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RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Mortes no Brasil pela Covid-19 ultrapassam 5 mil. Descaso do presidente gera críticas e preocupação

Rodolfo Marques

A pandemia do novo Coronavírus avança no Brasil e se aproxima do seu momento mais crítico, previsto para as duas primeiras semanas de maio. Em números absolutos e a partir dos dados oficiais, nessa terça-feira (28), o Brasil “superou” a China em número de mortos (5.017 óbitos no Brasil e 4.632 no país asiático), considerando-se que a população brasileira é de cerca de 210 milhões de habitantes – a China tem cerca de 1 bilhão e 200 milhões de habitantes, aproximadamente. O índice de letalidade no Brasil, em relação ao número de contaminados, é de 7% - percentual muito alto, em todos os níveis.

Esses dados preocupantes desnudam quatro questões importantes para reflexão: a falta de infraestrutura no sistema de saúde do Brasil, para atender a alta demanda simultânea de casos mais graves da doença; o desrespeito às orientações de isolamento social por algumas parcelas da população do Brasil, causando a difusão mais acelerada do vírus; a ausência de políticas públicas do governo federal para debelar os principais focos de crise e iniciar um processo de recuperação socioeconômica; e o descaso do presidente da República em relação à pandemia e a seus efeitos concretos. Todos esses fatos estão ligados ao contexto da gestão política de crises – e o Brasil e o mundo estão diante do cenário mais grave verificado, pelo menos, nos últimos 70 anos.  

E essa postura de descaso do presidente Jair Bolsonaro diante da crise sanitária mundial ficou ainda mais evidente quando, em entrevista rápida, ele respondeu à pergunta sobre o fato de o Brasil ter superado a marca de 5 mil mortes causadas pela pandemia da seguinte maneira: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”. Durante todo o contexto da pandemia, o presidente não só vem incentivando o relaxamento das medidas de distanciamento social, como não demonstrou solidariedade e compaixão com as famílias das vítimas da doença. Muito pelo contrário: a postura de Bolsonaro é de, costumeiramente, politizar a crise, entrando em conflito com governadores e transferindo responsabilidades, sem coordenar, sequer, um plano de contingência concreto e palpável.

Aliás, no âmbito político-administrativo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou que o presidente da República não poderia nomear o delegado Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal no país. Ramagem assumiria a vaga aberta após à demissão de Maurício Valeixo do cargo, no dia 24 de abril. Com a decisão do ministro, Bolsonaro teve que recuar na nomeação.

No campo regional, no Pará, a pandemia se expandiu rapidamente nas últimas duas semanas, com mais de 2 mil casos registrados e mais de 140 mortes. O governador Helder Barbalho (MDB) vem anunciando algumas medidas emergenciais em relação aos hospitais de campanha e à compra de equipamentos – e um dado importante nesse processo é o índice de 52,43% de isolamento social no estado, divulgado nesta quarta-feira (29). Tais números colocam o Pará no quinto lugar nacional nesse quesito.

Dessa forma, o Brasil precisaria, em um cenário de crise, não só de um pacto nacional, mas de uma ação mais efetiva e proativa do gestor da República, no sentido de liderar o processo de enfrentamento da doença e maximizar as ações de auxílio social para com as populações mais carentes, além de investimentos mais permanentes no sistema de saúde.

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