espaço nos próximos anos. Ele surge como forma de criar um benefício adicional ao produtor que preservou parte de sua floresta ou que reflorestou sua propriedade. É a consolidação de compensar quem preservou, transformando o ativo florestal vivo em rentabilidade. Novo e promissor negócio sustentável".

Para Kairós Kanavarro, da Ekilibre Amazônia, o maior objetivo da empresa é comprovar que a floresta em pé vale muito mais do que derrubada. “Fazemos cosméticos e produtos de higiene pessoal utilizando somente ingredientes naturais. Não usamos nada de sintético. Todas as nossas matérias primas vêm das comunidades ribeirinhas”.

Segundo ele, a ideia não é comprar semente dos ribeirinhos. Mas fortalecer a verticalização da produção. “Ou seja: nós, dentro da nossa empresa, temos uma área em que a gente ajuda na capacitação das comunidades ribeirinhas para eles produzirem, a partir do conhecimento tradicional, que aprenderam com os pais e avós, manteigas e óleos. Compramos deles e beneficiamos isso dentro da nossa indústria, em Alter do Chão (distrito de Santarém), e transformamos isso em produto”.

‘Banco verde’

Kairós Kanavarro afirma que o verdadeiro laboratório da empresa é a floresta. “Nossa ideia é aproximar o ser humano da natureza. Nossa ideia é gerar renda dentro da floresta, valorizando a diversidade vegetal, valorizando a cultura tradicional dos povos, que sempre preservaram a floresta e é por isso que, até hoje, a gente tem essa floresta frondosa e que tanto nos entregue. A ideia é valorizá-los, gerar renda e promover cada vez mais esse tipo de trabalho da bioeconomia, bionegócios”.

Há sete anos, Kanavarro foi à primeira comunidade ribeirinha de quem, até hoje, compra andiroba. “Eles tinham oito árvores de andiroba. Eu falava: ‘vocês precisam entender que a árvore de andiroba é um banco verde. Em vez de vocês venderem para madeireira, plantem mais árvores que vocês vão conseguir produzir mais óleo de andiroba’. No começo desse ano, quando fui lá fazer a visita, eles disseram: ‘Kairós, estamos com mais de 30 árvores’. Estão produzindo mais de 400 litros de andiroba por ano. Eles pararam de vender as árvores para madeireiras e já estão começando a viver com o que aprenderam com os avós deles. O objetivo da Ekilibre é fazer produtos que geram resultado, geram saúde, bem-estar, utilizando o conhecimento e a cultura tradicional dos povos amazônidas. Isso é bioeconomia, isso é bionegócio”. 

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Reportagem
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