CARLOS FERREIRA

Jornalista, radialista e sociólogo. Começou a carreira em Castanhal (PA), em 1981, e fluiu para Belém no rádio, impresso e televisão, sempre na área esportiva. É autor do livro "Pisando na Bola", obra de irreverências casuais do jornalismo. Ganhador do prêmio Bola de Ouro (2004) pelo destaque no jornalismo esportivo brasileiro. | ferreiraliberal@yahoo.com.br

Um atoleiro que desafia os nossos clubes

Carlos Ferreira

Depois de derrota, não pode haver folga. Jogador que não está rendendo tem que ser mandado embora. O time não está agradando, troca o técnico. Se o time está em alta, não pode ser criticado. Se está em baixa, nada pode ser elogiado. Isso tudo é postura passional, ultrapassada, que só atrapalha nos processos do futebol, mas ainda muito presente na nossa região, inclusive na imprensa. Mentalidade muito atrasada!

Os avanços científicos, tecnológicos e conceituais do futebol não permitem mais decisões ditadas por achismo e sentimentalismo. Mas os nossos clubes ainda sofrem larga influência externada, principalmente Remo e Paysandu, no calor da rivalidade. O Papão até que vem ensaiando libertação na gestão do CEO André Barbosa, a ponto de estar elaborando a SAF do clube, seguindo o modelo do Fortaleza.

Um anda e o outro patina

Três técnicos com trabalhos longevos (mais de um ano) no Paysandu, nos últimos dez anos: Dado Cavalcanti, Márcio Fernandes e Hélio dos Anjos duas vezes. No mesmo período, o que durou mais no Remo foi Paulo Bonamigo, de setembro de 2020 a junho de 2021, na segunda passagem pelo clube. A média do Remo é de três técnicos por ano, além do entra-e-sai de jogadores, comum também do Papão.

O Paysandu parece mais empenhado em definir e cumprir um projeto. O Remo ainda está na linha dos remendos, tomado por velhos vícios de “gestão” que o fazem patinar.

BAIXINHAS

* A ideia de SAF no Paysandu, no modelo do Fortaleza, é instituir a empresa de futebol com o clube detendo 100% das ações. Depois, venda gradativa no mercado. Uma grande vantagem é a agilidade da empresa, com menos burocracia.

* No Remo, os últimos anos foram marcados por avanços no saneamento financeiro, na eliminação de dívidas e otimização de receitas, e também na infraestrutura, especialmente com o CT. Falta redirecionar a gestão do futebol.

* A grande cartada da atual gestão foi a contratação de Sérgio Papellin para funcionar como CEO no futebol. De fato, os poderes foram atribuídos, mas a resposta não está correspondendo. O avanço buscado não ocorreu.

* O Paysandu mantém as decisões em equipe e, mesmo em permanente estresse, está funcionando razoavelmente. Hélio dos Anjos, no pulso forte, está em trajetória vitoriosa há um ano.

* Nada no futebol brasileiro é comparável à construção de Abel Ferreira no Palmeiras. O time é uma engrenagem em sucessivos avanços táticos e conduta sempre muito competitiva. Agora, por exemplo, o técnico português aplica um serviço bem treinado de marcação sem sobras, no um para um. 

* Olimpíadas provocam adequações nas programações de TV e impõem horários alternativos para o futebol. É o caso do jogo Paysandu x Novorizontino, nesta segunda-feira, às 18h30, na Curuzu. No Novorizontino estão o atacante Neto Pessoa e o técnico Eduardo Batista, campeões da Copa Verde pelo Remo. 

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