RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Eleições presidenciais 2022 podem terminar no primeiro turno?

Rodolfo Marques

Pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais, divulgadas na última semana de maio, realizadas pelos Institutos Datafolha e Ipespe, mostram uma acentuação da polarização nas candidaturas do ex-presidente Lula (PT) e do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição.

Para além disso, os dados revelam um incremento de chances de vitória do pré-candidato petista ainda no primeiro turno. Por óbvio, é preciso trabalhar com algumas hipóteses que consolidaram esse favoritismo de Lula e considerar que há pouco mais de 4 meses para a realização do pleito – e toda uma intensa campanha eleitoral a ocorrer nesse período. O Datafolha mostrou 48% de intenções de voto para o ex-presidente, com 27% de Bolsonaro, no primeiro turno, enquanto que o Ipespe identificou 11 pontos percentuais de vantagem a Lula (45% a 34%).

Algumas hipóteses podem ser apresentadas para a consolidação e/ou ampliação das intenções de voto em Lula – e estão relacionadas aos seguintes fatores:

a) uma melhor calibração da estratégia de comunicação da campanha do petista;
b) um diálogo melhor com o eleitorado conservador de São Paulo, com a parceria de Geraldo Alckmin (PSB) como candidato a vice na chapa com o ex-presidente;
c) a crise econômica brasileira, fomentada por ações equivocadas do governo federal e que tende a aumentar a já muito alta rejeição a Jair Bolsonaro e;
d) o provável fracasso da autointitulada terceira via.

Lula vem fortalecendo sua comunicação nas plataformas digitais e evitando maiores radicalizações, em direção oposta ao que vem fazendo o candidato à reeleição. Alguns dados das pesquisas do final de maio evidenciam um avanço de Lula junto ao público evangélico e, geograficamente, na região Sul do Brasil. A presença de Geraldo Alckmin pode ser um fator relevante nesse contexto.

Ao mesmo tempo, a condução equivocada de Paulo Guedes na economia brasileira vem trazendo à tona problemas como a inflação, o crescimento do desemprego e o espraiar da fome no país, amplificados, sem dúvida, também, pela pandemia e pela maneira com a qual o Brasil lidou com a crise. No campo da “terceira via”, o ex-governador de São Paulo, João Dória Júnior, renunciou ao direito de concorrer à presidência pelo PSDB, após se sentir “abandonado” pelo seu partido; Simone Tebet busca apoios via MDB; e Ciro Gomes (PDT) continua “patinando” nas pesquisas, como momentos controversos como o “debate” com o humorista Gregório Duvivier.

Assim, com boa parte dos eleitores brasileiros já decididos em suas escolhas eleitorais, as campanhas abordarão várias questões para buscar os votos dos indecisos e indicar se a eleição seguirá para o segundo turno, entre Lula e Bolsonaro, com maior ou menor grau de acirramento.

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