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Governo Lula completa 300 dias, com desafios renovados

Rodolfo Marques

O final de mês de outubro fez emergir a marca de 300 dias do terceiro governo Lula. Um ano após ter sido eleito para o seu terceiro mandato para presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva (PT) vem buscando consolidar suas prioridades, com foco nas questões sociais, na recuperação econômica e na retomada de um protagonismo no âmbito internacional.

Após um pleito muito acirrado, em 2022, em que Lula venceu o então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) por pouco mais de 2 milhões de votos, e com uma transição prejudicada pela chapa eleitoral derrotada, além da crise econômica gerada pela má gestão do então ministro Paulo Guedes, ficou estabelecido para o novo chefe executivo federal que haveria muitos desafios. 

Uma das questões relevantes é a discussão a respeito da meta fiscal, na transição de 2023 para 2024. A equipe econômica, liderada pelo ministro Fernando Haddad, tem buscado trabalhar em prol da responsabilidade fiscal, enquanto que a ala política do governo defende a alteração da meta, considerando-se os impactos das prováveis restrições nas contas públicas para as despesas em 2024. Haddad ressaltou que não há descompromisso fiscal por parte do governo, a despeito das declarações de Lula sobre a poupa probabilidade de se ter déficit zero nas contas públicas no próximo ano. A preocupação maior está na disponibilidade financeira para o aumento de investimentos nas pautas sociais, principalmente alimentação, educação e saúde pública.

Outro ponto importante – e desafiador – para Lula, é, após 10 meses, ter uma assertividade maior na sua articulação política. Após recuperação de processos cirúrgicos pelos quais passou, o presidente da República tende a assumir pessoalmente as negociações com o Congresso Nacional, em especial com a Câmara dos Deputados, comandada por Arthur Lira (PP-AL).

O excesso de poderes da Legislativo Federal, em especial por parte do Centrão, vem ampliando as dificuldades de governabilidade no país. Ao mesmo tempo, a atuação frágil de ministros de pastas como a da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (Alexandre Padilha) e Casa Civil (Rui Costa) impõe a Lula a necessidade de comandar os debates junto aos parlamentares para o avanço pautas prioritárias do governo.

Além disso, em um outro campo de desafios, a atual gestão federal vem procurando recolocar o Brasil nas discussões internacionais, buscando retomar protagonismo em discussões globais, como o enfrentamento das mudanças climáticas, a mediação de guerras (como as da Ucrânia X Rússia e de Israel X Hamas) e no aumento da cooperação entre as nações. Os quatro anos de isolacionismo e de desperdícios diplomáticos, no Brasil, entre 2019 e 2022, causaram grandes danos à imagem política do país.

Não há dúvidas de que, comparando o Brasil de 2023 com o de 2022, há avanços em, praticamente, todos os campos. O Produto Interno Bruto (PIB) melhorou; o desemprego segue em queda; a balança comercial apresenta índices promissores; e desmatamentos e queimadas, na Amazônia estão caindo. Mas é necessário avançar sobremaneira nas questões fiscais, nas relações com o Parlamento, na conciliação política e na ampliação dos programas sociais.

Há muito a ser feito, mas os primeiros quilômetros da caminhada já foram percorridos. 

Rodolfo Marques