RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Eleições presidenciais mantêm “estabilidade”, mas estratégias dos pré-candidatos indicam mudanças

Rodolfo Marques

As eleições presidenciais, sem dúvida, são o evento político mais importante dos últimos anos no Brasil. As movimentações políticas se tornam mais evidentes e os pré-candidatos já estão, efetivamente, em campanha, com argumentos e estratégias distintos. Ao mesmo tempo, emergem dúvidas sobre o andamento das candidaturas dos quatro políticos mais bem colocados nas pesquisas.

O ex-presidente Lula, pré-candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) – e de uma aliança ainda a ser anunciada – completou, no início de março, um ano da recuperação dos direitos políticos e da consequente elegibilidade, após anulações de suas condenações pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Favorito em todos os levantamentos realizados, a estratégia nos próximos meses deve conter uma presença maior nos estados, um discurso mais duro contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a apresentação de propostas, principalmente, no campo econômico, resgatando todos os avanços sociais alcançados pelas suas duas gestões – 2003-2006 e 2007-2010. Contra Lula, os opositores devem reforçar o discurso do antipetismo e “remanufaturar” as acusações de corrupção que já atingiram o partido e o ex-presidente, em especial envolvendo a Petrobras, no âmbito da Operação Lava-Jato. 

O atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, “ensaia” uma recuperação em relação à aprovação do seu governo e nas intenções do voto – o que pode ser creditado aos aportes financeiros do Auxílio-Brasil e a um discurso menos ideológico e um pouco mais próximo das demandas sociais. Sobre o pleito, ele tem aparecido com intenções entre 26 e 29% da preferência dos eleitores. Na sua comunicação eleitoral, Bolsonaro tem culpado a pandemia pela crise econômica e reforçado suas críticas ao PT e ao ex-presidente Lula. Ao mesmo tempo, Bolsonaro reforça a tríade Deus-Pátria-Família, tenta denotar um certo desapego ao cargo e mantém uma estrutura intensa de comunicação com o eleitor através das plataformas digitais. A despeito de um governo desorganizado e com lacunas em praticamente todos os setores, o presidente consegue manter estável sua base de apoiadores.

Quando ao pré-candidato do PDT, o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes, permanece a premissa de ataques constantes a Lula e ao PT, combinada com uma aparição mais constante na mídia. Beneficiada com a retomada da propaganda partidária no primeiro semestre de 2022, a candidatura do pedetista tenta dialogar com outros setores sociais e reforça a proposta de um plano de desenvolvimento nacional. Ciro tem tentado se aproximar de eleitores insatisfeitos à direita e à esquerda, em discursos que buscam contemplar também o centro político. As intenções de voto em Ciro têm ficado entre 6 e 9%.

O ex-ministro da Justiça e Segurança e Pública e ex-juiz federal Sérgio Moro (Podemos) surgiu como uma alternativa à polarização entre Lula e Bolsonaro, mas acabou não evoluindo nas pesquisas e nem nos apoios. A pouca adesão a Sérgio Moro tem chamado a atenção e, embora o ex-magistrado venha aparecendo muito nos meios tradicionais, em entrevistas, e com declarações nas plataformas d igitais, a ressonância de sua presença tem sido bem exígua. Moro tenta, também, contrapor Lula, ainda com a memória referente ao contexto em que ele era o principal juiz da Lava-Jato, ao mesmo tempo em que faz críticas a Bolsonaro, apesar de ele ter integrado a atual gestão federal entre janeiro de 2019 e abril de 2020. Não há um indicativo de desistência da candidatura, mas as intenções de voto nele ainda estão bem discretas. 

O Brasil entrou em grave decadência a partir de 2014 e os últimos anos têm sido marcados por elementos que compõem uma crise sistêmica. O eleitor, cada vez mais prejudicado pelo atual cenário com ambiente pandêmico junto a desajustes econômicos agravados pela guerra no leste europeu, ainda está muito desmobilizado. Mas caberá a ele a decisão de reeleger Bolsonaro, de dar um terceiro mandato para Lula ou de optar pela chamada terceira via. 

Em quaisquer dos caminhos escolhidos, haverá a necessidade de uma recuperação socioeconômica, com geração de emprego e renda, e de uma retomada na rota de crescimento – algo que permeou o país no início do século, mas que tem estado ausente nos últimos anos. 

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