SILVIO NAVARRO

Formado em jornalismo, acompanhou os principais fatos políticos do país nas últimas duas décadas como repórter do jornal Folha de S.Paulo em Brasília e na capital paulista, editor de Veja e âncora da Jovem Pan. É comentarista político da RedeTV! e escreve para a revistaoeste.com e o jornal O Liberal. Autor do livro "Celso Daniel - Política, corrupção e morte no coração do PT". | silvionavarrojornalista@gmail.com

O Brasil que dá certo

Silvio Navarro

Na semana passada, este colunista esteve no norte de Mato Grosso e subiu a BR-163 até o Pará. É impressionante como o novo asfalto agilizou as coisas, as cidades estão crescendo e a safra não para. Aliás, o debate vai muito além do uso do trator. Os municípios se desenvolveram, a construção civil disparou e comércio e serviço são de ponta. Chegaram universidades públicas e privadas e os novos hospitais são muito bons.

Sinop, por exemplo, sede da Norte Show 2022, tem escassez de mão de obra. Sobra emprego. Falta braço preparado para a tecnologia importada que já está instalada. Sorriso não é diferente e o sudoeste paraense está no horizonte dos investidores. O novo eixo do Norte é a cara do futuro.

O agronegócio brasileiro é responsável por quase um terço do Produto Interno Bruto (PIB). É o principal pilar econômico – ainda mais forte pós-pandemia. Pelas fronteiras, responde por metade das exportações – somos o quarto maior exportador de grãos. Crescemos numa velocidade que assusta. A Organização Mundial do Comércio (OMC) pediu na semana passada que o Brasil não pare de produzir. “O mundo não sobrevive sem a agricultura brasileira", disse Ngozi Okonjo-Iweala.

A diretora da OMC está certa. Vou além: o Brasil não só alimenta o mundo como vestirá parte do mundo. Choveu mais cedo neste ano. A produção de algodão vai ser recorde – o dólar alto ajuda. Ainda tem soja, muito milho e o maior rebanho bovino do planeta – suínos e aves também estão no páreo.

O que falta para o Brasil ser uma superpotência na agroindústria? Nada, já é. Mas é necessário avançar em infraestrutura. Depois de muitos anos, o ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas fez um bom trabalho – mas fez o que conseguiu. O progresso ainda esbarra no ambientalismo xiita do pessoal que conhece o Brasil profundo de pantufas no sofá. É aquela turma que assiste ao Globo Repórter e fala na mesa do restaurante que luta para viver num mundo mais sustentável – ESG é a palavra da moda.

É por causa dessa patota que atrasa o Brasil que a maior obra de trilhos não saiu do papel: a Ferrogrão, que vai ligar Sinop a Miritituba – com dinheiro privado. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes mandou parar as enxadadas porque mexeram com alguns metros de terras que os índios reivindicam no ​Parque Nacional do Jamanxim. São mil pessoas que se declararam donas de uma área do tamanho do Uruguai.

O julgamento no Supremo está marcado para junho. Se sair do papel, a Ferrogrão será o maior duto de escoamento de grãos do País – talvez, da América do Sul. Vai desafogar a BR-163.

O produtor rural brasileiro é imbatível. O resto cansa.

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Silvio Navarro
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