SILVIO NAVARRO

Formado em jornalismo, acompanhou os principais fatos políticos do país nas últimas duas décadas como repórter do jornal Folha de S.Paulo em Brasília e na capital paulista, editor de Veja e âncora da Jovem Pan. É comentarista político da RedeTV! e escreve para a revistaoeste.com e o jornal O Liberal. Autor do livro "Celso Daniel - Política, corrupção e morte no coração do PT". | silvionavarrojornalista@gmail.com

MDB: o partido que não perde viagem

Silvio Navarro

Uma das principais manchetes das seções de política nesta terça-feira, 3, informava que o MDB estaria prestes a anunciar apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro. A condição seria a desistência oficial de lançar uma candidatura própria – o nome colocado à mesa é o da senadora Simone Tebet (MS), que até agora não decolou nem nas pesquisas de opinião nem nas fileiras da própria agremiação.

Qual o espanto com a notícia? Nenhum. Antes de debater se Tebet tem ou não potencial eleitoral, ou se seria somente mais um fiasco como Henrique Meirelles há quatro anos, é importante fazer alguns apontamentos: 1) desde a redemocratização do país, o MDB sempre manteve um pé no governo – muitas vezes os dois; 2) é uma sigla com ampla capilaridade nos municípios e força no Legislativo, mas jamais teve um nome "presidenciável"; 3) se errar a escolha neste ano, corre o risco de sumir em Brasília.

Os números do MDB falam por si só: a bancada na Câmara tem 37 cadeiras, a legenda não governa nenhum dos grandes colégios eleitorais nos Estados – administra Pará, Alagoas e o Distrito Federal. No Senado, onde ainda tem peso no no jogo político, não há unidade: Renan Calheiros (AL) é lulista, mas há quem defenda a adesão a Bolsonaro – Fernando Bezerra Coelho (PE), por exemplo, foi líder do governo até dezembro. O partido herdou a maior prefeitura do Brasil, embora nove em dez paulistanos não saiba quem é Ricardo Nunes e a cidade esteja em péssimo estado de zeladoria.

Sobre o Congresso Nacional, a ata da última reunião da Executiva Nacional, que se reuniu no dia 31 de março, é clara: a prioridade é "eleger mais de 50 deputados federais e manter a maior bancada no Senado".

Então o que resta ao MDB de Michel Temer e outros caciques a caminho da aposentadoria nas urnas? Apostar no crescimento de Bolsonaro, que tem lotado as ruas, é uma potência nas redes sociais e jamais fechou as portas para os aliados do chamado "centrão". Outro detalhe: com exceção de Renan e alguns candidatos do Nordeste, colar no PT não é uma opção depois do trauma deixado pelo impeachment de Dilma Rousseff.

É tranquilamente possível imaginar o MDB integrando a base e chefiando um ministério se Bolsonaro for reeleito. Ou até Romero Jucá (RR) como líder do governo se conseguir voltar ao Senado no ano que vem.

Mas e se Lula vencer as eleições? O MDB reunirá sua cúpula no mês seguinte e anunciará que pretende ajudar o governo do PT em prol da agenda do país – e um punhado de diretorias de estatais.

O MDB nunca perdeu viagem.

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