Parte dos trabalhadores prefere modelo de trabalho híbrido

Evitar deslocamento, ter flexibilidade em casa e interagir presencialmente com os colegas estão entre os principais motivos para a preferência

Elisa Vaz

As mudanças no mercado de trabalho provocadas pela pandemia da covid-19 são várias, entre elas a relacionada com o ambiente de execução das atividades. Após o isolamento social e a experiência com o trabalho remoto, muitos colaboradores agora preferem não precisar ir todos os dias à empresa. Uma pesquisa realizada pela Vagas.com mostra que quatro em cada 10 pessoas elegeram o sistema que mescla atividades presenciais e remotas como o mais indicado para trabalhar – o híbrido. Evitar deslocamento, ter flexibilidade em casa e interagir presencialmente com os colegas estão entre os principais motivos para a preferência dos funcionários pelo modelo.

Segundo os entrevistados, o sistema híbrido é a forma mais adequada para trabalhar, com 42% de aceitação. O trabalho presencial foi a preferência de 32%, enquanto o método totalmente remoto foi a escolha de 26%. O levantamento também procurou saber quantos dias seriam ideais para se trabalhar na empresa. Os respondentes apontaram preferencialmente três dias (41%), seguido por dois dias (33%), quatro dias (14%), um dia (5,6%) e outros (6,4%).

Para a coordenadora da Escola de Negócios da Universidade da Amazônia (Unama), professora Regina Cleide Teixeira, que também é coordenadora do Núcleo de Responsabilidade Social, o sistema híbrido funciona como uma escala: em alguns dias o trabalhador vai até a empresa e em outros fica em casa. Ela afirma que esse modelo tem alguns pontos positivos. Para a empresa, há uma menor exigência de estrutura física para acomodar todo o quadro de trabalhadores, já que uma parte está em casa. Além disso, há a questão econômica – com menos pessoas trabalhando presencialmente todos os dias, a empresa economiza a gestão dos custos, com material de limpeza, alimentação, água, energia elétrica e outras despesas fixas que se tornam menores, afetando de forma positiva o caixa da instituição.

Já para o colaborador, a maior vantagem é a flexibilidade, que passa a ser maior, dependendo do cargo que ele ocupa – quanto mais alto, mais conforto para acessar sistemas e desempenhar funções remotamente. “É uma transição tão importante e há um anseio dos trabalhadores pelo modelo híbrido e por essa flexibilidade. Claro que, às vezes, será preciso ir até a empresa, não por reuniões, porque acho que a tendência é que elas aconteçam, cada vez mais, de forma virtual e remota. O híbrido se fortalece no momento em que há uma parte que posso desenvolver em casa, com toda a flexibilidade, e em alguns momentos vou presencialmente na empresa para ter acesso aos sistemas gerenciais da organização”, declara.

Outros pontos positivos para o trabalhador são o melhor gerenciamento do tempo, já que, sem o deslocamento e o intervalo para se apresentar melhor no trabalho, o colaborador fica mais tempo em casa e, com isso, pode investir em outras atividades, de lazer, estudo ou outra. “Outra coisa fundamental é se aproximar de sua família, o trabalhador tinha perdido esse envolvimento, muitos saindo de manhã e voltando de noite”, comenta Regina. Porém, ela diz que também existem alguns pontos negativos nessa relação de trabalho. Por exemplo, segundo a especialista, a legislação deixa em aberto um ponto crucial: de quem é a responsabilidade pela infraestrutura física e tecnológica do trabalho remoto.

Adaptações

Com essa nova tendência de mercado, tanto o trabalhador como a empresa precisam se adaptar. Por parte do colaborador, como vai cumprir boa parte da jornada de trabalho semanal sozinho, é preciso saber escolher o espaço e a estrutura adequados na residência para realizar as atividades. Além disso, também é bom manter a mesma rotina dos dias em que há trabalho presencial: “Ele precisa se arrumar como se fosse para a empresa, não ficar de pijama, isso é fundamental para manter a organização, autoestima, engajamento, empoderamento e, com isso, obter produtividade. Também é importante ter horários de trabalho definidos sempre”, indica.

Pelas empresas, Regina argumenta que a área de Recursos Humanos (RH) precisa se preocupar na hora de assinar novos contratos ou adaptar os já existentes à modalidade remota ou híbrida, fazendo termo aditivo para ajustar esse contrato à modalidade do teletrabalho. “O novo colaborador ou o colaborador que a empresa já possui e recebeu termo aditivo não deve ser submetido ao controle de jornada. Esse trabalhador não possui direito a gratificação por trabalhar em hora extra. E é preciso que fique claro dentro desse contrato os custos do teletrabalho para desenvolver a atividade, para que o trabalhador não fique prejudicado”.

Além disso, o RH também deve estar atento e se certificar de que esse colaborador não está tendo trabalho em excesso a ponto de prejudicar sua saúde. Por isso é importante o equilíbrio para manter a saúde e a segurança na realização das atividades. “O RH precisa estar atento à questão emocional do trabalhador, se ele consegue manter equilíbrio emocional, relacionamento com colegas de trabalho, se o clima organizacional está bom. E quando tenho um colaborador em trabalho híbrido, o espaço da residência que ele usa é considerado parte da empresa, precisa ser acompanhado para não prejudicar o desenvolvimento das atividades ou baixar a produtividade, provocando prejuízo nos resultados”.

Principais motivos que levam à preferência pelo modelo híbrido de trabalho:

Manutenção do relacionamento presencial com outras pessoas da empresa (31%)

Flexibilidade para adequar o trabalho a outras atividades domésticas (16,8%)

Evitar a locomoção diária até o trabalho (14%)

Ganhar tempo para outras atividades pessoais (8,8%)

Ter maior foco e concentração (7%)

Poder cuidar de filhos ou outros familiares em alguns dias (5,5%)

Motivos que mais se destacaram pela escolha do modelo presencial:

Ter maior foco e concentração (37%)

Ter relacionamento presencial com outras pessoas da empresa (32,6%)

Ter um ambiente adequado para trabalhar - móveis e infraestrutura (16,4%)

Sair do ambiente doméstico (4,3%)

Principais motivos para a preferência pelo trabalho remoto:

Trabalhar em empresas de qualquer região no Brasil e exterior (27,5%)

Evitar a locomoção até o trabalho (14%)

Cuidar de filhos e outros familiares e ganhar tempo para outras atividades pessoais (11,75% em cada)

Ter flexibilidade para adequar o trabalho a outras atividades domésticas (10,4%)

Fonte: Vagas.com

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