Golpistas anunciam vagas de emprego falsas; veja dicas para não ser enganado

Uma pesquisa revelou que 75,5% dos entrevistados já caíram nesse tipo de golpe

Elisa Vaz / O Liberal
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O alto índice de desemprego durante a crise econômica provocada pela pandemia da covid-19 fez com que crescesse a procura por oportunidades de trabalho. Nesse momento, muitos golpistas se aproveitam do desespero de candidatos para anunciar vagas falsas, conseguindo, assim, os dados pessoais dos profissionais e cobrando dinheiro pela seleção ou pela garantia da recolocação.

Uma pesquisa divulgada pela Heach Recursos Humanos mostrou que três em cada quatro profissionais já responderam a esse tipo de anúncio. Os resultados apontam que 604 candidatos disseram que já foram vítimas de vagas falsas, o que representa 75,5% dos entrevistados. Já em relação à quantidade de vezes que foram enganados, 401 candidatos foram vítimas três vezes ou mais, o que representa 66,4% dos que já responderam a esse tipo de anúncio; outros 138 foram enganados duas vezes (22,85%) e 65 candidatos relatam terem sido vítimas apenas uma vez, somando 10,76% do total.

Em relação à periodicidade, 68,87% dos candidatos responderam a anúncios falsos nos últimos 12 meses; 83,28% nos últimos 18 meses, ou seja, foram vítimas do golpe durante a pandemia. Antes de 2020, 58,1% das vítimas caíram nesse tipo de golpe, e o número sobe para 90,56% de janeiro de 2020 em diante.

A pesquisa ainda revela quatro tipos de golpe: 496 pessoas relataram informações falsas de remuneração e rotinas de trabalho; 346 receberam solicitação de dados pessoais, como CPF ou dados bancários; 155 relataram necessidade de frequentar um curso ou formação pagos antes de conseguir a vaga; e 128 receberam solicitação de dinheiro para poder se candidatar à vaga.

Segundo o administrador de empresas e contador Rogério Moura, o uso mais frequente da tecnologia facilitou este cenário de golpes. "Os processos seletivos, etapas relacionadas à contratação e a própria área de Recursos Humanos tiveram que se reinventar. Este era um processo que aconteceria de qualquer forma no futuro, mas foi acelerado pela pandemia da covid-19, essa nova versão online e remota. Isso também acelerou as contratações, as entrevistas, faciIitou e reduziu custos no processo de seleção e recrutamento, entre outras vantagens", diz.

Mas, como as seleções migraram para o ambiente virtual, alguns problemas relacionados a esse universo também passaram a surgir, como é o caso da segurança online. Na opinião do especialista, antes de expor informações pessoais, o candidato àquela vaga deve se atentar a qual forma usará para conceder informações necessárias ao processo seletivo e recrutamento.

"Precisamos nos atentar para quais sites estamos entrando para colocar essas informações, verificar se é blindado, se tem certificações para que não haja fraude. É o momento da tecnologia, veio para ficar, é a inteligência artificial fazendo recrutamento, muito utilizada pelas empresas. Então o candidato precisa ver se o site é real, se há mesmo necessidade de informar aqueles dados. Faça essas análises, veja com quem já fez processo seletivo para não cair em fraude", orienta Rogério.

Caso o candidato perceba que está correndo risco, ele pode tentar fazer contato com a empresa para verificar se a vaga é real e se ela precisa de todas as informações. Mas o administrador de empresas alerta que, em muitos casos, os golpistas fornecem um número falso e que a pessoa por trás do telefone também faz parte do golpe e pode induzir o candidato a continuar o processo de seleção. "O que acontece é que, no final, a suposta empresa cobra uma taxa para que o profissional tenha acesso àquela vaga e possa concorrer".

Mesmo com os golpes, Rogério enfatiza que não é possível, neste momento, evitar a tecnologia e escolher ficar de fora dela, caso a pessoa queira continuar no mercado de trabalho. Mas é preciso ter cuidado, e só após o candidato identificar que o site é seguro, pode informar os dados. Uma mudança hoje que dá mais segurança para quem participa dos processos, na avaliação de Rogério, é a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que, de acordo com ele, trouxe uma nova significância no que se refere a essas fraudes. Agora, as empresas não podem divulgar informações sem autorização do cliente. "Isso trouxe uma proteção maior para esse processo, para que os profissionais fiquem tranquilos", opina o administrador de empresas.

Para não cair em golpes, os candidatos devem ficar atentos aos detalhes do anúncio, como promessas de alto rendimento, trabalho full time em home office, erros gramaticais e de grafia; e ter atenção redobrada para links "quebrados" e sites que não possuam o cadeado de segurança.

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