RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Eleições presidenciais e busca por nichos de votos

Rodolfo Marques

As pesquisas de intenção de voto para a presidência da República divulgadas na segunda semana de maio de 2022 mostram dados que consolidam a polarização entre os pré-candidatos do PT, Luís Inácio Lula da Silva, e do PL, o atual presidente Jair Bolsonaro. Um leve favoritismo do ex-presidente, que vem liderando as sondagens desde o segundo semestre de 2021, também se mostra bem evidente.

Dito isto – e considerando que as candidaturas de Ciro Gomes (PDT) e João Dória Júnior (PSDB), por ora, não decolaram –, há uma mobilização das campanhas de Lula e de Bolsonaro para arregimentar votos em núcleos bem específicos. E essas indicações advêm, principalmente, a partir dos resultados obtidos nas pesquisas qualitativas. Nesse quesito, os levantamentos da Genial/Quaest e do XP/Ipespe trazem, em geral, dados bem relevantes.

Em relação a temas, a pauta econômica sempre se evidencia, com índices como a inflação ou a taxa de desemprego emergindo como algumas das principais preocupações – e que podem ser convertidas em votos na oposição, no caso, no ex-presidente Lula. A comparação entre os governos do petista (entre 2003 e 2010) e o de Bolsonaro (a partir de 2019), em geral, acaba sendo muito favorável a Lula, mesmo com a observância de serem, em si, conjunturas internas e externas totalmente diferentes.

A pauta moral e de costumes, comumente explorada por Jair Bolsonaro, também terá impacto nas decisões eleitorais, mesmo que aparentemente em menor escala no comparativo com o pleito de 2018, em que o antipetismo foi um fator decisivo.

Assim, capturar os nichos, com parcelas significativas de eleitores, tende a ser um fator importante no resultado da eleição presidencial. O primeiro passo é entender que, embora segmentados, são grupos heterogêneos.

Na sequência, mapeadas as tendências, os candidatos começam a trabalhar suas estratégias de comunicação política para se conectar com grupos como mulheres evangélicas, homens jovens trabalhadores, pessoas que têm recebido o Auxílio-Brasil , e a região Nordeste – e seus pouco mais de 40 milhões de eleitores, ou 25% do colégio eleitoral no Brasil.

Assim, em uma eleição em que o cenário socioeconômico e a pauta moral devem ser os tópicos mais importantes, as campanhas que lideram as intenções de voto buscam avançar nesses nichos, não apenas no contexto da polarização e da disputa eleitoral, mas procurando captar e oferecer soluções concretas para tais grupos.

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