RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Governo Lula III: como interpretar os primeiros sinais?

Rodolfo Marques

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou seu terceiro mandato como governante máximo do Brasil no último dia 01° de janeiro. Em uma posse histórica e recheada de simbolismos, os trabalhos se iniciaram com a assinatura de vários decretos e com as nomeações dos 37 ministros. 

Em relação aos decretos assinados no Palácio do Planalto, alguns pontos do novo governo de evidenciam, como a mudança de política de controle de armas de fogo, a retomada do combate ao desmatamento, as políticas inclusivas na educação, o restabelecimento do Fundo Amazônia e a participação efetiva da sociedade na definição de políticas públicas. De fato, as várias políticas setoriais irão em caminho oposto ao que vinha ocorrendo quando da gestão de Jair Bolsonaro, entre 2019 e 2022. 

Em relação às pastas ministeriais, o maior destaque foi o discurso do ministro dos Direitos Humanos, o prof. Dr. Sílvio Almeida. Na fala, o ministrou ressaltou, em dado momento, que destacava questões óbvias, mas que precisam ser ditas: afirmou, de forma veemente que mulheres, pretos e pretas, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, intersexo, não-binárias, homens e mulheres em situação de rua, pessoas com deficiência, entre vários outros grupos, existem e são valiosos e valiosas para o governo. 

• Assista ao discurso na íntegra:

A senadora e ex-presidenciável Simone Tebet assumiu a pasta do Planejamento e Orçamento e, em seu discurso, exaltou a sabedoria política do presidente Lula e reforçou que continuará defendo pautas econômicas ligadas ao liberalismo. Por outro lado, há já vários questionamentos sobre a deputada federal reeleita e ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), a partir de possíveis problemas em relação ao financiamento de sua campanha à Câmara, assim como supostas conexões com milicianos.

Ao mesmo tempo, a oposição ao governo Lula tenta se organizar. O grupo, de certa forma, ressente-se da ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deixou o país no dia 30 de dezembro de 2022, para se abrigar nos Estados Unidos. Os 513 deputados federais (desses, 99 do Partido Liberal) e 1/3 do Senado Federal (27 dos 81 senadores) assumem os mandatos no dia 01° de fevereiro. Há a tendência de um perfil um pouco mais conservador das duas Casas, embora o governo Lula venha coordenando ações para conseguir vitórias nas pautas mais importantes, principalmente no campo social.

Dessa forma, é possível depreender, nos primeiros sinais emitidos pelo novo governo, haverá a necessidade da “arte de fazer política”. Nesse sentido, a tendência é que Lula e sua equipe consigam avançar em temas significativos, como no campo social, no meio ambiente e nos direitos humanos. E, progressivamente, ajustes nas pastas ministeriais e na política internacional deverão ser feitos, para o país buscar, novamente, a rota de um crescimento sistêmico e sustentável. 

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