RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Viagem de Lula à China: presença de Helder, diplomacia e conquistas

Rodolfo Marques

A viagem presidencial à China é um marco importante nas relações entre o Brasil e o país asiático, em especial após os hiatos diplomático, econômico e geopolítico nas relações bilaterais ocorridos no período entre 2019 e 2022, quando da gestão do então presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ).

Um primeiro ponto da agenda de Lula com o governo chinês, liderado por Xi Jinping, foi a questão comerciais. Foram assinados 15 acordos, em segmentos como o do desenvolvimento de tecnologias, o do intercâmbio de conteúdos na área de comunicação e o do agronegócio, entre outros. Um dos acordos mais importantes foi o que trata do desenvolvimento do CBERS-6, um satélite a ser utilizado no monitoramento do desmatamento na Amazônia. O encontro do dia 14 de abril ocorreu no Grande Palácio do Povo, em Pequim, capital chinesa. 

Ainda no contexto amazônico, um outro ponto discutido por Lula na China foi o apoio do principal parceiro comercial do Brasil no contexto do Fundo Amazônia. Na argumentação do presidente Lula com Xi Jinping, foi feito o convite para que a China possa fazer doações para a iniciativa. Alemanha, Noruega e Espanha já são contribuidores do Fundo. Os Estados Unidos sinalizaram, recentemente, que também podem fazer aportes para o projeto. 

Um dos 40 integrantes da comitiva presidente na visita à China foi o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). Ele esteve presente em fábricas de carros elétricos e de papel, buscando fomentar parcerias para o intercâmbio e a importação de tecnologias. Na esteira desses debates, há uma busca por ampliar a possibilidade de consumo de energia limpa no Pará. Helder revive o conceito da paradiplomacia no contato com China – e em um contexto mais favorável, já que agora tem o apoio do governo federal brasileiro. 

Um terceiro e relevante aspecto da ida de Lula a Pequim são as tratativas a respeito da guerra entre Rússia e Ucrânia. Na reunião, o presidente brasileiro enfatizou que é essencial buscar soluções efetivas e mais rápidas para tratar do conflito no Leste Europeu, que já se arrasta há um ano e dois meses. Xi Jinping demonstrou interesse na pauta, mas priorizou aprofundar tal conversa para outro momento. 

Na esteira de “O Brasil voltou!”, slogan que Lula adotou para marcar os 100 primeiros dias de sua terceira gestão como presidente da República, há uma clara tentativa de “virar a página” do governo Bolsonaro e buscar um reposicionamento do país na arena internacional. Após conversas relevantes com a Argentina de Alberto Fernández e com os Estados Unidos de Joe Biden, o encontro com a China de Xi Jinping tem o caráter de simbolizar que o momento é de mais parcerias e de menos divergências. 

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