Faltam pouco menos de três semanas para os Estados Unidos decidirem quem vai ocupar a vaga de Joe Biden na Casa Branca. A longa eleição chega nos seus dias finais com uma tendência inesperada: Trump está em franco crescimento nas pesquisas.
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Desde julho, quando Biden se afastou da corrida e o partido anunciou Kamala Harris, a candidata entrou numa fase de lua de mel com eleitores, crescendo em todos os estados e dando sobrevida a uma candidatura que parecia morta sob a liderança do atual presidente.
O tempo, entretanto, foi se encarregando de equilibrar a corrida. Há algumas semanas que as pesquisas apontavam um empate técnico sem muitas mudanças consideráveis, e sem um fator político novo, não haveriam motivos para que esse sentimento de banho-maria mudasse.
Mas a lua de mel com Kamala não só acabou como também trouxe de volta às velhas desconfianças do eleitorado com ela. O americano não a aprovava como vice-presidente e sente que não sabe exatamente quem ela é e o que ela pensa para o país. Há quase quatro anos no cargo, é como se fosse alheia a tudo, pouco se ouviu dela e isso não mudou nos seus quase três meses de candidatura.
Kamala deu poucas entrevistas e não conseguiu despertar o mesmo sentimento de esperança que Obama causou no povo. Quando é questionada sobre temas sensíveis, como a economia do país e a crise na fronteira, a democrata dá voltas e não responde o que vai fazer se for eleita. Kamala está muito mais para Hillary Clinton do que Obama.
Uma das tradições da eleição norte-americana, é a presença dos candidatos no Al Smith Dinner, um jantar oferecido pelo Arcebispo de Nova York para arrecadar fundos para instituições de caridade. Há décadas, os candidatos usam o microfone no jantar para fazer piadas do adversário e da classe política de forma descontraída.
Neste ano, Kamala Harris não compareceu e quebrou a tradição após quatro décadas. Trump aproveitou a oportunidade para dizer, reiteradas vezes, que a democrata não consegue falar sem o teleprompter.
Agora, a poucos dias do pleito, o republicano aparece timidamente à frente em todos os sete swing states que vão decidir a eleição, com a possibilidade de eleger maioria na câmara e no senado. O crescimento ainda está dentro do empate técnico, mas aponta um favoritismo ao Trump próximo à linha de chegada.
Os democratas apostam que o discurso anti-Trump, usado em 2020 para eleger Joe Biden, vai servir em 2024 outra vez. E realmente pode dar certo, não há um grande favorito para vencer no dia 5 de novembro, mas Kamala também faz parte de um dos piores governos da história do país.
Trump todo mundo já sabe quem é, não há nada de novidade ali. O eleitorado já sabe exatamente o que esperar dele. Era de Kamala que as pessoas esperavam um sentimento de renovação política, e até agora, ela ainda parece ser a vice de Joe Biden. Está aceso o alerta no partido Democrata.
Gustavo Freitas é articulista do jornal O Liberal