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Ambientes desafiadores

Linomar Bahia*

A beleza das pirotecnias e os sons das cantorias na virada de ano não se mostraram suficientes para obscurecer o presente nem vislumbrar o futuro. Enquanto endinheirados estiveram mais ocupados em encontrar porto seguro para refugiar seus ricos dinheirinhos, os “sem eiras, nem beiras” já sofriam os custos maiores nas gôndolas dos supermercados. Houvesse como penetrar em pensamentos e exercitar futurologia,  despontaria como campeã a pergunta sobre “Como será o amanhã?” diante dos tantos ambientes desafiadores que turvam o horizonte.

A advertência consta do próprio documento oficial do defensor da moeda e projeção de situações econômicas e financeiras que o Banco Central incorpora e está exposta na edição do boletim “Focus” publicado no momento seguinte à última reunião do ano de 2024 do COPOM – o Comité de Política Monetária. Onde está dito que “... o ambiente externo permanece desafiador”, profissionais do invisível mas onipresente “mercado” convertem as observações em interpretações sobre as  repercussões desses desafios nas economias mundiais, com destaque para o Brasil.

Quando se fala nas influências que movimentações externas poderão exercer no mundo, em que se inclui o nosso país, entram em análises os principais importadores dos produtos brasileiros, responsáveis pelo (des)equilíbrio da balança comercial. Sobressaem a cotação do dólar e as consequências da valorização em relação a outras moedas, a exemplo do real brasileiro, desvalorizado em mais de 25% somente no último ano de 2024, colocando em sobressalto os negócios e a tranquilidade interna diante dos solavancos provocados pelos juros e inflação em alta.

Em meio aos tantos fatores externos, a que se soma a crise de confiança nas ações e decisões governamentais, sobressaem no caso os interesses eleitorais sobre o pleito geral de 2026. Ensinam os especialistas que economia e política são irmãs siamesas, relação mais acentuada desde que em 1992, o estrategista da campanha presidencial de Bill Clinton, James Carville, bradou a fase “É a economia, seu estúpido”. Com ela embalou a vitória de Clinton contra George H.W.Bush, prometendo uma economia revigorada, como acaba de fazer Donald Trump na volta à Casa Branca.

Ente os fatos e os atos que contribuem para que países e sociedades possam estar à beira de crises econômicas e, por consequência, também sociais, há os decorrentes do imponderável, por isso independente de vontades ou ações, havendo aqueles resultantes de inércias e desmandos. Cabe principalmente ao eleitor utilizar o voto como a arma poderosa para tentar superar as dificuldades, com a nova oportunidade para reavaliar conceitos e vingar traições pelo não cumprimento de promessas. Afinal, errar é humano mas, pior é repetir no erro que deu no que está dando dar.

*Linomar Bahia é jornalista, escritor e membro das Academia Paraense de Letras, Academia Paraense de Jornalismo e Academia Paraense Literária Interiorana.

Linomar Bahia