Ida de Bolsonaro à Rússia e alguns recados diplomáticos Rodolfo Marques 18.02.22 14h35 A visita de Jair Bolsonaro (PL-RJ) à Rússia, incluindo um encontro oficial com o presidente do país desde 2012, Vladimir Putin, trouxe várias reflexões a respeito das posturas diplomáticas do atual chefe do Executivo do Brasil e dos “recados” ditos aos públicos através de tais movimentos. Em falas públicas, Bolsonaro destacou que o Brasil teria a responsabilidade de defender os princípios democráticos e proteger a ordem baseada em regras, reforçando essa mensagem junto à Rússia. A despeito de várias orientações de seus auxiliares para não fazer essa visita à Rússia nesse momento, Bolsonaro manteve a agenda e levou uma comitiva com vários militares e com a insólita presença de um de seus filhos – o vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos). Aliás, Jair Bolsonaro teve que se submeter a cinco testes de Covid-19 para se encontrar com Putin – e em nenhum momento reclamou sobre a necessidade de fazê-los, assim como não questionou quaisquer medidas restritivas existentes no país russo. Um primeiro movimento que pode ser detectado nessa decisão é algo que vale tanto para o presidente brasileiro quanto para o líder russo: denotar que as nações comandadas por eles não se encontram em isolamento diplomático, embora o histórico recente indique isso tanto para o Brasil quanto para a Rússia, muito em virtude, exatamente, dos comportamentos de Bolsonaro e de Putin. Um segundo aspecto que pode ser observado, em especial no que se refere ao presidente brasileiro, é um possível “afastamento” em relação ao Estados Unidos, que desde janeiro de 2021 é comandado pelo democrata Joe Biden. Tal cenário evidencia uma situação muito peculiar da postura diplomática de Bolsonaro. A política internacional do governo brasileiro, desde 2019, prioriza as preferências pessoais do presidente, a partir do alinhamento por viés ideológico, em detrimento de alianças bilaterais e multilaterais no âmbito institucional. Bolsonaro era muito ligado ao ex-presidente ianque, o republicano Donald Trump (2017-2020), assim como mantém relações complicadas com parceiros comerciais importantes, como com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, e com o da França, Emmanuel Macron, por exemplo. Um terceiro fator a ser discutido nesse contexto é a crise na fronteira entre Rússia e Ucrânia, envolvendo a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e os Estados Unidos. A situação está bem tensa no local, em virtude de interesses difusos, e a visita de Bolsonaro praticamente passou ao largo da questão. Tal fato, aliás, reforça a ideia de que o Brasil perdeu muito prestígio e qualquer tipo de protagonismo no campo das relações internacionais, principalmente a partir de janeiro de 2019. Por fim, Bolsonaro encerrou sua passagem pelo Leste Europeu realizando um encontro com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Órban. Na reunião, o presidente brasileiro chamou seu interlocutor de “irmão” e reforçou o seu alinhamento ideológico a Órban, que comanda a Hungria desde 2010 (está no terceiro mandato), com um discurso nacionalista e defensor da extrema-direita, e com ações autoritárias junto aos poderes constituídos, à imprensa e às instituições educacionais. Dessa forma, mesmo sem grandes impactos em relação ao posicionamento do Brasil no contexto internacional, Bolsonaro conseguiu fortalecer um diálogo com dois líderes do continente europeu e reforçou seu discurso político associado ao populismo, à direita ideológica e à defesa dos valores conservadores – a religião, a pátria e a família tradicional. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave rodolfo marques bolsonaro na rússia COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES RODOLFO MARQUES Debates seguem como ferramenta para escolha eleitoral, mas com cada vez menos impacto 05.10.24 0h06 RODOLFO MARQUES Belém-PA: eleições para prefeitura mobilizam mais as campanhas do que os próprios eleitores 28.09.24 0h14 Rodolfo Marques A pouco mais de um ano da COP-30, Pará luta contra crise climática 20.09.24 14h43 Rodolfo Marques Pesquisas indicam provável segundo turno para as eleições para a prefeitura de Belém 13.09.24 20h18