Costa amazônica brasileira possui mais de 80% dos manguezais do País
A maior ameaça a esses ecossistemas ainda é o assentamento humano
Os mais recentes trabalhos sobre as áreas de manguezal no estado do Pará apontam para 2.100 km², o que representa aproximadamente 21% dos manguezais brasileiros e cerca de 26% dos mangues da costa amazônica brasileira. Os que ficam nessa costa representam mais de 80% dos manguezais do Brasil, com cerca de 8 mil km², explica o professor doutor Marcus Fernandes, do Laboratório de Ecologia de Manguezal (Lama), do Instituto de Estudos Costeiros (Iecos), da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Ele considera as áreas como um todo (costa amazônica brasileira) ou as divide por Estado - Amapá, Pará e Maranhão. A faixa de manguezal amazônica, em qualquer um dos três estados, está sujeita às mesmas pressões, tanto antrópicas (que resulta da ação do homem) como naturais. “Os nossos estudos têm mostrado que a maior ameaça é ainda o assentamento humano (novas ocupações na linha costeira ou mesmo a expansão das que existem). Isso implica em algum desmatamento, mas não em grande escala”, disse.
Outra ameaça constante e relevante é a construção de rodovias (pavimentadas e não pavimentadas), especialmente as não pavimentadas, que são os ramais, cuja função no contexto da sensibilidade ambiental é levar as mais diversas atividades (que podem ser predatórias) para dentro do manguezal.
Ainda segundo o doutor Marcus Fernandes, os estudos mostram que cerca de 90% dessas estradas pavimentadas estão a 3 km das florestas de mangue - ou seja, estão próximas, facilitando o acesso e, consequentemente, levando risco para o ecossistema manguezal como um todo. E alertou: “Caso essas atividades antrópicas sejam liberadas ou de algum modo conseguirem se instalar nessa faixa costeira, muito provavelmente teremos um manguezal sob alto risco de degradação”.
O professor disse ainda que os estudos recentes têm mostrado que, ao longo das últimas três décadas, pelo menos, esse processo de perdas e ganhos de áreas de manguezal tem se compensado, promovendo a manutenção da faixa costeira amazônica sem perdas consideráveis - ou seja, transformando essa região em uma das áreas de manguezal mais extensas e com alto grau de preservação do mundo.
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