Existe um adágio popular que diz o seguinte: um certo tipo de inseto nunca ataca a luz apagada, mas ataca a luz acesa, porque o seu brilho o incomoda. Outro provérbio popular diz que a luminosidade é uma referência ou espécie de guia direcional aos seus voos, embora para alguns mamíferos noturnos, a luminosidade seja a sua principal inimiga.
Entre nós, os humanos, a vida pode seguir mais ou menos esse padrão: pessoas que se tornam líderes naturais e expandem luminosidade por onde passam, sem atropelar outros que possuam igual ou maior valor. Ou pessoas – aquelas manipuladoras das situações ou de pessoas – que se incomodam com a luminosidade daquele que consegue gaudios por méritos próprios.
Mas pode-se identificar, entre os humanos, o seguinte: a vida adota quase o mesmo padrão daqueles insetos que atacam o brilho da luz ou por ela se orientam, se, e quando, a vida é colocada no plano da competitividade.
Pessoas honestas são tidas como referências virtuosas para outras que têm o mesmo valor ético, assim como pessoas vencedoras são exemplos diretos ou indiretos para inúmeras histórias anônimas – histórias que têm na disciplina, na dedicação e na persistência os alicerces para seus honestos objetivos.
Os insetos que atacam a luz acesa – porque aquele brilho lhes ofusca – são instintivamente organizados: em grupo, invadem o espaço em torno da lâmpada, como se pretendesse apagá-la.
Entre pessoas humanas, aquela que tem luz própria, às vezes, é tida como potencial competidora ou inimiga da outra. Por sua vez, aquele que acha que é o centro das coisas, mas se sente ofuscado pela luminosidade de outrem, tomado pela inveja vai reagir.
O inseto que aproveita a luminosidade para guiar seus voos pode ser – por equiparação – aquela pessoa que não sente inveja do brilho dos outros, mas, naquele brilho, busca inspiração para os seus objetivos de vida.
Para a moral humana, os dois provérbios populares podem nos oferecer as seguintes mensagens encorajadoras:
Uma, assim como o inseto que ataca a luz acesa poderá morrer queimado pelo calor incessante, de igual modo, o invejoso e manipulador dos fatos – ainda que tente ofuscar o brilho honesto, tentando sujar a imagem e honra – no fundo ele sabe que estará cometendo uma grande injustiça..
O invejoso e manipulador é aquele que não é manso e nem humilde de coração, pelo menos enquanto permanecer nesta condição.
E no universo da espiritualidade, o ato maldoso contra alguém fica numa espécie de gaveta temporal da história de vida: um dia o maldoso provavelmente provará de seu próprio veneno, assim como o ato de bondade também é constantemente recompensado. De alguma forma, a lei universal do retorno entra em nossas vidas.
A outra mensagem: qualquer que seja o ataque dos insetos ao brilho da luz, ela não se paga porque sua fonte energética é superior, da mesma forma, no plano humano: o ato humano que objetiva ofuscar o valor do trabalho honesto, não irá conseguir, porque serão bem-aventurados aqueles que são caluniados e injustiçados, pois recebem a recompensa, não como compensação pelo sofrimento ou injustiça, mas como reconhecimento das virtudes colocadas em prática.
Essa é a promessa do maior filósofo, do maior profeta, do maior ser humano de todos os tempos: Jesus Cristo, o Deus-filho, o solidário de todas as horas e para todos os que são humildes e mansos de coração.
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MORAIS, OJC.
PhD em Democracia e Direitos Humanos (IGC/CDH, instituto associado à Universidade de Coimbra e à FDUC através de protocolos de cooperação institucional.).Doutor em Direito (com ênfase ao princípio da proteção social) pela puc/sp; Mestre em Direito pela UFPA, e Acadêmico Perpétuo da APL, da APLJ, da APJ e da ABDSS. Escritor brasileiro.