A capital sul-africana, Joanesburgo, recebeu, entre os dias 22 e 24 de agosto, a décima-quinta edição da Cúpula dos BRICS, grupo de acordos multilaterais formado, atualmente, por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Entre os vários assuntos discutidos, a pauta principal foi a ampliação do bloco. Cerca de 40 países de vários continentes já manifestaram interesse de se juntar ao grupo. Durante a Cúpula, foi aprovado o ingresso de seis novos participantes no BRICS, a partir de janeiro de 2024: Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.
A expansão do número de membros do BRICS foi um tema recorrente defendido pelo presidente brasileiro, Luís Inácio Lula da Silva (PT-SP). A defesa de Lula se deu principalmente em relação ao vizinho e um dos principais parceiros comerciais do país – a Argentina, que vive uma grave crise econômica e que terá eleições presidenciais em 22 de outubro. Dois dos favoritos ao pleito platino, aliás – o ultradireitista Javier Milei e a candidata da coalizão “Juntos por el cambio”, Patricia Bullrich – declararam que não têm interesse na participação do país no BRICS.
A cúpula do BRICS teve a participação dos presidentes Lula, do Brasil; Cyril Ramaphosa, da África do Sul; e Xi Jinping, da China (China); além do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participou de forma remota. A Rússia permanece em guerra com a Ucrânia desde fevereiro de 2022, e o assunto surgiu no encontro, mesmo que de forma transversal.
Lula enfatizou, em sua fala, a importância geopolítica do bloco, no contexto das economias emergentes, além de apresentar o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que deve movimentar mais de 340 bilhões de dólares, como um vetor de oportunidades para os países integrantes do BRICS.
Assim, é indiscutível a necessidade de eventos com a Cúpula do BRICS para a discussão de parcerias econômicas entre países que têm interesses comuns, deixando vieses ideológicos em segundo plano. Nesse sentido, para o Brasil, acaba sendo um importante avanço diplomático, no esforço empreendido pelo governo Lula na retomada do protagonismo do país no âmbito regional e na recolocação do Brasil nas principais arenas internacionais, após o quadriênio desperdiçado entre 2019 e 2022.