TANTO MAR: REGISTROS E IMPRESSÕES DE PORTUGAL

Por Anna Carla Ribeiro

Quinzenalmente, a jornalista paraense Anna Carla Ribeiro, que está residindo em Lisboa, irá apresentar locais, pessoas e tradições bem marcantes de Portugal, que tem íntima relação com o Brasil e os paraenses. O conteúdo também está disponível em Oliberal.com.| anna.ascom@gmail.com

Os tesouros da Freguesia da Estrela

O Jardim e a Basílica da Estrela, em Lisboa, guardam histórias e belezas únicas

Anna Carla Ribeiro
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Não é à toa que o Jardim da Estrela, em Lisboa, Portugal, era um dos locais preferidos pela rainha D. Maria II para passear com os seus primogênitos. Quem por ali chegar, logo irá perceber que não foi só a antiga coroa portuguesa que tomou gosto pelo lugar. É não só um dos jardins mais conhecidos da capital, como também um dos que mais vive lotado. Também, pudera. É só a primavera dar as caras para que o jardim possa oferecer aos seus visitantes a mais bela e diferenciada paleta de cores, expressas em suas flores e árvores. Chega a lembrar as tonalidades da fotografia do filme “O Jardim Secreto”, de 1993, com a diferença de que, na realidade, esse jardim foi feito para que qualquer um possa desfrutar-se dele. 

Jardim da Estrela

Construído no século XIX, ao estilo dos jardins ingleses, com inspiração romântica, o jardim ocupa uma área de quase quatro hectares, repleta de lagos e esculturas que se perdem por entre tipuanas, jacarandás, cactos e o mais variado tipo de flora. O espaço é utilizado para as mais variadas atividades: esportes, leituras, picnics, passeios românticos ou com crianças e é ainda o local escolhido para aqueles que desejam pegar um sol ou até mesmo comemorar uma data especial. Um dos pontos centrais do jardim é o coreto verde de ferro, onde, no verão, muitos músicos tocam. Ele foi construído em 1884 e encontrava-se originalmente no Passeio Público, antes da construção da Avenida da Liberdade (uma das vias principais de Lisboa), tendo sido transferido para o jardim em 1936. 

O jardim foi oficialmente inaugurado no dia 3 de abril de 1852. Na segunda metade do século XIX, o “Passeio da Estrela”, como era chamado, caiu no gosto da população e era considerado um ambiente da moda. Na época, possuía elementos que já não existem, como estufas, quiosques e um pavilhão chinês. Mais recentemente, nos anos 70, por mais estranho que pareça, o jardim virou a residência de um leão, que, na sua jaula, acompanhava o ir e vir dos transeuntes. Ele havia sido doado pelo pintor português Paiva Raposo e ficou conhecido como “Leão da Estrela” pela população.

Para uma primeira visita ou até mesmo para os que já bem conhecem o jardim, vale aproveitar os cafés espalhados pelo lugar. Um deles, o Gengibre da Estrela, oferece menus de café da manhã e de almoço. Além disso, é o lugar ideal para tomar um café ou uma imperial (o nosso chope) enquanto se admira a flora local. Como a área é turística, os preços são um pouco salgados. Mas vale pedir uma imperial (a 1,80 euros) e mais uma poção de tremoços, que é um tira-gosto típico de Portugal e é oferecido de graça em diversos cafés e barzinhos da cidade – inclusive lá, no Gengibre da Estrela.    

image Jardim da Estrela por Anna Carla Ribeiro (Anna Carla Ribeiro)

Basílica da Estrela – O jardim também é situado num local estrategicamente bom para quem quer turistar por Lisboa: fica bem em frente a uma das basílicas mais bonitas da cidade, a Basílica da Estrela. Conhecer os dois juntos é quase como um combo obrigatório.  
A Basílica é mais antiga que o jardim - foi inaugurada em 1794 - e possui algumas curiosidades. Ela foi a primeira igreja do mundo dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, tendo por base as revelações de Cristo a Santa Margarida Maria de Alacoque. É lá também que está sepultada a rainha D. Maria I. A rainha é a única monarca portuguesa da dinastia de Bragança (com exceção ao rei D. Pedro, imperador do Brasil, que se encontra sepultado na cidade de São Paulo) que não se encontra no Panteão da Dinastia de Bragança. Foi a própria D. Maria I que mandou erguer a Basílica.

Após conhecer um pouco mais dos tesouros da freguesia da Estrela, há, ainda, pelo menos mais duas boas possibilidades de passeio: ou pega-se o Elétrico 28 (uma espécie de bondinho que tem como rota os principais pontos turísticos de Lisboa, incluindo o Cais do Sodré e os famosos miradouros da freguesia da Graça), pois há uma parada bem em frente ao Jardim e à Basílica, ou pode-se ir a pé mesmo, seguindo os trilhos desse mesmo elétrico a caminho do Cais do Sodré, até chegar às margens do Rio Tejo. São 40 minutos de caminhada, mas a boa notícia é que é descida. Já as paisagens do caminho são garantia de satisfação.     

 

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