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A queda no apoio entre jovens é um mau presságio para Israel

Gabriel Borne

Após a mais recente escalada no conflito entre Israel e Palestina, diante das cenas de violência extrema e das diversas manifestações de apoio e repúdio no mundo, chamou a atenção o tamanho das manifestações favoráveis à causa Palestina em várias cidades europeias, norte-americanas e em universidades. Por um lado, enquanto grande parte do Ocidente segue apoiando Israel, mesmo que com ressalvas, as manifestações apontam o fortalecimento de uma tendência de queda no apoio dos jovens a Israel, o que deveria acender um alerta vermelho no governo israelense no que diz respeito à intensidade do apoio dos governos ocidentais às suas iniciativas no futuro. Mas como explicar essa crescente tendência?

A principal razão para essa queda tem sido o sucesso que grupos pró-Palestina têm tido em espalhar a sua mensagem nas redes sociais, especialmente naquelas mais utilizadas pelos jovens. Segundo dados da Gallup, umas das principais empresas de pesquisas de opinião do mundo, as publicações Pró-Palestina sobre o conflito atual chegam a 66% no X (antigo Twitter) e 60% no Instagram. Já no TikTok, a rede social com maior alcance entre jovens, publicações Pró-Palestina já receberam 285 milhões de visualizações, enquanto as publicações Pró-Israel receberam apenas 64 milhões, quase cinco vezes menos.

Por meio desses canais, grupos pró-Palestina conseguem amplificar opiniões, notícias e imagens do atual conflito, chegando aos jovens de uma maneira que a mídia tradicional não pode, tanto pela forma rápida, por vezes ao vivo; quanto pelo conteúdo, muito mais tocante e gráfico do que costumamos ver na imprensa tradicional.

Além disso, o conflito entre Israel e Palestina vem, nas últimas décadas, tomando a forma da divisão entre esquerda e direita, o que pode ser visto até mesmo entre os partidos políticos brasileiros. Por isso, como os jovens em geral tendem a estar mais inclinados à esquerda, o apoio à causa Palestina vem antes de considerações mais complexas, como o fato de Israel ser a única democracia no Oriente Médio e o único país da região que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo, pautas historicamente ligadas aos setores progressistas da sociedade.

Mantendo-se a tendência atual, é natural imaginar que os posicionamentos dos países vão responder aos posicionamentos das suas populações, passando a não mais apoiar Israel de forma intensa em suas iniciativas, como já se percebe nos dúbios discursos de vários líderes europeus, como do Presidente da França, ou até mesmo em algumas tímidas posições de países europeus alinhados à causa Palestina, como a Irlanda.

O enfraquecimento do apoio popular a Israel no Ocidente, somado à crescente população muçulmana na Europa e na América do Norte, deveria fazer os líderes israelenses considerarem até que ponto as suas respostas terão sustentação da comunidade internacional, e se não é do interesse de Israel corrigir a sua política atual e as suas relações com a Palestina, optando por uma solução de maior consenso ao conflito.

Gabriel Borne