RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Eleições 2022: escolhas e protagonismos

Rodolfo Marques

No dia 30 de outubro, mais de 156 milhões de eleitores estarão aptos a votar no segundo turno das eleições presidenciais. Haverá também a escolha de governadores(as) em doze estados (Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe). Nas outras quinze unidades federativas, os(as) chefes dos executivos respectivos já foram escolhidos(as) em primeiro turno. 

A reta final do pleito presidencial tem sido marcada por vários episódios que acabam pautando as campanhas – e amplificados pelas plataformas digitais, quais sejam: a) a declaração do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), sobre as meninas venezuelanas; b) a prisão do ex-deputado federal e aliado bolsonarista, Roberto Jefferson (PTB), após atirar em policiais federais e desferir vários xingamentos à ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF) e; c) o vazamento dos planos do Ministério da Economia em não reajustar o salário mínimo e na redução dos direitos às deduções na declaração de Imposto de Renda, dentre outros. 

No geral, esses fatos acabaram contribuindo para “estancar” uma possível recuperação de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto dos principais institutos (Datafolha, IPEC, Quaest, DataPoder, Ipespe, etc.) – após um grande esforço de sua campanha em tentar “virar votos” que, em sua maioria, permanecem com o ex-presidente Lula (PT)

A candidatura petista se fortaleceu, ao mesmo tempo, a partir de dois aspectos conjunturais relevantes. 

O primeiro deles foi a própria votação em primeiro turno, que deixou Lula menos de dois pontos percentuais abaixo dos 50% de votos válidos que seriam necessários para finalizar o pleito em 02 de outubro. Além disso, ele abriu uma diferença, mesmo que não muito grande (pouco mais de seis milhões de votos) sobre Jair Bolsonaro. Em um pleito polarizado e com votos muito cristalizados – e pouca flutuação das intenções –, tal vantagem manteve Lula em um ambiente sempre mais confortável, como que “administrando o placar”, caso se tratasse de uma partida de futebol.

O outro fator de consolidação da campanha de Lula foi o de ampliar as alianças para vários partidos e lideranças políticas. A presença da terceira colocada no primeiro turno, a senadora Simone Tebet (MBD-MS), nos palanques eleitorais ampliaram o diálogo de Lula com as mulheres e com outros grupos de interesse. A adesão de nomes da ex-senadora e deputada federal eleita, Marina Silva (Rede-SP), e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) também traz para o petista o simbolismo de uma frente ampla contra o candidato situacionista.

Pelo lado da campanha do presidente Bolsonaro, várias estratégias têm sido usadas, como a força das mídias e das redes sociais e o reforço permanente da pauta de costumes, segmento em que o candidato à reeleição costuma ter vantagem nos debates públicos e nas aparições em mídia, de uma maneira geral. O apoio dos governadores dos três maiores colégios eleitorais do Brasil (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) também foi um dado importante para a campanha bolsonarista. 

No caso dos pleitos estaduais que ainda segue, embora haja a discussão nacional em alguns casos, a tendência é que os panoramas locais e as peculiaridades de cada população definam os movimentos mais efetivos do eleitorado. 

Assim, com uma decisão extremamente importante a ser tomada neste domingo, o cidadão-eleitor retoma o seu protagonismo e direciona seus esforços para manifestar suas preferências sobre seus próprios projetos e visões da nação brasileira. 

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