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Após derrota em 2020, Trump retorna à presidência nos EUA: como fica o Brasil neste novo contexto?

Rodlfo Marques

A eleição do empresário republicano Donald Trump, para a presidência dos Estados Unidos, em 5 de novembro de 2024, traz uma série de implicações para o Brasil, especialmente nas áreas de economia, política externa e relações comerciais. Com a volta de Trump à Casa Branca, a partir de janeiro de 2025, o Brasil se verá diante de novos desafios, mas também de oportunidades, em sua estratégia de integração internacional.

Embora a gestão anterior de Trump (2017-2021) tenha sido marcada por uma política de isolamento, protecionismo e tensões com aliados tradicionais, seu novo mandato pode alterar significativamente o panorama global, com reflexos diretos para o Brasil.

No campo econômico, a volta de Trump à presidência tende a reforçar o nacionalismo econômico nos Estados Unidos, o que provavelmente resultará em novas barreiras tarifárias, políticas protecionistas e uma competição mais acirrada pelos investimentos estrangeiros. A economia brasileira poderá ser afetada por flutuações nos preços das commodities, além das políticas protecionistas adotadas por Trump para tentar revitalizar a indústria americana após o governo Biden. As relações do novo governo dos EUA com a China também terão impacto no cenário brasileiro, dada a rivalidade crescente entre as duas maiores economias do mundo.

Na política externa, a vitória de Trump pode reorientar as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. É possível que o Brasil enfrente uma pressão maior de Washington em questões como meio ambiente, direitos humanos e políticas internacionais, incluindo a preservação da Amazônia. Nesse contexto, a atuação da diplomacia brasileira será crucial para equilibrar as relações com o novo governo americano.

Ademais, a vitória de Trump pode exacerbar a polarização política interna no Brasil. Setores que foram críticos da aproximação do governo Bolsonaro (2019-2022) com os EUA durante o mandato de Trump podem reagir de forma mais contundente, especialmente se as políticas externas do novo governo americano entrarem em conflito com os interesses nacionais. Por outro lado, grupos ligados a Bolsonaro podem buscar reforçar a polarização interna, mirando nas eleições gerais de 2026.

Outro fator relevante é o impacto da eleição de Trump no BRICS – bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) à frente de seu banco de desenvolvimento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) tem se dedicado a fortalecer o bloco, e, com o retorno de Trump ao poder, marcado por uma postura cada vez mais isolacionista e pela política de America First, a estratégia de Lula será ampliar a cooperação econômica e diplomática dentro do BRICS. A intenção é diversificar as economias emergentes e garantir maior protagonismo global para as nações do bloco, em contraste com a ênfase de Trump na priorização dos interesses nacionais dos EUA.

A tendência é que o governo Lula, que tem priorizado a institucionalidade e o equilíbrio nas relações bilaterais, busque se adaptar às novas configurações da política externa americana. O Brasil tentará aproveitar as oportunidades comerciais que surgirem, ao mesmo tempo em que navega pelas tensões geopolíticas e econômicas que poderão surgir com a retomada do protecionismo e do nacionalismo nos Estados Unidos.

Rodolfo Marques