SILVIO NAVARRO

Formado em jornalismo, acompanhou os principais fatos políticos do país nas últimas duas décadas como repórter do jornal Folha de S.Paulo em Brasília e na capital paulista, editor de Veja e âncora da Jovem Pan. É comentarista político da RedeTV! e escreve para a revistaoeste.com e o jornal O Liberal. Autor do livro "Celso Daniel - Política, corrupção e morte no coração do PT". | silvionavarrojornalista@gmail.com

A 'motociata' paulista

Silvio Navarro

Na última sexta-feira, 15, feriado no país, o presidente Jair Bolsonaro promoveu mais um passeio de moto com seus apoiadores, batizado de "motociata". A rodovia dos Bandeirantes, uma das principais artérias que ligam a capital ao interior de São Paulo, foi bloqueada por segurança, o que gerou enorme gritaria da bancada de oposição ao governo nas redações da mídia. Segundo os números oficiais, o comboio reuniu 3.700 máquinas.

Uma sequência de vídeos publicados nas redes sociais, contudo, mostra que, só na chegada dos motoqueiros à rodovia, havia pelo menos 10 quilômetros de pistas completamente tomadas. Quem percorreu a estrada no sentido contrário (interior-capital) pôde notar ainda que centenas de participantes aguardavam para se juntar ao pelotão em postos de combustíveis. Não eram 3.700 pessoas. Havia um estádio do Morumbi inteiro no evento, que terminou na cidade de Americana (SP). As imagens falam por si só.

Então, qual o motivo em afirmar que a "motociata" foi um fiasco? Medo. Tanto o consórcio da imprensa como os seus políticos favoritos temem o apoio maciço a Bolsonaro no maior colégio eleitoral do país. Os adversários do presidente sabem que a única forma de impedir sua reeleição seria uma derrota acachapante em São Paulo – onde estão 33 milhões de votos, 22% do total. Há oito anos, por exemplo, os paulistas quase elegeram o mineiro Aécio Neves (PSDB) contra Dilma Rousseff (PT) – ele só perdeu porque foi rejeitado no Estado.

Nesse cenário, há um dado que deve ser observado: o PSDB não dá mais as cartas como no passado e a chance de ser desalojado do Palácio dos Bandeirantes depois de três décadas é real. João Doria deixou o governo com péssima avaliação, quase implodiu na última hora a candidatura do sucessor, Rodrigo Garcia, e o PT tradicionalmente enfrenta uma muralha do eleitorado fora do cinturão metropolitano – o interior do Estado é conservador. Isso explica porque o PSB insiste em bancar Márcio França na disputa, com ou sem Fernando Haddad (PT) na corrida.

Ao PT resta pouco a fazer: vai manter o nome de Haddad até os 45 minutos do segundo tempo, quando Lula terá de dizer se vai ou não ter fôlego para concorrer ao Palácio do Planalto. Ainda pairam muitas dúvidas sobre o estado de saúde e a disposição do ex-presidente para enfrentar as urnas. Haddad é o estepe.

O resumo desse tabuleiro eleitoral é que a candidatura do ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas ao governo paulista pode se converter numa aposta certeira de Bolsonaro. Se for bem no primeiro turno, a chapa dele deve ajudar a eleger um senador e a maioria dos 70 deputados federais. Se vencer a eleição, seguramente será o responsável por pavimentar o caminho de Bolsonaro.

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Silvio Navarro
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