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Ministro da Saúde é demitido, Covid-19 avança nos Estados e apreensão toma conta do país

Rodolfo Marques

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), demitiu, nessa quinta-feira (16.04.2020), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O cargo será ocupado agora pelo médico oncologista e empresário Nelson Teich. Em discurso após a confirmação do seu nome como novo ministro, Teich ressaltou que pretende continuar seguindo a ciência, priorizou a realização da massificação de testes para a Covid-19, destacou a preocupação simultânea entre salvar vidas e a recuperação econômica e declarou estar em alinhamento total com a presidência da República.

A mudança, neste contexto em que a crise gerada pela chegada do novo Coronavírus ao Brasil atinge um momento bem crítico, traz muitas dúvidas. Em várias pesquisas divulgadas, o agora ex-ministro da Saúde tinha um grande apoio da maior parte da população, com índices de aprovação superiores aos do próprio presidente. A saída de Mandetta mostra um isolamento maior de Jair Bolsonaro e desnuda uma grande apreensão da população em relação aos rumos da gestão da saúde no Brasil. Os modelos matemáticos desenvolvidos pelo ministério da Saúde indicam que o pico da pandemia no país deve ser entre os dias 10 e 15 de maio, o que reforça a necessidade do isolamento social e uma preparação do país para um período ainda mais delicado.

A pandemia continua se alastrando pelo país. Em alguns estados, como São Paulo, Amazonas, Ceará, Pernambuco e Rio de Janeiro, a situação se torna cada vez mais dramática. No Pará, a despeito das medidas restritivas adotadas pelo governo do estado, o descuido de parte dos moradores gerou um crescimento acelerado dos casos de contaminações e mortes. A Secretaria de Saúde do Pará vem divulgando os boletins diariamente e, até esta sexta-feira (17.04.2020), já são registradas mais de 20 mortes e cerca de 600 casos de contaminação, após um controle inicial dos casos da doença. Há um índice de mortalidade de 6% no Pará, o que é um dado dramático.

Com o amparo de decisão recente do Supremo Tribunal Federal, estados e municípios têm autonomia para definir a respeito das restrições de circulação e fechamento de comércios, em especial pelo fato de esses dois entes federativos estarem mais próximos da população. Estados vêm adotando também a montagem de hospitais de campanha e a compra de equipamentos de proteção individual para dar suporte para os profissionais de saúde.

Diante do cenário do caos que se avizinha no Brasil, há uma esperança de que o novo ministro da Saúde possa ter serenidade e proatividade para conduzir os processos essenciais, para que o país possa enfrentar a pandemia e seus efeitos mais nocivos.

Rodolfo Marques